25.3.10

O Escravo da matemática


24 de março de 2010 por Dacio Malta 

De Elio Gaspari:
    “Em 2008, quando Lady Gaga gravou seu primeiro álbum, já se tinham passados seis anos do dia em que Grigori Perelman resolvera a Conjectura de Poincaré, um dos maiores mistérios da matemática. Num mundo que consome celebridades, a história de Perelman merece cinco minutos de atenção.
Ele é um matemático russo, de 43 anos, já passou meses sem trocar de roupa, raramente corta as unhas, a barba ou o cabelo. Vive com a mãe em São Petersburgo, tem horror a jornalistas e viveu sete anos praticamente recluso. Nem e-mails respondia. Quando esteve nos Estados Unidos, a base de sua alimentação era pão preto e iogurte. Recusou cátedras nas universidades de Princeton, Berkeley, Stanford e no MIT. É um excêntrico, mas é um excêntrico que tem bastante a ensinar. Até que ponto vive-se melhor parecendo maluco do que deixando-se bafejar pela celebridade?
Superando ciúmes, intrigas e rivalidades, Perelman acaba de conquistar o prêmio dos “Problemas do Milênio”, com direito a um cheque de US$ 1 milhão, concedido por uma fundação americana, por ter decifrado um dos sete grandes mistérios da matemática. Em 2006, ofereceram-lhe um honraria considerada equivalente a um Nobel de matemática. Recusou-a.
Para os leigos (como o signatário), a Conjectura de Poincaré é algo incompreensível. Ainda assim, pode-se perceber que Poincaré, um matemático francês que morreu em 1912, deixou para o mundo uma conjectura. Mais difícil será entender o que significa o segundo mistério: “A existência de Yang-Mills e a falha na massa”.
Perelman resolveu a conjectura em 2002. Em vez de mandar seu trabalho para uma revista científica, onde um painel de estudiosos estudaria a consistência dos argumentos, simplesmente jogou os textos na internet, num arquivo público de trabalhos acadêmicos. O trabalho não dizia que a conjectura havia sido resolvida, essa tarefa cabia a quem o lesse. (Um matemático gastou três meses para entendê-lo.) A comunidade dos sábios consumiu dois anos estudando, invejando e, em alguns casos, buscando uma falha na explicação. Perda de tempo.
Quando Perelman foi convidado por Princeton, pediram-lhe um currículo. Respondeu que, se não sabiam quem ele era, não deveriam convidá-lo. Como o MIT chamou-o depois que resolveu a Conjectura de Poincaré, recusou porque deveriam tê-lo chamado antes. Num último convite podia ganhar quanto quisesse e fazer o que quisesse durante o tempo que bem entendesse. Respondeu que estava comprometido com seus alunos do ensino médio de São Petersburgo, o que nem era verdade.
Perelman ofendeu-se quando o “New York Times” disse que ele sustentava que resolvera a conjectura para ganhar US$ 1 milhão. Afinal, estudava o problema muito antes de o prêmio surgir e não sustentava coisa alguma. Decifrara a Conjectura de Poincaré, ponto.
Perelman é um matemático excêntrico e, pensando-se bem, Lady Gaga é uma roqueira quase convencional. Assim as coisas ficam fáceis e pode-se ir em paz ao próximo show. Contudo o mundo fica mais interessante quando se sabe que o negócio de Perelman é outro. Os matemáticos podem viver num mundo de liberdade e rigor absolutos. Ele escolheu uma vida de total integridade, sem concessões a coisa alguma. Ninguém manda nele, só a matemática, num diálogo que dispensa outras vozes”.

Nota do editor: Esse cara, o Gregori, é meu novo herói...

