11.3.13

Renan, Feliciano e a cultura


Renan Calheiros, esse monstrengo que preside o Congresso nacional e acabou de dar uma punhalada nas costas do Rio de janeiro e do Espírito Santo, foi eleito. Tanto pelo povo de Alagoas, que já brindou o Brasil com uma nova eleição de Collor, quanto por seus pares no Senado que o fizeram Presidente.
O tal do pastor Feliciano, aquele que é homofóbico, racista e acabou de ser eleito para a CDH da Câmara, também foi eleito. Vários partidos, inclusive, abriram mão de suas representatividades para ceder espaço a esse sujeito na Comissão de Direitos Humanos.
Se a gente passar um pente fino no Congresso, encontraremos muitos personagens iguais a Feliciano e alguns poucos iguais a Renan, ambos com perfis nocivos à democracia Brasileira.
O que diferencia Renan de Feliciano não é apenas o fato de um ser Deputado e outro Senador , mas o papel de cada um deles nesse processo.
Renan manda. É poderosíssimo. Foi empoderado pelo próprio Zé Sarney, em pessoa, e dita as normas, determina o volume dos negócios feitos no congresso nacional em todos os níveis. Feliciano, ao contrário, apenas obedece. É um daqueles deputadinhos do baixo clero que passariam imperceptíveis se não ousassem botar a cabeça pra fora. É da estirpe dos que nasceram para obedecer e se alimentar, satisfatoriamente, com as migalhas que caem da mesa. Enquanto obedecer pode tocar os negócios de sua igreja à vontade, extorquindo, enganando e explorando a boa fé das pessoas. Renan, o chefe, garante suas atividades.
O que iguala Renan a Feliciano é, por incrível que pareça, a ignorância. Não a deles, mas a da sociedade que os elege.
Nos últimos anos o Brasil desenvolveu uma tradição na eleição de "péla sacos", de gente estúpida e incompetente, de gente incapaz, ignóbil, beócia e desonesta, mas espertas. Essa foi a opção no Brasil: Inverter a lógica da aristocracia e entregar o poder aos seus piores quadros.
E veja bem, isso se dá em todos os níveis – municipal, regional e nacional – tanto no executivo quanto no legislativo. E certamente se o Judiciário não fosse blindado contra o voto também faria parte desse contexto.
No fundo, a questão é cultural. Somos um país que não valoriza nem a própria cultura, nem a cultura geral e por conta disso vamos mergulhando cada vez mais na barbárie. Os próprios instrumentos públicos de cultura – Ministério, secretarias, etc – propagam a anti cultura sem qualquer pudor. O poder público adula a mediocrização e aí o cidadão vai perdendo sua identidade, suas referências e seu rumo. E a cultura passa a ser instrumento de pseudo intelectuais que promovem a massificação, transformando tudo em show da Xuxa, em entretenimento, em desumanização ampla, geral e irrestrita.
A consequência direta da nossa falta de cultura é o Congresso nacional, mas não apenas ele. Há os Ministérios, as assembleias regionais, câmaras locais e secretariados espalhados por aí. Em suma: somos governados por beócios porque escolhemos isso. Elegemos nossos próprios algozes. Talvez até isso seja algum complexo de inferioridade que nos induz a uma auto punição. Pode ser um troço de cunho religioso, filosófico ou até psicanalítico, sei lá. Mas o fato é que votamos mal e por isso somos roubados e ridicularizados o tempo todo.
É uma pena que o voto não seja facultativo. Pelo menos alguns deveriam ter o direito de não participar da farsa, né?

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