25.9.08

15 milhões é grana paca...

Cá pra nós, eu acho que a campanha de Eduardo Paes subiu no telhado. Apesar de inchado pela mídia governista, não creio que o candidato do destemperado Serginho Cabral deva sobreviver às denuncias, todas documentadas, expostas pelo Deputado Comte Bitencourt na Alerj. ( Para quem não leu segue o link do discurso do Deputado: http://www.alerj.rj.gov.br/assuntos2.htm )

Pega mau pra dedéu um candidato a Prefeito dar um prejuízo de 15 milhões à uma empresa pública do Estado.

Nenhum jornal deu a notícia, é claro. Afinal de contas a verba publicitária do Palácio Guanabara deu um salto muito maior do aquele da Russa bonitona nas olimpíadas de beijim. Coisa de dez vezes mais o que havia sido previsto. Não há veículo de comunicação de massa que resista a tanta grana. Sabe como é, né?


Apesar de tudo, porém, O Prefeito Cesar Maia, que não tem nada a perder, publicou os detalhes sórdidos da transação em seu ex blog. Tim-tim por tim-tim. Página por página. E não tem jeito. A assinatura do candidato está lá para quem quizer ver.


No caso do Rio de janeiro, pelo menos, foi o próprio candidato quem deu um tiro no pé ( preservando o bolso, é claro ). Pior foi na Baixada, onde o Governador anda fazendo capanha invertida. Fala tanta besteira que acaba ajudando os adversários de seus candidatos. Isso quando não impõe a presença de verdadeiros pela-sacos, sem voto nem legitimidade, na campanha televisiva. Cruz credo.


Sinceramente, este comportamento verborrágico do Governador não anda me cheirando bem.

23.9.08

Tem doido pra tudo...

Dia desses parei num bar para comprar cigarros e assisti à um debate curioso. Dois sujeitos já a meio caminho - e mais um pouquinho - do porre discutiam entusiasmadamente. Um defendendo Barack Obama e o outro John Mccain.
Nenhum dos dois me pareceu ser eleitor na terra do Tio Sam, mas o grau de paixão que cada um punha em sua defesa era algo espantoso.
Cá com meus botões, fiquei me perguntando: que diabos é isso? O que faz com que dois cidadãos brasileiros, terceiro mundistas natos, adotem para si valores americanos?
Que a classe média alta adote esse tipo de comportamento é até natural. Desde o século retrasado ela tem por hábito envergonhar-se do País que seus pais e avós criaram. Antigamente queriam ser europeus e hoje têm como referência os americanos. Mas, dois operários? Isso pra mim é novidade. Se o Obama fosse " O Brahma" eu entenderia. Afinal de contas, cerveja faz parte da nossa cultura popular. Mas não é. O nome do cara é Obama, parecido com Osama, e talvez até sua plataforma seja resgatar o que o quase homônimo pôs abaixo: a auto estima americana. Seria até interessante o slogam. Obama vai erguer o que o Osama jogou no chão. Mas nem sei se é esse o caso, mas enfim...
O fato é que o povaréu esta muito mais interessado nas eleições na matriz do que aqui na filial. Vai ver o povo acha que importante mesmo, é quem manda lá e considere nossos governantes como boy de luxo. Sei lá...
O interessante é que, segundo os doutos de plantão, algo entre 60 e 70% da população não está, literalmente, nem aí pra hora do Brasil. Eleição para maioria é uma coisa que ocorrerá num futuro distante, e, exatamente por isso, quase ninghuém tem a menor idéia de em quem vai votar. Não sei se é extrema sapiência ou uma bobagem infinita, mas o fato é que Obama e Maccain exercem mais liderança sobre o cidadão Brasileiro nesse momento do que a grande maioria dos candidatos tupiniquins. Daí é simples deduzir que, ou Obama e Maccain são muito bons, ou nossos candidatos são muito ruins. Modestamente, aposto na segunda opção.
De qualquer forma, como tem doido pra tudo, estas coisas acabam não fazendo a mínima diferença.

IPC ( Importante pra Caramba): Decidi que vou votar no Gabeira. Pelo menos estarei dando uma chance de sobrevivência à inteligência carioca.

18.9.08

Um poema...

Ana
Nua
Amua
Franze o cenho
E sua

Languidez
Ardor
Vontade

Arde
O lábio
A flor
A pétala
A base da última vértebra
A língua
A boca
O corpo
Arde

Largo
o afazer e venho
Dar-te
O amor
O beijo


Estabelecer
em ti
a central do meu desejo
Explorando dobras
Furnas
Escaninhos...