21.3.10

Virá

Um dia me virá
a dama
e me fará
canções
pregando ilusões
por toda minha cama

E me dará na boca
a gota
que faltava
pra compor meu copo
transbordando o mundo

Um dia me virá
a dona
que ainda ontem
pairava ofegante
sobre o quarto
mudo


E me dará na boca
o leite
da flor mais ardente
caldo seiva sumo

Um dia me virá
a ama
pra me incentivar
desejos
raros e insanos

Me dará na boca
o beijo
que sufoca o medo
de inventar mais planos

19.3.10

Tempos mudernos

Torceram
o pescoço da arte
Quebraram
a coluna do tempo
Tornaram
a utopia um desastre
Sangraram
a beleza por dentro

No campo
onde havia papoulas
Plantaram
canhões barulhentos
Encheram
de barro as lavouras
Vedaram
a paixão com cimento

Pros corpos
febris dos amantes
Criaram
milhões de sentenças
Do entulho
forjaram diamantes
Do amor
fabricaram doenças

Estrangularam
os sonhos
Castraram
qualquer pensamento
Inventaram
medos bisonhos
Roubaram
a candura do vento

Torceram
o pescoço da arte
Sangraram
a beleza por dentro
Tornaram
a utopia um desastre
Trocaram
as noções do meu senso

Mas sabe-se
que o mal não vigora
Tem horas
que ao invés do lamento
Quem sofre
poe as mangas de fora
E esfola
os barões do tormento

18.3.10

Um sonho quase real

Saí da passeata em defesa dos royalties completamente frustrado. Foi o ato político mais despolitizado da história da humanidade. Não houve discurso, marcação de posição, nada. Na prática ninguém teve a chance de defender os direitos, nem do Rio de Janeiro nem do Espírito Santo. A coisa se resumiu a um show de artistas contratados para o evento.
Na volta, cansado, peguei um ônibus pra casa, adormeci e acabei tendo um sonho estranho. Sérgio Cabral, no meu sonho, renunciou ao Governo do Estado alegando a necessidade de se dedicar a um novo negócio de família. Um circo que herdou de um parente distante falecido repentinamente, de desgosto.
Disposto a tocar o negócio, Cabral levou consigo uma parte de seus auxiliares no governo do Rio, o chamado núcleo duro. Aplicando no novo negocia a mesma lógica com que vinha dirigindo o Estado. No entanto, a coisa não deu muito certo.
Na tentativa de trazer mais público para o espetáculo resolveram investir em publicidade e inovação, por isso, numa ação que pretendia ser genial, rasparam a juba do leão alegando que os administradores passados eram incompetentes e não sabiam tratar do animal direito. Raspar a juba do bicho era, segundo propaganda distribuída, a forma mais moderna de se atrair público nos países europeus. Foi um fracasso, é claro. O leão ficou parecendo leoa e perdeu toda a sua auto estima. O público, por sua vez, ficou indignado e vaiou o domador. Mas os pelos da juba, vendidos no mercado negro, renderam um bom dinheirinho.
Em seguida, Cabral criou uma comissão para avaliar as condições do elefante, reservando, inclusive, uma boa quantia em dinheiro para investir em alimentação, banho e tosa. Mas a tal comissão passou tanto tempo discutindo outras comissões que se esqueceu de tratar do animal. A fera emagreceu terrivelmente e, por conta da fome, adquiriu uma fraqueza crônica, ficando impedido de desfilar pelo picadeiro.
Com o anão aconteceu algo ainda mais bizarro. Surgiu uma proposta financeira, de um laboratório americano que decidiu testar um novo hormônio usando o pobre anão como cobaia. O coitadinho cresceu, inviabilizando para todo o sempre qualquer possibilidade piadística para o público.
Aos poucos, cada uma das atrações foi ficando inviabilizada. A mulher barbada foi assediada por um poderoso membro da nova direção e resolveu fugir. O mágico ficou constrangido com a performance financeira dos novos chefes, muito melhor que a dele, e abandonou a profissão. O engolidor de fogo perdeu espaço quando começaram a surgir incêndios, nas áreas administrativa e financeira, com queima de documentos importantes, e o culparam pelo acidente. Foi demitido. O Homem bala, coitado, foi vendido aos traficantes de uma favela do Rio como inovadora e poderosa arma de guerra e quando os bandidos descobriram que não era nada disso, executaram o rapaz.
Uma parcela mais apaixonada do público ainda tentou salvar a instituição do fracasso absoluto. Se propuseram até a revezar no papel de palhaço, já que o profissional, por conta das vicissitudes, havia perdido completamente a graça.
Cabral, no entanto, não permitiu que o povo se metesse nisso. Já havia feito um acordo com uma milionária rede de TV para ele mesmo fazer o papel de palhaço.
Mas e se o público não gostar? Perguntou alguém da platéia.
- Que se dane – respondeu o ex governador às gargalhadas.
- Os contratos assinados já me garantem grana suficiente para uma boa temporada em Paris.
Acordei com o motorista do ônibus me chamando. Havia chegado meu ponto. Sonho estranho, né?

