25.8.09

Vestido vermelho

O teu vestido vermelho amarfanhado no chão
na frente do antigo espelho que refletia tua boca

Você, em teu devaneio, divagava fevereiro
enquanto a minha cabeça percorria os outros meses

O teu perfume e teu beijo voaram pela janela
aberta do apartamento marcando em alto relevo
teu nome na minha pele

Mas os meus poros expelem, rejeitam as tatuagens e até inflamam as vezes

Os meus olhos continuam vagando pelas estradas
buscando a mulher alada parecida com você
bem assim como teus dedos tateiam o espaço escuro
em busca de um homem puro que habita teus desvarios

Teus passos rolam macios em avenidas da Europa, da Ásia, da Oceania...

Eu, por meu lado, me apego aos prazeres de Caxias
ou à doce anatomia ondulante e flexível das doidivanas de Copa

Eu sempre escancaro a boca em gritos desesperados por amor e liberdade
Pra você basta um controle de TV, uma novela ou qualquer coisa que engane
o cérebro transparente enquanto a paixão se evade

Ainda sinto teu cheiro, confesso. mas sempre tapo as narinas
em respeito as meninas que voam por minha cama

É claro, elas não amam e nem conhecem meu jeito
mas sabem a espessura das grades que me azucrinam

Nada começa em meu quarto e também nada termina

Amores são só amores e as cores do arco iris embaralham a retina
desfocam a imagem pura e espalham sentimentos confusos por toda parte

Poesia vem de marte, mortificação, de Vênus

Se eu conseguir, pelo menos, equilibrar morte e vida já vou me sentir tranquilo
para explorar o planeta e caminhar pelo tempo com as minhas próprias pernas

Por mais que se diga o oposto, as noites são sempre eternas e o gosto do amor escorre
por quase todos os lábios desde o começo das eras

Na verdade, a antiguidade é igual aos nossos dias em termos de amor e drama

Madalena fez a cama de discípulos insones. Sherazade seduziu e devorou muitos homens

Cleópatra arrebatou um império poderoso ostentando como arma apenas os seus encantos

Os amores foram tantos na história da humanidade
que homens criaram deuses para confundir verdades
difíceis de absorver, compreender e falar na cama ou até na sala
diante de outros seres

Mas você, com suas neuras e seus milhões de afazeres não sabe de nada disso

Até mesmo teu sorriso parece meio postiço oculto por velhas dores
sonhos escorregadios e manchas de leite morno

Ficava em mim o transtorno cruel e obsessivo por ver, assim, teu vestido,
jogado no chão do quarto amarfanhado num canto

Todo dia eu me matava. Nem sei bem por que servia a bebida em duas taças

Eu bebo e brindo a trapaça, você bebe por beber

Nas avenidas de Londres, Budapeste e Manágua a euforia e a mágoa
se misturam em você que, tola, nunca percebe a corrosão dos desejos

Teus dedos tocam na neve espessa do Canadá, afagam balas na guerra,
jogam dados no cassino e eu quase nunca atino para as loucuras que inventas
- demônios, chuvas, tormentas - pra te tornares amarga

Amo uma e outra fada, passeio por entres as pernas
das meninas nas calçadas e nunca penso em você

Quando me concentro em nada, abro meu peito na estrada
e me espalho no planeta clamando amor e gozo

Meu mundo gira de novo no mesmo tempo e espaço a que estou acostumado

Mas sempre que ultrapasso as fronteiras de você me esqueço do que fazer

O tempo apagou os traços da nossa cumplicidade

O que me resta é a tarde e o sol descendo na linha preguiçosa do horizonte

Te absorvi anteontem e talvez até recorde de você um dia desses
quando eu estiver cansado de beber em outras fontes

Mas hoje, nem mesmo um fardo eu me sinto carregando

Apenas penso nos anos, nos sumos desperdiçados por febre, fome ou fastio

O amor começa eriçado mas vai perdendo a tensão até que fica vazio

Os trilhos por que trafego quase sempre dão num rio empanturrado de amores

Fragrâncias, tons e sabores dispostos no mesmo espaço
sempre ao alcance dos braços dos olhos e dos sentidos para os fins mais variados

Eu nunca me sinto ilhado banhando-me nessas águas impregnadas de cores

Pelo contrário, minha alma fica mais leve, e passeia
Se espalha na superfície, se esfrega, embriagada, em cada palmo de amor

Submeto-me, de bom grado à sensação de torpor como um Dionísio dopado
por inalações lascivas

Espírito serenado deixo fluir minha febre nessa profusão de cheiros que explode dos corpos todos

Vejo na frente do espelho o teu vestido vermelho e rio do meu esforço
para adivinhar teus passos por alamedas escuras

As águas fluíram em março e desbotaram o esboço que havia de você

Hoje à noite vou beber o vinho mais saboroso no cálice virtuoso da minha musa mais bela

Um sorriso de aquarela estará naturalmente emoldurando meu rosto.

