6.10.09

Os reféns da ganância

A greve dos bancários já se arrasta por 13 dias e vem causando sérios transtornos a muita gente boa. Qualquer um que trabalha, nos dias de hoje, recebe seus salários em algum banco. Os aposentados, idem. Comércio, indústria, entretenimento, eventos, sejaqual for a atividade exercida, todos são reféns de bancos.
Pagamos caro por isso. As taxas e serviços tornam a atividade bancária a coisa mais lucrativa do planeta. Qualquer banqueiro moderno é um Midas por excelência. Banqueiro, é bom que se repita, pois os bancários não tem a mesma felicidade.
O salário médio de um funcionário de banco gira entre 800 e mil reais, creio. Talvez mais um pouco. E mesmo sendo a atividade bancária a coisa mais rendosa do planeta, os bancos, que comem nosso dinheiro independente da nossa vontade se recusam a negociar 10% de aumento para seus empregados. Chega a ser ridículo. A imensa maioria da população urbana, e boa parte da rural, refém da ganância de meia dúzia de milionários.
Os bancos de um modo geral pairam acima de qualquer possível adversidade. Se houver chuva demais no campo, as lavouras vão para o brejo, mas os bancos lucram com os juros cobrados dos produtores pelo atraso no pagamento das dívidas. Se houver apagão nas cidades a indústria sucumbe, mas os bancos ganham. Qualquer que seja a dificuldade, os bancos sempre lucram.
Uma das facetas mais interessantes entre os banqueiros, inclusive, é o financiamento das campanhas políticas daqueles que lhe garantam cada vez mais lucros. São, portanto, imunes a qualquer crise.
É bom lembrar que a produção sofreu horrores na última crise financeira mundial, da qual o Brasil foi o primeiro País a sair, mas os executivos de banco ganharam até bônus com o dinheiro público usado para socorrê-los na crise. Ou seja: os bancos não perdem nunca.
Sob qualquer ponto de vista o comportamento dos banqueiros deveria ser considerado insano, pois os 10% de reajuste que os empregados reinvindicam nem se compara a lucratividade extorsiva dos banqueiros. Ao invés de negociar, no entanto, e pelo menos tratar civilizadamente aqueles que operam sua cornucópia estratosfériaca, os bancos preferem impôr a população o suplício de uma greve.
Na prática todo esse transtorno se dá porque alguns péssimos patrões se recusam a negociar míseros 100 reais, em média, de reajuste salarial para seus empregados.
Eles são os péssimos patrões, mas a culpa parece ser da sociedade que além de pagar taxas altíssimas por serviços auto executados, ainda tem que sofrer privações extras só porque os bancos não querem pagar salários decentes aos seus poucos empregados que sobreviveram a automatização.
A ganância dessa gente desconhece limites.

3 comentários:

Valdo Couto disse...

Valeu companheiro Vicente. Voce conhece como poucos o que é essa nossa luta, sabe das dificuldades que enfrentamos na defesa de nossos direitos como se fossemos criminosos e inimigos publicos numero um da população, é isso que os gananciosos, como voce bem o disse, tentam passar para a população. Mas, não há de ser nada, pelo simples fato de sermos trabalhadores, já conhecemos muito bem as mazelas dos nossos algozes na tentativa de nos calar. Vamos em frente, até que nos respeitem. Muito obrigado pelo apoio, o Sindicato dos Bancários se sente muito honrado com essa colaboração, grande e fraterno abraço.

Beatriz Oliveira disse...

E o povo rrasado se arrasa cada vez mais.

Guilherme Zani disse...

Boaaa.