16.3.10

Vereador verde oliva processa blogueiro

Um Vereador do Rio, tal de Messina - deve ser parente da Messalina - está processando o blogueiro Ricardo Gama.
"Crime" do Gama: reproduzir nota do O Dia acusando o edil de faltoso. Vivemos uma democradura?
Alardeiem por aí que a ditadura está de volta, trazida pela mãos de um Vereador do PV.
Será que o cara processou o jornal "O Dia". Claro que não... coragem assim só contra blogueiros.
Anotem o nome desse cara, é Messina. Ele é verde. Verde oliva, é claro.
Guardem o nome dele junto com o título de eleitor.

13.3.10

Rio, verás que um filho teu não foge à luta!

O Rio de janeiro está sendo ameaçado em suas riquezas, sua integridade e seu desenvolvimento social, por isso, o Rio precisa de todos nós.
A constituição de 1988 determinou que o Estado do Rio de Janeiro – assim como os municípios produtores de petróleo e os que abrigam refinarias - receberiam royalties, uma indenização pelos danos causados durante o processo de extração e beneficiamento do óleo.
Desde então muitos avanços têm ocorrido no Rio de janeiro, inclusive a histórica dívida do Estado para com a União foi equacionada com base nos Royalties do petróleo pelo ex Governador Anthony Garotinho, o que proporcionou o equilíbrio necessário para que o Rio de janeiro inaugurasse uma importante fase de investimentos e desenvolvimento econômico.
Mas o Rio de janeiro, no entanto, já havia sido terrivelmente prejudicado pela própria constituição quando a bancada paulista no congresso modificou a cobrança de ICMS sobre o petróleo, que diferentemente de todos os outros produtos tributáveis, passou a ter sua cobrança feita no destino ao invés de na origem. O Rio de janeiro produz 85% do petróleo nacional, mas São Paulo é o maior consumidor. Graças a isso, um casuísmo dos congressistas, o Rio de janeiro perdeu uma receita fantástica de ICMS.
Agora, rasgando todos os conceitos básicos consagrados pela constituição de 1988, a constituição cidadã, nas palavras de Ulisses Guimarães, a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda constitucional, teratológica em sua essência, que sequestra, retira, toma, confisca, rouba os royalties do Rio de janeiro e redistribui para todos os Estado e municípios brasileiros uma indenização que é nossa por Direito. Primeiramente trata-se de uma demagogia, pois o Fundo de participações dos municípios já cumpre o papel de redistribuir as riquezas que pertencem a União. Posteriormente, trata-se de uma covardia. Uma ação articulada contra o Rio de janeiro.
Na prática, é como se um trabalhador que recebe uma indenização por algum dano sofrido por parte do patrão, fosse obrigado a dividir o dinheiro recebido com todos os outros trabalhadores de sua empresa, mesmo que estes não tenham sofrido nenhuma agressão ou ameaça.
Para nós, cidadãos do Rio de janeiro, independente de quem esteja à frente do Governo do Estado, por mais pusilânime que seja, ou dos municípios envolvidos, essa ação da Câmara representa um dano terrível, irreparável, que pode levar nossa economia ao fundo do poço.
Certamente são milhares, senão milhões de empregos que estão em jogo. É nossa economia, nosso desenvolvimento, nossa capacidade de caminhar com as nossas próprias pernas e construir nosso próprio futuro. Todos nós estamos ameaçados. Não podemos, portanto, abrir mão de lutar pelo Rio de janeiro e pelo futuro da nossa população, do nosso povo. O Rio de janeiro na verdade somos todos nós. Cada operário e cada professor, cada servente e cada profissional liberal, cada mandatário e cada cidadão comum que tem seu projeto de vida ancorado em qualquer uma de nossas cidades.
Cada um de nós, por berço ou adoção, é filho do Rio de janeiro, e não poderíamos, jamais, nos esquivar de combater o bom combate. Vamos sim, lutar pelo Rio de janeiro.
Quarta feira, dia 17 de Fevereiro, às 16 Hs, na cinelândia, nosso compromisso é com nosso Estado e com cada uma de nossas cidades e municípios. Vamos mostrar para o Brasil inteiro e, principalmente, para a Câmara dos Deputados, que aqui vive um povo hospitaleiro, mas que sabe ser guerreiro quando necessário e que jamais foge à luta.