24.8.09

O legado de Vargas - Por Darcy Ribeiro









Getúlio Vargas (1883-1954) foi o maior dos estadistas brasileiros. Foi também o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites. Tinha que ser assim. Getúlio obrigou nosso empresariado urbano de descendentes de senhores de escravos a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Os politicões tradicionais, coniventes, senão autores da velha ordem, banidos por ele do cenário político, nunca o perdoaram.
Os intelectuais esquerdistas e os comunistas, não se consolam de terem perdido para Getúlio a admiração e o apoio da classe operária. Com eles, o estamento gerencial das multinacionais. Getúlio foi o líder inconteste da Revolução de 1930. Tendo exercido antes importantes cargos, Getúlio pôde se pôr à frente do punhado de jovens gaúchos que, aliados a jovens oficiais do Exército - os tenentistas -, desencadearam a Revolução de Trinta. A única que tivemos digna desse nome, pela profunda transformação social modernizadora que operou sobre o Brasil.
No plano político, a Revolução de 30, proscreveu do poder os coronéis-fazendeiros com seus currais eleitorais e destitiuiu os cartolas do pacto "café-com-leite", que faziam da República uma coisa deles. Institucionalizou e profissionalizou o Exército, afastando-o das rebeliões e encerrando-o dentro dos quartéis.
No plano social, legalizou a luta de classes, vista até então como um caso de polícia. Organizou os trabalhadores urbanos em sindicatos estáveis, pró-governamentais, mas anti-patronais.
No plano cultural, renovou a educação e dinamizou a cultura brasileira. Getúlio governou o Brasil durante quinze anos sob a legitimação revolucionária, foi deposto, retornou, pelo voto popular, para cinco anos mais de governo. Enfrentou os poderosos testas-de-ferro das empresas estrangeiras, que se opunham à criação da Petrobrás e da Eletrobrás, e os venceu pelo suicídio, deixando uma carta-testamento que é o mais alto e o mais nobre documento político da história do Brasil.
Vejamos, por partes, os feitos de Getúlio. Logo após a vitória, estruturou o Governo Federal com seus companheiros de luta, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor, aos quais se juntaram mais tarde Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto e outros. Colocou no governo, também, seus aliados militares - Juarez Távora, João Allberto, Estilac Leal, Juracy Magalhães, entregando a eles, na qualidade de interventores, o governo de vários estados e importantes funções civis. Só faltaram dois heróis do tenentismo: Luís Carlos Prestes, porque havia aderido, meses antes, ao marxismo soviético, e Siqueira Campos, que morreu num acidente durante a conspiração.
O Governo Revolucionário criou o Ministério da Educação e Saúde, entregue a Chico Campos, fundou a Universidade do Brasil e regulamentou o ensino médio, em bases que duraram décadas. Criou, simultaneamente, o Ministério do Trabalho, entregue a Lindolfo Collor, que promulga, nos anos seguintes, a legislação trabalhista de base, unificada depois na CLT, até hoje vigente. O direito de sindicalizar-se e de fazer greve, o sindicato único e o imposto sindical que o manteria. As férias pagas. O salário mínimo. A indenização por tempo de serviço e a estabilidade no emprego. O sábado livre. A jornada de 8 horas. Igualdade de salários para ambos os sexos etc., etc.
Getúlio inspirou-se, para tanto, no positivismo de Comte, que já orientava a política trabalhista dos gaúchos, do Uruguai e da Argentina. Oswaldo Aranha, à frente do Ministério da Fazenda, reorganizou as finanças, revalorizou a moeda nacional e negociou a velha e onerosa dívida externa com os ingleses, em bases favoráveis ao Brasil. Guerra de ideologias - Dois anos depois da revolução vitoriosa, Getúlio enfrentou e venceu a contra-revolução cartola, que estourou em São Paulo, defendendo a restauração da velha ordem em nome da democracia.
Em 1934, convocou e instalou uma Assembleia Constituinte que aprovou uma nova Constituição, inspirada na de Weimar. Com base nela, foi eleito Presidente Constitucional do Brasil. Getúlio teve que enfrentar, desde então, a projeção sobre o Brasil das ideologias que se digladiavam no mundo, preparando-se para se enfrentarem numa guerra total. De um lado, os fascistas de Mussolini, que se apoderaram da Itália, e os nazistas de Hitler, que reativaram a Alemanha, preparando-se para se espraiarem sobre o mundo. Do lado oposto, os comunistas, comandados desde a União Soviética, com iguais ambições. A direita se organizou aqui com o Partido Integralista, que cresceu e ganhou força nas classes médias, principalmente na jovem oficialidade das forças armadas.
