14.2.08

Difícil de se ler....

O hábito da leitura dos jornais do dia, pra quem o tem, anda se tornando uma coisa cada vez mais inglória. Nem tanto por todos os veículos se limitarem às mesmas notícias - isso a gente até se acostuma - Mas pelas notícias em si. De um modo geral não há rigorosamente nada que preste. A impressão, em alguns casos, é que estamos lendo as centúrias de Nostradamus. Tragédia, tregédia e mais tragédia.

Um amigo publicitário me disse certa vez que a tendência é piorar. O povo adora tragédia e os jornais, é claro, querem vender cada vez mais.

Eu, que gosto, por exemplo, de política, por mais absurdo que isso possa parecer ao meu caro prestimoso leitor, me sinto prejudicado. Alguns jornais, como O Globo, já até aposentaram sua editoria política faz tempo, prestigiando a editoria de economia. Ou seja, não importa quem manda, nem quem paga, mas sim quanto custa. Isso na verdade tem até uma certa lógica. Nossos "líderes" políticos em verdade raramente tem algo concreto para nos dizer. E como o "Estado" virou uma abstração que só serve para, vez por outra, atrapalhar os planos de exercício de poder do Governante, a medida se mostra mais acertada ainda.

Não faz muito tempo, para exercer dignamente um mandato, o sujeito tinha que conhecer pelo menos a estrutura do poder público. Fosse ele de esquerda, direita, centro ou muito pelo contrário. Hoje não. Basta ter dinheiro para a campanha eleitoral. Isso faz com que este pobre escriba compreenda cada vez mais a síntese do regime democrático: qualquer um pode chegar ao poder. E o poder, como se sabe, corrompe mesmo.

Mas voltando as notícias...o que me chamou mais atenção nos jornais de hoje foi o caso da ALERJ. Um grupo de funcionários da casa ganhou na justiça o direito de receber algo entre 300 e 400 milhões em indenização por conta de cortes salariais feitos na década de noventa. Qualquer pessoa sensata que tenha acompanhado o caso na época já sabia desse desfecho. Direito adiquirido é, como o nome diz, adiquirido. Não pode ser retirado. Mas poucos governantes resistem aos apupos da vaidade. Aliás, quanto mais vaidosos, mais são cegos, (ou pelo menos míopes) surdos e obtusos em relação a coisa pública. Vira e mexe nossa estrutura pública é assumida por algum Chapolim Colorado que adora posar para a patuléia como um verdadeiro super herói, e como no final das contas o dinheiro em questão, em caso de prejuízo, não lhes pertence, jogam pra galera o tempo todo amparados pelos fantásticos holofotes da mídia. Esses casos de heroísmo, é claro, custam caríssimo. Mas é sempre a gente quem acaba pagando a conta. É como disse Nostradamus, não tem jeito, o mundo vai acabar acabando mesmo.
Detalhe: Quando vier o fim do mundo o povo certamente vai apaludir nas ruas. Finalmente teremos sacramentado o fim da corrupção.

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