Vicente Portella

6.3.10

Entrevista com Ana Jensen, a Secretária de Cultura de D. de Caxias

Nosso Blog entrevista Ana Jensen, secretária municipal de Cultura e Turismo de Duque de Caxias.


Formada em Educação Artística e técnica em Planejamento, áreas em que atua desde a década de 70, quando se formou pela UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ana Jensen é funcionária federal e municipal (no Rio), e trabalhou no estado durante o governo Marcello Alencar.
Em um papo descontraído em seu Gabinete, na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a Secretária falou de sua história, de sua formação, de sua chegada à Caxias, do que já foi realizado nesse primeiro ano de trabalho e dos projetos que tem para Cultura e para o Turismo municipal.
O jornalista Eldemar de Souza conduziu a entrevista que teve também as participações do cantor e compositor Beto Gaspari e do escritor Vicente Portella. Fica constatado que, depois de inserir Duque de Caxias no cenário cultural do Estado e preparar sua inserção em esfera nacional, há muito para ser feito ainda, mas o caminho está sendo percorrido com profissionalismo e competência.

Relação com o Prefeito
O meu contato com Zito vem desde a sua primeira eleição, em 96, pelo PSDB. Eu era um quadro do partido desde o final dos anos 80, quando ele foi criado. Antes, eu era filiada ao Partidão (PCB), onde ingressei nos tempos da faculdade.

Formação profissional e política

Eu entrei na UERJ em 1974, o reitor era Aloysio Teixeira. Naquele tempo, a Universidade tinha um pessoal muito bom, politicamente, e era quase impossível ser universitário sem se envolver com a política. Então, lá tinha gente do Partidão, do MR-8 e outras organizações clandestinas de esquerda. Aí, eu optei pelo PCB, que tinha uma proposta mais coerente com a minha posição: oferecia uma resistência à ditadura mais qualificada, não pregava a luta armada, e tal...
Como só tinham dois partidos, todo esse pessoal de esquerda votava no MDB. Fiz campanha pro Marcelo Cerqueira, pro Lysâneas Maciel, pro Raimundo de Oliveira... Mas, na eleição de 82, o PCB rachou: uma parte apoiou o Brizola, no PDT, e outra permaneceu fiel ao PMDB, apoiando o Miro Teixeira. E eu fiquei com eles.