Dou-te mil carinhos
Meu luxurioso enlevo

Abro-te inteira
e bebo
Em teu cálice sagrado
O sumo da vida eterna

Recôndito portal
Caverna
Por onde passeio impune

A fúria
A febre
O êxtase

Um deus gozador nos une
A imensidão nos integra

17.9.08

Minhas cidades...

Existem, certamente, várias maneiras de se definir uma pessoa. Profissionalmente, por nível educacional, cultural; pelo lugar onde mora, pelas coisas que gosta, enfim, cada um define o seu semelhante e a si próprio de acordo com a identificação que se tem de um determinado aspecto daquela pessoa. Eu, pessoalmente, gosto de me definir como um Caxiense, ou Duque Caxiense, depende do grau de intimidade.
Quem me conhece sabe que eu amo profundamente a cidade do Rio de janeiro, mesmo porque foi a cidade em que trabalhei durante toda minha vida, desde os 14 anos, e morei durante um bom tempo em vários momentos e Bairros diferentes. Mas sabe também que minha paixão por Duque de Caxias é uma coisa avassaladora.
Assisti aflito o agravamento dos contrastes entre o Rio e Caxias no decorrer dos anos. Enquanto a capital se agigantava dotando a cidade de uma estrutura privilegiada, dignificava a Zona Oeste, aprimorava ainda mais a beleza da Zona sul e recuperava a história fantástica do Centro, Duque de Caxias minguava. Enquanto uma evoluía a outra parecia cada vez mais fadada ao limbo.
A realidade que sempre me agoniou, no entanto, caprichosamente começou a se inverter. De quatro anos para cá, Caxias deu início a um ciclo de evolução fantástico enquanto a capital definha a olhos vistos.
A mais bela cidade do Brasil vive hoje um drama terrível que abala todas as suas estruturas. Tráfico de drogas, favelas, degradação social... Tudo de ruim vem crescendo e se fortalecendo no Rio de Janeiro.
Enquanto isso Caxias se qualifica cada vez mais para o futuro. Se na década de 80 os jovens caxienses não tinham perspectivas profissionais, hoje contam com uma universidade federal, uma estadual e várias universidades privadas, instituições importantes e reconhecidas como Fundação Getúlio Vargas e PUC. Olhando para o futuro, a cidade investe em sua infra-estrutura duplicando avenidas importantes, fazendo obras capazes de nos proporcionar um mínimo de dignidade enquanto cidadãos, fortalecendo o comércio e a indústria locais, a cultura, a educação, enfim... Duque de Caxias se prepara para o futuro. Tudo isso me faz vibrar enquanto caxiense, embora a condição atual do Rio de janeiro me deprima.
Curiosamente, aliás, as duas cidades da minha vida são a primeira e a segunda economias do Estado.
Estou dizendo tudo isso por uma questão bem simples: eleições. Tanto o Rio de Janeiro quanto Caxias, assim como outras 5 mil e tantas cidades do Brasil, vão às urnas mês que vem escolher seus Governantes.
Na capital, sinceramente, a coisa anda indigesta. Nenhum dos candidatos tem o perfil que me faria empolgar. Gosto, por exemplo, do Gabeira, um sujeito intelectualmente qualificado. Mas não consigo deixar de associá-lo a um ser exclusivo da Zona sul. É claro que isso não o desqualifica como pessoa ou como profissional, muito pelo contrário. Mas não vejo a restrição geográfica como algo recomendável a um candidato.
Eduardo Paes e Solange são mais ou menos a mesma coisa. Sustentam-se unicamente por seus respectivos padrinhos, sendo que Solange leva vantagem no item fidelidade, pois nunca trocou de Padrinho.
Crivella, pra mim, nem conta. É candidato de uma igreja e não da cidade e nem de sua população. Nada contra o Senador, mas também nada a favor. Chico, Molon e Paulo Ramos, na verdade estão fazendo campanha pela reeleição em seus respectivos cargos. Chico com a retórica udenista de esquerda, Molon com absolutamente nada e Paulo Ramos com o histórico do PDT. No fundo o objetivo é 2010.
Sobra a Jandira, na qual eu naturalmente não voto, por pura falta de afinidade. De um modo geral o caos está estabelecido no Rio e o imenso vazio político que se formou na cidade é certamente um dos responsáveis pelo seu declínio.
Em Caxias a situação é exatamente oposta. Com apenas duas candidaturas concorrendo de fato - e uma terceira apenas marcando (ou desmarcando) posição - a eleição na nossa cidade é praticamente plebiscitária. De um lado Zito, com seu legado de 8 anos de Governo, e do outro Washington, em pleno exercício de seu primeiro mandato. Não há como deixar de tomar posição.
Eu, particularmente, não tenho e nunca tive nada contra o Deputado Zito, mesmo porque vendetas pessoais nunca fizeram meu estilo. E independente de qualquer coisa considero os governos dele e de Washington incomparáveis.
Pode-se dizer que há dez anos atrás a demanda caxiense era por asfalto apenas, e talvez isso seja verdade. Pode-se dizer que as pessoas adoram pracinhas com trem de manilha, tudo bem, eu compreendo. Acredito muito, porém, no futuro de Duque de Caxias. Creio que a cidade pode se desenvolver muito mais e gerar riquezas e qualidade de vida para seus filhos.
Sempre desejei que nossos filhos e filhas tivessem acesso a qualificação profissional de verdade, com nível universitário e salários dignos. Sempre apostei na cultura e na educação como molas mestras do desenvolvimento nacional, principalmente na atuação local, no município. Por tudo isso peço, educadamente, aos amigos que possam estar votando em outro candidato que me perdoem. Mas em Duque de Caxias meu candidato é Washington Reis.
Se outro candidato qualquer for vitorioso, tudo bem. Vida que segue. Mas vou torcer sempre por uma Duque de Caxias melhor e mais qualificada.
Quanto ao Rio, ainda tenho alguns dias para escolher o candidato menos pior...

