29.10.12

Confesso que perdi...


O resultado geral das eleições municipais, consolidado neste 2° turno, foi, para mim, digamos assim, tenebroso. Nem falo do ponto de vista partidário, já que o meu antigo PDT anda em crise existencial agudíssima. Falo mais como cidadão. E pior, um cidadão que ainda se dá ao luxo de conservar certo romantismo tolo mesmo depois dos 40... e tantos.
São Paulo elegeu um poste, uma ameba que anda e fala, o que deveria ser uma coisa constrangedora para qualquer cidadão. Mas a maioria dos paulistas sempre votou muito mal. De Maluf à Haddad, Sampa sempre foi assim. É verdade que Serra é o adversário que todo candidato pede a Deus, mas, mesmo assim, continua sendo coisa de maluco. É como se 55% dos paulistanos saíssem as rua gritando: Viva o mensalão! Viva o mensalão! Mas deixa pra lá. Paulista é assim mesmo.
Aqui no Rio a coisa já começou mal na capital, onde o povo votou claramente a favor da milícia e da lógica do “Rouba, mas faz”. É como se o Rio se paulistizasse e adotasse os padrões ademaristas da São Paulo dos anos 60. O Dono do TRE-RJ, seu Zveiter, ajudou bastante, é verdade. Mas aí é outro papo.
São Gonçalo é a única vitória que eu realmente contabilizo. Não moro em São Gonça e nem conheço o Mulim, mas, inapelavelmente, o segundo colégio eleitoral do Rio de Janeiro deu um “NÃO ROTUNDO” ao Governador, o que não é pouca coisa. Garotinho saiu mais fortalecido ainda para 2014 e apesar das bobagens e mentiras que Globo, dirceuzistas e cabralistas falam sobre o ex-governador, ele é o real contraponto a essa política negocista estabelecida no Estado do Rio de janeiro.
Em Petrópolis eu gostei da eleição do Bomtempo. É o PSB legítimo, de Eduardo Campos, que se descola de PT e PMDB para criar alternativas em 2014. Espero que dê certo.
Na Baixada a tragédia até que não foi tão grande. Apesar de terem elegido uma besta quadrada em Nova Iguaçu e outras tantas em municípios menores, o PMDB perdeu em vários cantos, então houve sobreviventes.
Em Duque de Caxias, minha santa e bela (menos, menos) cidade, a coisa foi mezzo calabreza, mezzo mussarela.
A vitória de Alexandre Cardoso fortalece Lindberg Farias, uma das maiores fraudes políticas da história recente do País, o ex- cara pintada que agora divide o poder com Collor e Sarney numa boa. Mas a culpa é menos do Alexandre que do próprio Lindberg, que colou na campanha, como um encosto, por puro oportunismo político (na pior acepção da palavra). Muito provavelmente Alexandre ganharia a eleição mesmo sem ele, mas se Lindinho apoiasse Washington Reis, Alexandre ganharia muito mais fácil.
É bom lembrar que Lindinho já passou por PCdoB e PSTU, está no PT e ameaça agora cravar seu punhal nas costas do PSB para ser candidato à Governador, pois seus asseclas petistas preferem continuar agarrados as boquinhas oferecidas por Cabral do que bancar sua candidatura. Na verdade Lindinho nem poderá ser candidato, pois é ficha suja. Foi condenado em segunda instância por mutretas portentosas praticadas quando brincava de ser Prefeito, em Nova Iguaçu.
Só me sinto derrotado em Caxias pelo fato de Alexandre Cardoso pregar a privatização da água, que é muito ruim para todos nós, principalmente para a população mais pobre que vai virar escrava da ODEBRECHT.
Mas nesse Brasil petista, onde o dinheiro sai direto do poder público para o bolso dos poderosos da iniciativa privada; nesse País idolatrado por Eike Batista e seus “parceiros”; nesse País dirigido pela governanta que virou mãe do PAC, é assim mesmo que as coisas funcionam.
O jeito é esperar as próximas eleições. Se eu saí vivo dessa, posso dar mais sorte e sair satisfeito da de 2014, né?

Vicente Portella