25.4.08

Pedacinhos....

Gabeira - Como era de se esperar, um amigo jornalista me desceu a lenha nos comentários por conta da brincadeira com o Gabeira. Quero deixar bem claro no entanto que nada tenho contra o Deputado/guerrilheiro ipanemenho. Mas não tem jeito...não tinha como perder a piada.

Balões - Fiquei sabendo que há um movimento fantástico no Rio de janeiro. Servidores públicos, inclusive PM e Policiais civis, estão se unificando com os moradores das favelas. O objetivo é fazer uma vaquinha que torne possível a compra de 10 mil balões de gás para amarrar em Sérgio Cabral. Se o padre sumiu com mil balões, espera-se que com 10 mil o Governador vá parar na estratosfera.

Seu Joge - O cantor deu um belo esporro no Rio de Janeiro - e em seus governantes, é claro. Quem leu a matéria hoje no jornal O Dia deve ter ficado feliz. Pelo menos os da minha geração, acostumados que foram com artistas pensadores e reflexivos. Ao defender a qualidade das ações culturais paulistas em contraposição ao oba-oba carioca, Seu Jorge resgatou uma lógica de nelson Rodrigues. Parafraseando o mestre: O Rio de janeiro não tem cidadania, tem paisagem... Salve Jorge.

FHC - O ex-presidente do Brasil, quem diria, foi escolhido como um dos 100 intelectuais mais importantes do planeta. Pena que esse mimo não tenha vindo antes de 94. Poderiamos ter trocado um presidente sofrível por um intelectual brilhante.

Campos - Alexandre Moncaiber, responsável por um desvio - comprovado - de aproximadamente 250 milhões na Prefeitura de Campos, interior do Rio de Janeiro, voltou a ser Prefeito graças a uma liminar do STJ. Isso prova definitivamente que a justiça é realmente cega.

Onda na baía - Depois do terremoto, temos agora um quase maremoto. Honra seja feita: nem no tempo do Marcello Alencar, que bebia paca, o Rio de Janeiro sofria tanto de ressaca.

24.4.08

Rumo ao primeiro mundo...Ou....Porque me ufano do meu País

Já faz algum tempo, ouço dizer que o Brasil caminha acelerado rumo ao primeiro mundo. Agora é definitivamente incontestável: já temos terremoto. Só falta guerra - declarada oficialmente - e maremoto.
Isso me lembra aquela história do Juca Chaves na década de 70. Diante das dificuldades do País, o governo militar criou um slogam publicitário: O Brasil esta a beira do abismo. Mais tarde, para convencer a população dos avanços governamentais criaram outro slogam: O Brasil deu um passo a frente. Pois é. Estava na beira do abismo e deu um passo a frente. Logo depois veio outro slogam ufanista: Ninguém segura esse País. Dito e feito, a vaca foi para o brejo.
Atualmente, no entanto, o quadro é animador. Nossa violência urbana, que tanto colabora para o sucesso de nossa mídia, já esta bem próxima daquela que vivia New York em passado recente. O que já nos permite fabricar um super herói bem ao estilo de Rodolfo Giuliani. Nosso consumo de drogas esta gloriosamente avançando, bem próximo aos índices das principais metrópoles do planeta. E isso nos torna de fato um País "muderno". Há no entanto uma meia dúzia de ingratos que acha pouco e promove passeatas em prol de mais maconha. Tem gente que nunca está satisfeita, não é mesmo?
Não podemos, inclusive, esquecer a questão do aborto. Já há quem defenda publicamente tal prática, outro fator que demonstra nossa escalada à "mudernidade".
Se somarmos todos estes dados e considerarmos o fato de já termos terremoto, teremos uma leitura clara quanto a disparada do Brasil rumo aos píncaros da glória.
Se fizermos nosso dever de casa direitinho, desmatando, concentrando renda, atendendo aos interesses das grandes corporações mundiais, aniquilando pobres, negros e índios...coisas simples assim, tá arriscado até ganharmos uma poltrona bonita no conselho de segurança da ONU.
Ainda falta a tsunami, é verdade. Como se sabe, nenhum País do terceiro mundo é matéria de capa no New York Times sem ser devastado por uma boa tsunami, mas ainda chegaremos lá... Nossa gloriosa Petrobrás vem trabalhando com afinco para que nosso subsolo oceânico adquira buracos imensos. Depois disso é só esperar um pouquinho. A natureza faz o resto.
Tenho a certeza que por uma questão de hábito, o Governo vai acabar beneficiando São Paulo com a Tsunami, como faz com os royaltes do petróleo, em detrimento do Rio de Janeiro.
Quero desde já declarar aqui meu apoio a tal concepção governamental. E digo de público. São Paulo merece muito mais uma tsunami do que a gente aqui no Rio. Sampa é muito mais "muderna", não há nem como discutir isso.
Enfim, estamos entrando de uma vez por todas em uma nova era. E viva o Brasil muderno...
Viva eu! Viva tu! Viva o rabo do tatu!

