14.3.13

O Papa Chico e a virgindade baiana

Governador da Bahia só quer delegadas virgens

Mais um Papa foi eleito e, segundo uma profecia de São Malaquias que rola na net , será o último. O Papa, quem diria, é argentino, o que gerou uma infinidade de piadas explorando a rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina. Já disseram até que Maradona vai ser canonizado.
Talvez como forma de se vingar da escolha de um argentino, brasileiros já estão pegando no pé do Papa Chico. Até o Globo já estampou em sua primeira página – logo no segundo dia de papado – que o novo pontífice “colaborou” com a ditadura argentina. Pegou pesado.
Cá pra nós, quem em sã consciência espera de um Papa ou de um líder religioso qualquer semelhança comportamental com Chê Guevara? Isso não existe. Papa é um troço conservador. Não tem jeito. A igreja se baseia nisso, em seus valores dogmáticos. Esperar que um Papa defenda aborto e  casamento gay é o mesmo que esperar que um General consulte seus soldados sobre como ir a guerra. Não rola. Não é assim que a coisa funciona. Quem não está satisfeito que procure outra religião, pois o catolicismo é assim.
Mas vejam bem, não é só o catolicismo que é conservador, os governantes de “esquerda” também são. Na Bahia, por exemplo, governada pelo petista Jackes Vagner, um concurso para Delegadas, Inspetoras e Escrivãs exige, no edital, que as candidatas sejam virgens. Isso é mais que absurdo. É o absurdo multiplicado por dez e elevado a 36º potencia. Qual a lógica de se exigir virgindade em concurso público? Nenhuma, claro.
Considerando um sistema comparado de pesos e medidas, fico me perguntando: Quem é mais obtuso? O Papa, que se baseia em dogmas e conceitos seculares dos quais, com base na fé,  é um representante,  ou o governador, que tira essas grossuras de sua própria mentalidade atrofiada apesar de posar de “progressista” quando interessa?
Qual será o próximo passo do Governador petistas da Bahia? Exigir o teste da farinha para seus colaboradores diretos? E para seus companheiros de partido, vai exigir o que?
No contexto geral há um fato curioso... Ao mesmo tempo em que o Brasil tenta ressuscitar a ditadura militar, nossa vizinha Argentina tenta ressuscitar a guerra das Malvinas. Seguem os passos de Chavez, um Coronel do exército que usava Simon Bolívar com trampolim. Ou esse saudosismo é patológico, ou é estratégico. Como a imprensa graciosa, aliada do Governo, apoia, incentiva e faz o possível para reavivar os escabrosos tempos da ditadura, como o patrão mandou e pagou para que seja assim, creio que seja uma questão estratégica.

11.3.13

Renan, Feliciano e a cultura


Renan Calheiros, esse monstrengo que preside o Congresso nacional e acabou de dar uma punhalada nas costas do Rio de janeiro e do Espírito Santo, foi eleito. Tanto pelo povo de Alagoas, que já brindou o Brasil com uma nova eleição de Collor, quanto por seus pares no Senado que o fizeram Presidente.
O tal do pastor Feliciano, aquele que é homofóbico, racista e acabou de ser eleito para a CDH da Câmara, também foi eleito. Vários partidos, inclusive, abriram mão de suas representatividades para ceder espaço a esse sujeito na Comissão de Direitos Humanos.
Se a gente passar um pente fino no Congresso, encontraremos muitos personagens iguais a Feliciano e alguns poucos iguais a Renan, ambos com perfis nocivos à democracia Brasileira.
O que diferencia Renan de Feliciano não é apenas o fato de um ser Deputado e outro Senador , mas o papel de cada um deles nesse processo.
Renan manda. É poderosíssimo. Foi empoderado pelo próprio Zé Sarney, em pessoa, e dita as normas, determina o volume dos negócios feitos no congresso nacional em todos os níveis. Feliciano, ao contrário, apenas obedece. É um daqueles deputadinhos do baixo clero que passariam imperceptíveis se não ousassem botar a cabeça pra fora. É da estirpe dos que nasceram para obedecer e se alimentar, satisfatoriamente, com as migalhas que caem da mesa. Enquanto obedecer pode tocar os negócios de sua igreja à vontade, extorquindo, enganando e explorando a boa fé das pessoas. Renan, o chefe, garante suas atividades.
O que iguala Renan a Feliciano é, por incrível que pareça, a ignorância. Não a deles, mas a da sociedade que os elege.
Nos últimos anos o Brasil desenvolveu uma tradição na eleição de "péla sacos", de gente estúpida e incompetente, de gente incapaz, ignóbil, beócia e desonesta, mas espertas. Essa foi a opção no Brasil: Inverter a lógica da aristocracia e entregar o poder aos seus piores quadros.
E veja bem, isso se dá em todos os níveis – municipal, regional e nacional – tanto no executivo quanto no legislativo. E certamente se o Judiciário não fosse blindado contra o voto também faria parte desse contexto.
No fundo, a questão é cultural. Somos um país que não valoriza nem a própria cultura, nem a cultura geral e por conta disso vamos mergulhando cada vez mais na barbárie. Os próprios instrumentos públicos de cultura – Ministério, secretarias, etc – propagam a anti cultura sem qualquer pudor. O poder público adula a mediocrização e aí o cidadão vai perdendo sua identidade, suas referências e seu rumo. E a cultura passa a ser instrumento de pseudo intelectuais que promovem a massificação, transformando tudo em show da Xuxa, em entretenimento, em desumanização ampla, geral e irrestrita.
A consequência direta da nossa falta de cultura é o Congresso nacional, mas não apenas ele. Há os Ministérios, as assembleias regionais, câmaras locais e secretariados espalhados por aí. Em suma: somos governados por beócios porque escolhemos isso. Elegemos nossos próprios algozes. Talvez até isso seja algum complexo de inferioridade que nos induz a uma auto punição. Pode ser um troço de cunho religioso, filosófico ou até psicanalítico, sei lá. Mas o fato é que votamos mal e por isso somos roubados e ridicularizados o tempo todo.
É uma pena que o voto não seja facultativo. Pelo menos alguns deveriam ter o direito de não participar da farsa, né?