26.2.08

Confusão de colunista...

Não entendi o Ancelmo Góis no " O Globo" de hoje.
Acho que ele confundiu o ex-governador com o atual.
Vejamos bem:

Cabralzinho anda tão desesperado que acusa PMs e professores de terroristas só porque querem melhores salários e condição de trabalho. Ambos.

O Governador ja tomou até dedo na cara de populares por conta do caos da saúde. O que aliás, honra seja feita, se repete na educação e segurança. Ou seja, nenhuma área do Governo é privilegiada em relação a outra. Todas estão igualmente abandonadas.

Vira e mexe o Governador se escafede para fugir dos problemas.

Sintomas claros de um Governo desorientado.

Por outro lado, a cobrança pública do pessoal aprovado no concurso da Polícia Civil para que sejam contratados, promessa não cumprida da campanha de Sérgio Cabral, revela um quadro agúdo de amnésia.

Mas Ancelmo publicou tudo ao contrário.
Garotinho se internou pra cuidar da pressão e o nosso nobre jornalista tascou em sua coluna que o Ex-governador apresentava “quadro que incluía desorientação e amnésia”. Certamente confundiu o ex com o atual. Aliás, vendo essa foto aí em cima eu acho até que o quadro do atual Governador deve ser grave mesmo.

Pegaram Lupi pra Cristo...

Tem coisa que só acontece no Brasil. Em que outro País, por exemplo, o Ministro da Fazenda de um Governo deposto por corrupção se tornaria presidente de uma comissão de ética? Nenhum, é claro. Pelo menos nenhum País sério. Mas no Brasil acontece.
Marcílio Marques Moreira, Ministro de Fernando Collor de Melo, é o presidente da comissão de ética da república. Isso mesmo, meus amigos...comissão de ÉTICA. Considerando o Governo a quem serviu, fico me perguntando qual seria o percentual dessa comissão. Mas deixa isso pra lá...

O fato é que esta mesma comissão vem fazendo toda a pressão do mundo para que o Ministro do trabalho, Carlos Lupi, entregue o cargo. Sabem de que crime Lupi é acusado? Eu digo. Pelo crime de ser Presidente, eleito, de seu partido, o PDT. É isso mesmo. O mesmo governo que compra tapioca com cartão corporativo, esconde dolar nas cuecas, paga mensalão e promove tantas outras aberrações administrativas, tem uma comissão de ética assim. Pura, santa e bela. Presidir um partido e crime, segundo a visão do ex vice presidente do Unibanco. O resto tá liberado.

Chega a ser até meio ridículo debater isso. Mas seu Marcílio, Ministro do Collor, leva a coisa muito à sério, tanto que renúnciou a presidencia da comissão em "protesto" por Lula não ter acatado sua sugestão e defenestrado Lupi. Seu vice, no entanto, o agora presidente da comissão Sepúlveda Pertence, ja assumiu o cargo botando lenha na fogueira. Quer a cabeça de Lupi de qualquer jeito.

Na verdade Marcílio e Sepúlveda pertencem ao mesmo clube. O Clube do poder eterno. Se um é amiguinho de Collor, o outro, Pertence, chegou a Ministro do Supremo indicado por Sarney. Cruzes...essa comissão pode ser de tudo, menos de ética.

Lula, infelizmente, para obter a chamada governabilidade, juntou o joio, o trigo e a lama de plantações passadas, aquelas mesmas que propiciaram frutos enormes à ditadura militar, e encubou tudo em seu governo. O resultado é esse samba do crioulo doido.

Curiosamente - talvez seja uma mera coincidência - o jornal " O Globo", porta voz oficial das forças mais reacionárias do País, já começa a descer a bodurna no Ministro do Trabalho. Uma simples operação de incentivo à cursos profissionalizantes vem sendo tratada pelo jornal dos Marinhos como algo tenebroso. Não há uma irregularidade sequer no processo, mas o jornalão apela para a ÉTICA. A mesma ética parasitária de Marcílio e Sepúlveda, é claro. Querem que Lupi tenha o mesmo destino do dedinho de Lula.

Na verdade a coisa é bem simples: Essa gente acha um absurdo gastar dinheiro público com investimento em qualquer coisa que beneficie o povo. É a mesma lógica usada contra Brizola. Diziam que os CIEPS eram caros demais para favelados.

Há, é claro, uma questão de fundo. Se um governo, qualquer um, usa o dinheiro para inevstir em qualificação de trabalhadores, sobra muito pouco para as agências de publicidade e consequentemente para os veículos de comunicação, como " O Globo", por exemplo.