Experiência no Estado
Quando surgiu o PSDB, formado por boa parte da elite pensante do PMDB de São Paulo, como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro e outros, o Artur da Távola, então deputado federal pelo PMDB fluminense, também aderiu a nova sigla. E como nós éramos muito amigos, ele me convidou para coordenar a sua campanha para o Senado, nas eleições de 94. Aí, eu me filiei ao PSDB, onde estou até hoje, e me engajei na campanha do Marcello Alencar, que havia deixado o PDT, e concorria ao governo do estado. Ele foi eleito e eu passei quatro anos no Palácio Guanabara, como sub-chefe da Casa Civil, acumulando, depois, a coordenação do projeto Comunidade Solidária (da dona Ruth Cardoso), no Rio. O último cargo que ocupei no estado foi de vice-presidente de Planejamento da Suderj. Na ocasião, eu era secretária geral do Diretório Estadual do PSDB.


Vinda para Caxias
Portanto, eu vim pra Caxias por conta da minha aproximação com Zito. Ainda no segundo mandato dele, lá pelos dois últimos anos do seu governo, ele me chamou pra conversar. A primeira proposta foi para ser secretária de Meio Ambiente. Mas, antes disso, fui convidada pela Andréia, para ser sua chefe de gabinete, em Brasília, mas também não aceitei. Como ultimamente eu estava presidente do Instituto Teotônio Vilella e trabalhava na Alerj( Gabinete do Deputado Luiz Paulo), nem trabalhei nas últimas campanhas do Zito.
Quando ele se elegeu, agora, queria que eu viesse pra cá, na área de Planejamento. Como sou professora de Educação Artística e tenho, também, serviços prestados no campo do Planejamento de Gestão Pública, disse pra ele que gostaria de fazer algo neste sentido, na Cultura. Até então, o meu conhecimento da Baixada Fluminense se restringia ao campo sociológico.


Arrumando a casa
Quando cheguei aqui, na Secretaria, trazida pelo Amorelli, vice prefeito, fui recebida pela Magali Machado, que era subsecretária. O então secretário, Marquinho Peçanha, eu não conheço até hoje. Eu já conhecia a Magali, dos tempos em que ela era deputada estadual pela Igreja Universal. Nesse dia, eu fui apresentada, também, ao João Carlos, que é o meu sub.
Foi muito difícil botar ordem na casa. Só consegui tomar pé da situação, através da equipe que já trabalhava aqui há muito tempo, como o Beto Gaspari, a Rosa Leite, a Regina Caldas, enfim, pessoas dispostas a colaborar. Logo de cara, descobri que a Secretaria não possuía um organograma. O que havia – que pudesse ser chamado assim – era um documento obsoleto, datado de 1991. As pessoas eram nomeadas para um cargo, mas, quase sempre, exerciam outro completamente diferente. O Chiquinho Maciel, por exemplo. É uma pessoa por quem tenho um profundo respeito, mas seu nome constava como diretor do Museu, quando, na verdade, ele exercia toda a sua eficiência como apresentador do Forró da Feira, nos fins de semana.
Aí, nós fizemos um novo organograma. Hoje, todo mundo está em seu devido lugar. Fizemos um planejamento de política de cultura – tudo com a colaboração da equipe – apresentado e aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura, numa de suas reuniões ordinárias, e apresentamos também à imprensa, numa entrevista coletiva convocada em meu gabinete.


Centro Cultural Oscar Niemeyer
O Centro Cultural tem que ser uma referência, não só aqui como na Baixada Fluminense, pois nenhum outro município tem algo assim. Eu já pedi ao prefeito, para transferir a Secretaria para o prédio do Mercado Popular em frente ao Centro cultural. Aquele prédio, com uma pequena reforma, pode ser transformado em local de exposição. Tem um espaço grande, que pode abrigar o Centro de Tradições Populares. No térreo, daria para criar uma seção de café literário, com música ao vivo, dois telões...
A gente tem, além da manutenção e reestruturação da própria Secretaria, 05 eixos principais de políticas públicas para a cultura, que vão desde o inventário dos bens culturais e turísticos do município, passando pelo fortalecimento da produção, dinamização do ambiente cultural, melhoria da acessibilidade, até o fortalecimento dos canais de representação. Como programa de um destes eixos, pretendemos implementar um curso de formação e capacitação cultural, com o apoio de um escritório modelo, que acompanhará o trabalho dos agentes que participarão deste curso e outros mais que venham procurar a Secretaria, para formatação de projetos, captação de recursos, assessoria de mercado, programação visual, questões contábeis e jurídicas, etc. Faremos um cadastramento de profissionais e informações; com esse cadastramento e a qualificação dos nossos produtores, pretendemos que eles não precisem ficar tão dependentes do poder público. Aí, sim, você está fomentando a produção cultural. Já na área de turismo, temos também pólos a serem explorados. Apesar de que o turismo não é uma coisa fácil de se trabalhar em Caxias ainda, até mesmo por conta de sua aproximação com o Rio.