10.9.08

E Fausto Wolff se foi...

Dentre todos os escritores brasileiros, Fausto Wolff foi certamente um dos meus autores preferidos. Conheci seus textos no fim da adolescência através de um livro seu cujo título ainda hoje me parece bem sugestivo: Venderam a mãe gentil.
Em leituras coletivas, eu e alguns amigos, davamos gargalhadas homéricas com alguns textos e apredíamos a refletir seriamente com outros. Era um tempo bom. Lia-se por prazer. E Fausto, com seus textos, proporcionava aos seus leitores prazeres infinitos em várias frequências distintas.
Com o tempo, é claro, vieram muitos outros livros, inclusive " Matem o cantor e chamem o garçom ", um dos meus favoritos e que me levou inclusive a dedicar um poema do meu primeiro livro ao seu personagem principal, Parsifal.
Por uma simples questão de evolução natural fui conhecendo e me envolvendo com a obra de Wolff e, consequentemente, descobrindo um período da vida brasileira em que a inteligência era apreciada e incentivada. Isso dito assim, hoje em dia, pode até parecer mentira, mas é a mais pura verdade.
O garoto que ininiciou a carreira como funcionário de jornal no Rio Grande e acabou se tornando um dos melhores jornalistas e escritores do Brasil, acabou me ensinando através de sua pena a amar a palavra escrita.
Os talentos fervilhavam naquela geração Pasquim, mas Wolff se destacava por conta de uma questão específica: a paixão. Seus textos eram contagiosos na acepção mais ampla da palavra. Alguns faziam rir, outros refletir, outros relaxar, mas cima de tudo seus textos faziam sentir. impossível ficar imune.
Conheci-o na época em que era Diretor da Fundação Rio e mantivemos contato durante algum tempo. Inclusive quando se candidatou a Deputado Federal, claro, contou com meu voto. Seria uma possibilidade fantástica contar com Fausto Wolff no parlamento brasileiro, pra dizer o mínimo.
Quando " A mão esquerda" foi publicado, já não tinhamos mais contato. Comprei o livro para matar as saudades dos textos de Wolff e fiquei impactado. Li, como se dizia antigamente, de uma sentada só. Uma obra magnífica.
Alguém, não lembro quem, disse certa vez que os textos de Wolff pareciam ser escritos com cinzel e martelo. É a mais pura verdade. seus textos eram arte pura.
O homem que poetizou seu próprio algoz se foi na sexta-feira passada. Agora, livre da tal da embolia, deve estar em algum lugar do espaço tomando um baita porre com os amigos que se foram antes dele. Deve estar satisfeito. O brasil atual, sem debates, sem paixões, sem genialidades, xôxo e politicamente correto do ponto de vista midiático deve ter imposto um tédio terrível ao bardo gaúcho.
Pior do que Fausto previa, a mãe gentil foi vendida sem licitação e com preço superfaturado. Coisa grotesca demais para quem ama o belo e tem um compromisso claro com vida.
Mas não há de ser nada. Outros Faustos certamente virão. Afinal de contas, a vida, apesar das comédias e tragédias, ou até mesmo por causa delas, continua vindo em ondas como o mar.
Evoé Fausto. Evoé Vinícius.