Essa elite acha que o dinheiro público lhes pertence, por isso são sempre contra investimentos populares.

Lupi que prepare o lombo, pois certamente será espancado daqui em diante pelo sistema Globo. Tudo graças ao entulho representado por Sarney, Collor e tantos outros personagens que se mantem no poder com o Governo Lula. O brasil é assim, fazer o que?...a Esquerda de quem vai é a Direita de quem vem. E todos são de centro quando no exercício do poder.

22.2.08

Ihhhh.....Fomos parar no The Guardian...

O amigo anônimo a quem dediquei a postagem anterior me informou, mais uma vez, de algo importante. O colunista do The guardian, Conor Foley, colocou um link para o nosso blog em sua coluna mais recente do jornal inglês. Fiquei até emocionado. Nós aqui no Brasil não estamos acostumados com o exercício tão sério e democrático do jornalismo.
A condição de monoglota me impediria naturalmente de ler o novo artigo do autor, mas recorri ao Alta Vista para traduzi-lo, e me surpreendi. Gostei muito. Considerando, é claro, minhas limitações em relação ao idioma de Shaekespeare. Tentei até postar um comentário, mas há a necessidade de se registrar no site para tanto, o que frustrou minha intenção. Mesmo com tradutor on line a coisa não seria simples.
De um modo geral o texto de Foley, cujo título é "Viva Lula", analisa a sociedade brasileira e latino americana do ponto de vista social e político de uma forma bastante interessante. Mas o que me chamou a atenção foi a posição crítica em relação as elites brasileiras, frisando inclusive o aspecto racial refletido nas camadas de nossa sociedade.
Como do artigo anterior eu havia lido apenas os trechos "pinçados" pelos paladinos da nossa gloriosa imprensa, fiquei com a nítida impressão de que fui injusto. O cara é gente boa e bom profissional.
De certa forma me senti até identificado com o texto, embora tenha pairado uma sensação de que se o autor conhecesse mais o Brasil, e principalmente o Rio de janeiro, sua visão fosse um pouco diferente.
Me ocorreu que seria interessante trazer Floley para um passeio pelo Rio de janeiro. Não apenas, é claro, pelas praias e pontos turisticos da zona sul, nem tampouco só pelas favelas da cidade. Mas algo além disso. Talvez uma caminhada pela Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio, com direito a uma carne de sol no restaurante do Mussarela, em Caxias, servida com aquele aipim que derrete na boca, e depois uma passada na Lira de Ouro, ponto do Ministério da Cultura também em Duque de Caxias, em dia de "Quarta básica", noite musical comandada por Heraldo HB. Música e poesia em estado puro e cristalino. Incluiria, é claro, uma visita à turma do cine clube "Mate com angú", que produz e reproduz filmes de curta metragem com todas as dificuldades do mundo...tirando leite da pedra. Seria bom também passar por Nova Iguaçu e assistir à um dos vários eventos culturais produzidos por Claudina Oliveira. Arte da melhor qualidade.
Digo isso porque poderiamos constatar que as mesmas pessoas que sofrem horrores em regiões esquecidas pelo nosso sistema político e econômico, reagem o tempo todo e da melhor maneira possível às agruras do nosso apartheid social.
Creio, sinceramente, que o jornalista irlandês gostaria do passeio. E nós também, é claro.

21.2.08

Ao meu amigo anônimo...

Um amigo leitor anônimo postou um comentário sobre o texto relativo ao filme "Tropa de Elite" e o artigo publicado no jornal inglês The Guardian. Considerei ótimo o seu questionamento e faço questão de responde-lo:

Caro amigo anônimo,
Em primeiro lugar, agradeço pela informação. Realmente imaginei que o autor do artigo fosse inglês devido ao jornal onde o mesmo foi publicado. Você me informa que trata-se de um cidadão irlandês, portanto, desculpo-me com os leitores pelo ato falho.
Quanto ao texto em si, quero deixar claro que não há de minha parte nenhuma intensão xenofóbica, muito pelo contrário. De um modo geral acho muito bom que o filme tenha chamado a atenção de pessoas fora do País, quer elas concordem ou não com sua abordagem, assim como considero importante que chegue a nós, brasileiros, obras artísticas de toda parte do mundo.
O que questiono, meu caro amigo anônimo, é a absorção imediata de uma determinada opinião simplesmente pelo fato de esta ter vindo de um autor ou veículo estrangeiro. E infelizmente, faz muito tempo, nossas elites e nossa imprensa têm esse hábito.
Discordo, é claro, da opinião de Conor Foley, mas considero fantástico o fato dele tê-la emitido. Não se trata apenas de uma ação legítima, mas também fundamental para que possamos interagir culturalmente. Queria eu conhecer muito mais do que conheço sobre a Irlanda, sobre a Inglaterra e muitas outras nações. E gostaria também que Conor Foley e muitos outros cidadãos estrangeiros conhecessem mais sobre o Brasil. Seria muito bom para todos nós, creio.
Esclareço, no entanto, que o artigo do "The guardian" foi explorado aqui de forma tendenciosa, usado para fundamentar a ação reativa de nossas elites retratadas no filme como verdadeiras patrocinadoras do tráfico de drogas e consequentemente de boa parte da violência urbana.
Você me pergunta se eu teria algum diálogo com estrangeiros que discordam da minha opinião. E eu lhe respondo: claro, meu amigo anônimo. O diálogo é importantissimo, assim como a divergência de opiniões. Não importa a nacionalidade dos debatedores, pois o mundo é cada vez mais uma pequena aldeia. Linguas e culturas diferentes não podem servir de obstáculo para qualquer debate. Até porque o próprio debate serviria como instrumento para aproxima-las e fazer com que se compreendessem melhor.
O que me indigna, na verdade, é o uso de conceitos e opiniões de um determinado autor estrangeiro, completamente fora de contexto, com o intuíto de justificar as ações danosas de uma pequena parcela da sociedade, como é feito aqui.
Certamente Conor Foley analisa a questão de acordo com sua própria cultura e com sua visão de mundo. O que é rigorosamente natural. E discordamos exatamente por isso. Nossos olhares são diferenciados. O que aliás, não desqulifica de forma alguma o debate.

Imagem- Duque de Bedford, "Torre de Babel", c. 1423. Biblioteca Britânica, Londres

20.2.08

Não sei se é verdade, mas recebi por email e não resisti em publicar...rs

Um médico sincero foi questionado sobre vários conselhos que sempre nos são dados…

Pergunta: Exercícios cardio vasculares prolongam a vida, é verdade ?
Resposta: O seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só… não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo gasta-se eventualmente. Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais: isso é como dizer que você pode prolongar a vida do seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca !!!

Pergunta: Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
Resposta: Você precisa entender a logística da eficiência… .O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema . Precisa de grãos? Coma frango.

Pergunta: Devo reduzir o consumo de álcool?
Resposta: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que, eles tiram a água da fruta de modo que vc tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar!

Pergunta: Quais são as vantagens de um programa regular de exercícios?
Resposta: Minha filosofia é: Se não tem dor…tá bom!

Pergunta: Frituras são prejudiciais?
Resposta: VOCÊ NÃO ESTÁ ME ESCUTANDO !!! . Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Na verdade ficam impregnadas de óleo vegetal. Como pode mais vegetal ser prejudicial para você?

Pergunta: Flexões ajudam a reduzir a gordura?
Resposta: Absolutamente não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente de tamanho.

Pergunta: Chocolate faz mal?
Resposta: Tá maluco? !!!! Cacau!!!! Outro vegetal!! É uma comida boa pra se ficar feliz ! !!

E lembre-se: A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca, cerveja em uma mão, tira gosto na outra, muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: VALEU !!! QUE VIAGEM !!!!!! !!!!!!

19.2.08

Pra inglês ver...e falar besteira.

Os ingleses foram os colonizadores mais perversos da história recente da humanidade e cometeram um sem número de atrocidades por onde quer que passaram nos últimos séculos. Até mesmo o processo de colonização e independencia dos EUA, hoje donos do planeta, foi marcado pela mão pesada dos ingleses.
Na época da Rio 92 chegaram a fazer uma campanha e distribuir camisetas em londres com os seguinte dizeres: Preserve a natureza, mate um brasileiro.

Fiquei abestado, por tanto, quando li nos jornais de hoje, ou ontem, sei lá, sobre o artigo publicado na segunda-feira no jornal inglês The Guardian, pelo "defensor dos Direitos Humanos" Conor Foley, excomungando o filme brasileiro "Tropa de elite". Me pareceu o poste mijando no cachorro.

O que me deixou pasmo nem foi o artigo do sujeito em si, mas a repercussão do mesmo em terras brasileiras. Cada vez estou mais convicto de que a subserviência intelectual de nossas eleites aos estrangeiros é algo assustador.