Teatros Raul Cortez e Armando Mello
Outra coisa é a utilização dos teatros Armando Mello e Raul Cortez, que são equipamentos públicos e precisam ser utilizados como tal. Não dá pra . Não dá pra realizar ali, solenidades de formatura e reuniões religiosas e nem permitir que o equipamento público seja utilizado como propriedade de alguém, como uma coisa privada. Ora, se o Estado é laico, a religião é algo de foro íntimo. Então, que o pastor faça seus cultos na igreja. As escolas também não podem mais fazer formatura ali. Temos feito um esforço muito grande, para fazer um intercâmbio com outras prefeituras e praças, visando à formação de platéias. Já conseguimos, inclusive, numa parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, levar nossos artistas para apresentações no Teatro Gláucio Gil e receber artistas do município do Rio em nossos aparelhos culturais.


Captação de recursos
Eu estou formando uma equipe, para que a gente possa captar recursos. A dificuldade é a lentidão com que as coisas ocorrem. Para resolver esse problema, a gente está fazendo este processo: primeiro estamos fazendo a inserção de Caxias à realidade desse esforço nosso de costurar com nove secretarias. Entre outros projetos, vamos sugerir o Trem da Cultura, com a Supervia, por exemplo. Mas tudo depende da legislação, a gente teve uma reunião com o ministro da Cultura, sobre as mudanças na Lei Rouanet, que inclusive propiciarão repasses diretos, do Fundo Nacional de Cultura para o Fundo Municipal de Cultura. Isso já nos dará uma agilidade maior. Estamos estudando um projeto já enquadrado na Lei de ICMS, para a realização de uma Semana Literária. Estamos caminhando para captar esses recursos da seguinte forma: apresentamos nossos projetos a quem esteja habilitado a formatar, enquadrar nas Leis de Incentivo, e captar; por outro lado estamos pesquisando projetos que já estejam enquadrados nestas Leis, e que possam acontecer em Duque de Caxias, daí procuraremos as empresas atuantes no município, prováveis patrocinadores e/ou apoiadores, indicando a eles estes projetos como sendo de interesse para a política pública de cultura para a cidade.
A Débora Cocker dançou aqui para oito mil pessoas, sem qualquer ônus pro erário, graças à Lei Rouanet, e em seguida foi se apresentar em Nova York. Lá o espetáculo foi caríssimo, mas aqui o povo assistiu sem pagar nada. E ela vai voltar agora, em abril. Estou correndo atrás, para trazer o espetáculo da Clarice Lispector, dia 4 de março. O Raul Cortez reabre o ano com um espetáculo da Elizabete Savala.