8.4.08

Adeus, esquerda festiva...

Quando eu era moleque, 14/ 15 anos mais ou menos, corria para as bancas todas as semanas para comprar o Pasquim, o hebdomadário - Jornal semanal com corcóva - mais marcante da história do Brasil. Fundado e dirigido por um bando de intelectuais beberrões, o jornal era sem dúvida alguma o maior algoz da ditadura militar em todo o universo de comunicação da época. Sua forma de fazer humor era uma verdadeira tijolada na testa dos generais.
Quando Paulo Francis saiu do Pasca e apareceu tempos depois como articulista da Globo, apanhou mais que boi ladrão. Todos os brilhantes intelectuais esquerdistas da época constataram em suas formulações motivos pouco nobres na atitude do velho jornalista. Muitos falaram abertamente em dinheiro, o chamaram de vendido e o escambau à quatro. Independente de qualquer coisa Francis continuou brilhante. E além do mais, aquele jeito de falar de forma debochada da esquerdalha, amparado pelo genial sotaque de uísque 12 anos, o tornava odiavelmente imbatível.

Quando Chico Caruzo chutou o pau da barraca foi mais ou menos a mesma coisa. De vendido para baixo a esquerdalha fez a festa em cima do cartunista. Dizem, inclusive, que, não sendo tão peso pesado, intelectualmente falando, quanto Peulo Francis, Caruzo teria se socorrido de um analista por vários anos, para curar os traumas da mudança de posição.
Naquele tempo os que abandonavam o bote da esquerda eram chamados de desbundados.
- Cadê fulano?
- Desbundou.
Era assim que se dizia quando alguém fugia da "luta".
Antes do desbunde de Francis e Caruzo, no entanto, ocorreu a famosa gripe do Pasquim. Foram presos Paulo Francis, Ivan Lessa, Ziraldo, Luiz Carlos Maciel, Paulo Garcez, Flavio Rangel, Sérgio Cabral, Tarso de Castro e Fortuna.
Millôr Fernades, junto com Henfil e vários outros colaboradores, tocaram o jornal durante os 2 meses que durou a prisão da turma. Segundo Jaguar, a única tortura física sofrida pelo grupo foi o corte do cabelo de Luiz Carlos Maciel. De resto, sempre foram unânimes nesse ponto, tudo ocorreu de forma tranquila. Bebiam, liam e até experimentavam um certa simpatia de seus carcereiros.
Escrevi isso tudo aí em cima só pra resgatar o histórico dos fatos e me dizer estupefacto ( É uma rima, mas não uma solução ) diante da notícia que li nos jornais dia desses.
Ziraldo e Jaguar ganharam mais de um milhão de reais, cada um, e mais uma pensão de 4 mil e setecentos reais mensais, por terem sido perseguidos durante a ditadura.
É algo cavalar. Gritante. Absurdo. Nenhum deles sofreu qualquer dano físico. Há centenas, milhares de pessoas, dos dois lados daquela querra que foi a Ditadura no Brasil, que não receberam sequer o reconhecimento do Estado. Nada justifica isso. Aliás, tanto Ziraldo quanto Jaguar seguiram, brilhantemente, é claro, suas carreiras. Escreveram e publicaram vários veículos de comunicação durante os últimos anos, contando inclusive com belas publicidades governamentais.
Ziraldo alega merecer seu 1 milhão e sua pensão porque fez chargues contra Fiqueredo. Pombas... Se ridicularizar governantes valesse tanta grana assim Cláudio Humberto e Teresa Barros, estariam milionários. Isso sem falar no prazer pessoal de se dar uma bela sacaneada em um governante pretencioso.
No final das contas quem está certo é Millôr Fernandes, que nunca arrotou esquerdismo mas foi quem segurou a gripe do Pasquim. O humorista foi curto e grosso: não era revolução, era investimento. Na verdade Ziraldo e Jaguar, na prática, compraram em baixa ações de uma empresa desvalorizada, o esquerdismo, e as venderam agora em alta. Capitalismo puro.
É bom lembrar que Anita Leocádia, filha do legendário Luiz Carlos Prestes e perseguida por ditaduras desde o ventre materno, recebeu apenas 100 mil reais de indenização e doou tudo para o instituto do câncer. E veja bem, Anita nunca se expôs posando de intelectual esquerdista.
E ainda tem gente por aí que defende a revolução russa de 17. Pode até ser efeito retroativo de algum ácido tomado nos idos de 68, mas é bom a gente ficar de olho. Afinal de contas o dinheiro é nosso.