O sujeitinho inglês, assim como alguns membros de nossa gloriosa elite zona-sul, impõe ao filme de José padilha a pecha de fascista. Nada mais grotesco. Já até escrevi aqui no blog sobre isso e repito: passamos os últimos 30/40 anos recebendo doses industriais de violência na veia, violência essa estrelada por Charles Bronson, Van Dame, Shuarzeneguer - nem sei se é assim mesmo que se escreve - Stalone, e tantos outros mais, sem um mínimo de questionamente por parte de ninguém.

Todos os filmes desses elementos, empurrados por nossa goela abaixo desde a década de setenta, criaram aqui a idéia do herói matador. Do lobo solitário que cumpre sua vingança ao arrepio de todas as leis vigentes.

Nenhum deles no entanto questionou o interesse dos poderosos no processo de violência urbana importado por nós. Na verdade essa gente não ataca o filme brasileiro por conta do teor de violência exposto no filme, mas por sua abordagem responsabilizando a classe média e as elites pelo gigantesco negócio em que se tornou o tráfico de drogas. É, como diria Nelson Rodrigues, o óbvio ululante.

Vários outros filmes abordando a violência ja foram produzidos no Brasil, mas nunca com tal abordagem.

Acusar o filme de fazer apologia da violência é uma falácia. Trata-se na verdade de uma obra realista. Só isso. Pode ser até que uma parcela da sociedade, a mais bem aquinhoada, claro, nunca tenha se dado conta de como a polícia age, mas a grande maioria, moradora das favelas, dos subúrbios e da Baixada Fluminense, sabe muito bem como a coisa funciona. O filme esfrega na cara do espectador a realidade. Nada mais que isso.

Nossa polícia, desde a sua concepção, nunca teve como viés principal defender o cidadão, mas o patrimônio. Essa é uma herança recebida por nós desde o processo da colonização e só repensada, no caso do Rio de Janeiro, à cerca de 25 anos atrás, época em que o Coronel Nazaré Cerqueira, no 1º Governo Brizola, assumiu o comando da PM. Tornou-se inesquecível uma foto publicada pela imprensa da época com políciais conduzindo pessoas pobres com cordas amarradas nos pescoços, motivadora da indignação do então Governador.

Fascista na verdade é a concepção das nossas elites, por adotar a lógica de guetos segregados e repressão do Estado contra os mais pobres ( é bom lembrar que no começo do século passado a polícia prendia pobres pelo simples fato de serem sambistas. Eram considerados vagabundos).

Dizer que Tropa de Elite é fascista é o mesmo que afirmar que a condenação da extrema violência policial contra pessoas de bem significa proteger bandidos. Uma tolice.

O inglês, autor do artigo, ( provavelmente um genérico local do Gabeira ), diz que os Brasileiros deveriam ter vergonha pelo sucesso do filme. Opinião capciosa. O brasileiro tem todos os motivos para se envergonhar sim, mas de suas elites, que patrocinam drogas e depois fazem passeatas hipócritas pela paz. Assim como, aliás, a inglaterra, patria mãe de Conor Foley, deveria se envengonhar de seu histórico de atrocidades.


OBS: Já havia publicado essa foto aqui no blog, mas publico de novo e esclareço que não é cena do filme Tropa de Elite. Trata-se de uma ação real da PM do Rio de Janeiro no início dos anos 80.


14.2.08

Difícil de se ler....

O hábito da leitura dos jornais do dia, pra quem o tem, anda se tornando uma coisa cada vez mais inglória. Nem tanto por todos os veículos se limitarem às mesmas notícias - isso a gente até se acostuma - Mas pelas notícias em si. De um modo geral não há rigorosamente nada que preste. A impressão, em alguns casos, é que estamos lendo as centúrias de Nostradamus. Tragédia, tregédia e mais tragédia.

Um amigo publicitário me disse certa vez que a tendência é piorar. O povo adora tragédia e os jornais, é claro, querem vender cada vez mais.

Eu, que gosto, por exemplo, de política, por mais absurdo que isso possa parecer ao meu caro prestimoso leitor, me sinto prejudicado. Alguns jornais, como O Globo, já até aposentaram sua editoria política faz tempo, prestigiando a editoria de economia. Ou seja, não importa quem manda, nem quem paga, mas sim quanto custa. Isso na verdade tem até uma certa lógica. Nossos "líderes" políticos em verdade raramente tem algo concreto para nos dizer. E como o "Estado" virou uma abstração que só serve para, vez por outra, atrapalhar os planos de exercício de poder do Governante, a medida se mostra mais acertada ainda.