Estrutura da Secretaria e ampliação das atividades para outros distritos
É um outro eixo de nossa política cultural. Temos três salas de leitura (bibliotecas públicas), hoje a gente tem a Casa Brasil, centro de inclusão digital e de difusão cultural que conta com um telecentro, um laboratório de metareciclagem, um laboratório de audiovisual, e diversas atividades culturais, além de oficinas, num convênio com o governo federal, através do CNPq. Este equipamento prevê também a instalação de uma rádio comunitária, até o presente momento ainda não regulamentada pelo Ministério das Comunicações.
Temos o Museu, que na verdade não é um museu, pois não tem acervo. A intenção é fazer daquilo ali uma outra idéia de museu, alguma coisa que venha a funcionar bem naquele local. Um centro multicultural.
Temos uma escola de artes, criada em 1991, e temos uma proposta para implementá-la, mas até hoje não encontramos um espaço físico. Essa escola de arte, que só existe de direito, passaria a existir de fato.
Outra idéia é criar a Escola Municipal de Música, e fora do 1º Distrito. Já fizemos até contato com a Escola de Música Villa-Lobos, no intuito de assinarmos um convênio de cooperação...
Queremos fazer um convênio com a Faetec, que quer fazer um trabalho no Armando Mello. Eles têm técnicos e poderiam fazer alguma reforma no teatro e pagariam os profissionais.
Vamos fortalecer os conselhos de representação, como já estamos fazendo com os Conselhos Municipais: de Cultura,de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e Étnica e incentivando a criação do Conselho Municipal de Turismo.

1.3.10

Valsa de uma cidade

Vi no blog do Dacio Malta, o Alguém me disse , e não resisti. Rita Lee, uma paulistana legítima e maravilhosa, cantando uma homenagem ao Rio de janeiro. A cidade hoje faz 445 anos. Ela merece.


http://youpode.com.br/blog/alguemmedisse/2010/03/01/valsa-de-uma-cidade


A Rita é tão fantástica que já foi citada em canções por Chico e Caetano separadamente. Evoé Rita.

Quando a idade chegar...

Fiz aniversário dia desses – 26/02 - e recebi mensagens paca de felicitações. Muito legal. Amigos novos e antigos fazendo contato via Blog, Orkut, Email e até mesmo – quem diria? - pelo velho e bom telefone. Heraldo HB escreveu um texto no relinkare que me deixou até meio besta.
Na verdade essa manifestação dos amigos aliviou minha terrível carga aniversarial.
Por conta de um dente siso inflamado, passei a semana de molho. Antibióticos em doses cavalares. Além do mais, prevendo a ação do tempo, resolvi voltar à estudar – Dessa vez termino a faculdade, juro.
No Brasil “muderno” quem não tem “diproma” é considerado inútil, sendo assim, acabei passando a noite do meu aniversário estudando – até as 23hs – e fui pra casa sequinho. Sem beber uma gota.
Enquanto isso, em Brasília, a coisa pegava fogo com uma olímpica "cassada" à uma amostragem de ladrões públicos ( Digo amostragem porque, aqui, combate a corrupção é que nem pesquisa eleitoral, se faz por amostragem. Se a cada ano prenderem um, o povo fica feliz e acha que instalou-se a moralidade).
No Rio os trens pegavam no tranco e o Metrô nem isso. Mas eu não estava nem ligando. De certa forma já ando anestesiado, imune as roubalheiras e a falta de Governos. Se o povo não liga, o MP não liga, a Alerj não liga e até mesmo a imprensa faz um esforço desgraçado para ignorar isso tudo, quem sou eu para ficar reclamando?
O Rio de janeiro é governado por pessoas que fazem o termo CIDADÃO ganhar uma especial conotação de diminutivo, mas e daí? Ninguém mais liga para essas coisas.
Pensando nessas coisas me lembro do poema de Affonso Romano de Santana, “Que País é este?”. Penso também no Affonso em sí, que sumiu, de uma hora para outra, desta mesma imprensa que insiste em se fazer de cega. De repente, não mais que de repente, me privaram das velhas crônicas do mestre. Aliás, jornais atualmente não se dão ao trabalho de contratar cronistas. Uma meia dúzia de sabujos é suficiente para manter os leitores na coleira, distantes e sem notícias de vida inteligente. De resto, é louvar o Deus mercado e defender a venda de tudo que se mova como forma de obter lucro para alguns poucos, como ocorre em qualquer País de terceiro mundo.