Não faz muito tempo, para exercer dignamente um mandato, o sujeito tinha que conhecer pelo menos a estrutura do poder público. Fosse ele de esquerda, direita, centro ou muito pelo contrário. Hoje não. Basta ter dinheiro para a campanha eleitoral. Isso faz com que este pobre escriba compreenda cada vez mais a síntese do regime democrático: qualquer um pode chegar ao poder. E o poder, como se sabe, corrompe mesmo.

Mas voltando as notícias...o que me chamou mais atenção nos jornais de hoje foi o caso da ALERJ. Um grupo de funcionários da casa ganhou na justiça o direito de receber algo entre 300 e 400 milhões em indenização por conta de cortes salariais feitos na década de noventa. Qualquer pessoa sensata que tenha acompanhado o caso na época já sabia desse desfecho. Direito adiquirido é, como o nome diz, adiquirido. Não pode ser retirado. Mas poucos governantes resistem aos apupos da vaidade. Aliás, quanto mais vaidosos, mais são cegos, (ou pelo menos míopes) surdos e obtusos em relação a coisa pública. Vira e mexe nossa estrutura pública é assumida por algum Chapolim Colorado que adora posar para a patuléia como um verdadeiro super herói, e como no final das contas o dinheiro em questão, em caso de prejuízo, não lhes pertence, jogam pra galera o tempo todo amparados pelos fantásticos holofotes da mídia. Esses casos de heroísmo, é claro, custam caríssimo. Mas é sempre a gente quem acaba pagando a conta. É como disse Nostradamus, não tem jeito, o mundo vai acabar acabando mesmo.
Detalhe: Quando vier o fim do mundo o povo certamente vai apaludir nas ruas. Finalmente teremos sacramentado o fim da corrupção.

6.2.08

Beija flor campeã de novo....É isso aí, BICHOOOOO

Resolvi rever meu comportamento. Deste momento em diante estou aderindo, de mala e cuia, ao senso comum. Passei pro lado do povaréu. Faço isso usando como fundamentação a constituição brasileira: todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. O 1° artigo original da lei magna era esse. Em 88 mudaram uns pedacinhos, mas a essência - o espirito da coisa -continua a mesma. Na vitória da beija-flor hoje, por exemplo, como bi campeã do carnaval do Rio de janeiro, fiquei emocionado com a alegria do povo. Toda aquela multidão que ama profundamente empurrar os carros alegoricos para a exibição das celebridades, vibrava de alegria na quadra da escola.
Não interessa se a Policia Federal descobriu recentemente que o "Capo" da agremiação compra os resultados. Isso é bobagem, afinal de contas é o povo quem paga a festa e tem todo o direito de ser massificado e manipulado quando bem entender.
Entre Município, Estado e União, via petrobás, a LIESA embolsou algo em torno de 30/40 milhões de reais. Grana que dá muito bem para pagar a "colaboração" dos jurados e ainda sobra um bom cascalho para investir em novas máquinas caça níqueis. As atuais, segundo consta, usam tecnologia já ultrapassada.
Na verdade, a vitória da escola de Nilópolis vem consagrar uma concepção tipicamente brasileira, a concepção do " que se dane o mundo que eu não me chamo Raimundo".
Só pra ilustrar podemos pegar os escândalos financeiros, políticos, jormalisticos, religiosos, etc, que explodem no Brasil desde sempre. Os políticos, por exemplo. Não há um só Deputado, Senador - ou qualquer mandatário que seja - envolvido em maracutaias, que não tenha sido rigorozamente eleito pelo povo. E não é com pouco voto não, é sempre com mais de 100 mil votos. Portanto, podemos concuir, o povo ama muito tudo isso.
O Brasil é e sempre foi um País peculiar. Ou surrealista, como disse De Gaulle.
Os EUA por exemplo, viveram a fase atual do nosso processo evolutivo nas décadas de 30,40 e 50 do século passado. O País era controlado por todos os tipos de máfias e o crime ditava as regras em todas as grandes cidade americanas. Hoje, com mais de 50 anos de defasagem, o Brasil também é assim. Mas com uma diferença crucial: aqui o povo gosta das máfias e os bandidos são idolatrados. Saúde, Educação, Imprensa, Esportes, Carnaval, Poders da república...enfim, não há uma só instituição brasileira imune a atuação das várias máfias tupiniqiuns. E o povo adora.
Desde muito jovem participei e assisti debates altamente acalorados a respeito de quais seriam os direitos e desejos do povo brasileiro.
Li uma infinidades de teses e ensaios defendendo este ou aquele ponto de vista com o objetivo de criar uma sociedade mais justa.
Marxistas, leninistas, socialistas, anarquistas, liberais, direitistas...vi todos os tipos de ideólogos se digladiando, inflamados, em busca de uma formulação intelectual benéfica ao povo.
Coitados. O povo históricamente sempre passou ao largo destas discussões.
Talvez o povo ache mais engraçado eleger um ladrão só para ter a quem xingar enquanto toma umas e outras no boteco da esquina.
- Deputado Fulano....aquilo é um ladrãoooo........Bota mais uma aí pra mim.
- Ué, mas você não votou nele?
- Votei......kakakaka
Creio que seja mais ou menos isso. O povo gosta de eleger os piores elementos possíveis pelo simples prazer de insulta-los depois. Vimos isso na cidade de Magé, na baixada Fluminense, dia desses. Aliás, aprendemos naquele episódio, como em uma lição ministrada por grandes mestres, que dinheiro público não tem dono. Vai ver não tem mesmo.
Diante dos fatos fiquei me perguntando: quem sou eu pra saber mais dos desejos do povo do que ele próprio? E então aderi ao senso comum... Nunca mais vou remar contra a maré.
Ja me decidi. Vou comprar um boteco pra vender cachaça na estrada. A foto do bicho está aí em cima.
Aí, meu Deus.....eita vidinha mais ou menos...

5.2.08

Relendo e aprendendo...Evoé Paulo César Pinheiro

Aproveitei o carnaval para ler um pouco. Na verdade a intenção era escrever. Trabalhar o próximo livro ou coisa parecida, mas nem sempre a coisa funciona como o planejado. Dando vazão ao vício acabei escarafunchando a internet em tenaz perseguição aos textos dos autores que gosto. Naveguei por Darcy Ribeiro, Henry Miller, Poe, Drumond, Quintana e mais um montão de autores responsáveis pela minha construção pessoal. Acabei, no entanto, baixando a âncora sobre os textos de Paulo César Pinheiro. É tão raro encontrar uma poesia como a do Paulo que agente acaba ficando bestificado diante de textos lidos e relidos, remoidos, deglutidos e processados através dos anos.
Conheci a mágica Pinheiriana ainda na adolescência. E digo mágica por que é isso mesmo. São poemas que enfeitiçam.

Há quem o chame de poeta do samba, mas a coisa vai muito além disso. Em um vasto universo de poetas fantásticos Paulo César Pinheiro se destaca com uma elegante simplicidade que chega a ser soberba. É algo que revolve o espírito humano da mesma forma, talvez, que as antigas lavadeiras faziam com as roupas: esfrega, torce e pendura ao sol para aquecer e absorver a luz. Fico com a impressão de que todo o poder das autoridades, o poder de impor regras, crenças e comportamentos, treme. Se abala. É acometido de uma febre terrivelmente mortal diante da retórica poética de Paulo César Pinheiro.

É bom que se tenha, ainda, acesso à autores assim. Do jeito que a coisa anda, em breve a arte será banida do nosso sistema. Proibida mesmo, em prol do entretenimento. Afinal de contas, aos olhos de quem pretende controlar o planeta e o comportamento humano, uniformizando ações e sentidos, não há nada mais subversivo que a reflexão humana.

Nesse ponto, felizmente, a internet ajuda muito. Os blogs, por exemplo, funcionam hoje como aquele velho guardanapo de bar onde muitos de nós escreviamos nossas odes a subversão. E esta continua sendo uma bela forma de reagir à tirania da mesmice, ao pensamento único e a robotização obrigatória. Nossos guardanapos agora estão no ciber espaço e vão para o mundo todo para serem usados por quem bem entenda.

A gente sabe que, como bem disse Vinícius, "a vida vem em ondas como o mar". Escrever é mais ou menos isso. A gente vai salpicando vida através da poesia em vários pontos do mar e ela acaba chegando a outras praias. Contaminando de paixão vital as pessoas que se banham nelas. A poesia de Paulo César Pinheiro é assim. Uma espécie de anti-vírus que nos "contamina" maravilhosamente com a essência da vida. Deixa nossa alma novinha em folha.