Os comunistas começaram a atuar nos sindicatos, estendendo sua influência nos quartéis. Ampliaram rapidamente sua ação, através da Aliança Nacional Libertadora, que atraiu toda a esquerda democrática e anti-fascista. Os comunistas conseguiram de Moscou, que apoiava uma política de aliança com todos os anti-fascistas do mundo, que abrisse uma exceção para o Brasil, na crença de que aqui seria fácil conquistar o poder, em razão do imenso prestígio popular de Prestes.
Desencadearam a intentona, em 1935, que foi um desastre. Não só desarticulou e destroçou o Partido Comunista, mas também provocou imensa onda de repressão sobre todos os democratas, com prisões, torturas, exílios e assassinatos. O resultado principal da quartelada foi fortalecer enormemente os integralistas, abrindo-lhes amplas áreas de apoio em muitas camadas da população, o que lhes permitiu realizar grandes manifestações públicas, marchas de camisas verdes, apelando para toda sorte de propaganda, a fim de eleger Plínio Salgado Presidente da República. Getúlio terminou por dissolver o Partido Integralista, assumindo, ele próprio, o papel de Chefe de um Estado Novo, de natureza autoritária. Quebrou o separatismo isolacionista dos estados, centralizando o poder e ensejando o sentido de brasilidade.
A guerra - Em 1939 estalou a guerra. Todos supunham que a propensão de Getúlio era de apoio às potências do Eixo, em função da posição dos generais . Surpreendentemente, Getúlio começou a aproximar-se da democracia, através de Oswaldo Aranha, que fez ver aos Aliados que Getúlio era propenso a apoiar as democracias. Não o fez de graça, porém. Exigiu dos Estados Unidos, como compensação pelo esforço de guerra que faria, cedendo bases em Belém e em Natal e fornecendo minério, borracha e outros gêneros, duas importantíssimas concessões. Primeiro, a criação de uma grande siderúrgica que viria a ser a Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN, matriz de nossa industrialização. Segundo, a devolução ao Brasil das reservas de ferro e manganês de Minas Gerais e da Estrada e Ferro Vitória-Minas, em poder dos ingleses. Com elas se constituiu a Companhia Vale do Rio Doce que nas décadas seguintes teve um crescimento prodigioso. Toda essa negociação se coroou quando Getúlio consegue que Roosevelt viesse a Natal, em sua cadeira de rodas, para conversar com ele, consolidando aqueles acordos e obtendo do Brasil a remessa de uma força armada para a batalha da Itália.
Com a vitória dos Aliados na guerra, cresceu o movimento de redemocratização do Brasil, que logo se configurou como incompatível com a presença de Getúlio no governo. Ele tentou conduzir o processo e para isso criou, com a mão esquerda, o PTB, para dar voz política aos trabalhadores; e com a mão direita, o PSD, para expressar os potentados da administração pública, com os quais governara. Gerando desconfiança em todos, Getúlio finalmente caiu, num golpe militar encabeçado por Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, seu Ministro da Guerra. O governo foi entregue ao Supremo Tribunal Federal, que convocou e realizou eleições, nas quais se defrontaram, representando as forças nominalmente democráticas, o Brigadeiro Eduardo Gomes e, na vertente oposta, o general Gaspar Dutra. Ganhou Dutra, graças ao apoio de Getúlio, que vivia desterrado em sua fazenda de Itu, no Rio Grande do Sul. Simultaneamente, Getúlio se elegeu Senador por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul, e Deputado Federal pelo Distrito Federal, pelo Rio de Janeiro, por Minas Gerais, Bahia e Paraná.
A volta - Nas eleições de 1950, Getúlio se candidatou à Presidência da República, enfrentando Eduardo Gomes, mas encontrou um estado destroçado e falido por Dutra, que, eleito por ele, governara com a direita udenista. Getúlio, logo depois de empossado, formulou nosso primeiro projeto de desenvolvimento nacional autônomo, através do capitalismo de estado, e um programa de ampliação dos direitos dos trabalhadores. Começou a lançar os olhos para a massa rural. A característica distintiva do seu governo foi, porém, o enfrentamento do capital estrangeiro, que ele acusava de espoliar o Brasil, fazendo com que recursos, aqui levantados em cruzeiros, produzissem dólares para o exterior, em remessas escandalosas de lucros. Toda a direita, associada a essas empresas estrangeiras e por ela financiada, entrou na conspiração, subsidiando a imprensa para criar um ambiente de animosidade contra Getúlio, cujo governo era apresentado como um "mar de lama". Neste ambiente, o assassinato de um major da Aeronáutica, que era guarda-costa de Carlos Lacerda, por um membro da guarda pessoal de Getúlio no Palácio do Catete, provocou uma onda de revolta, assumida passionalmente pela Aeronáutica na forma de uma comissão de inquérito, cujo objetivo era depor Getúlio.
A crise se instalou e progrediu até a última reunião ministerial, em que Getúlio constatou que todos os seus ministros, exceto Tancredo Neves, viam como solução a sua renúncia. Ele havia recebido, através de Leonel Brizola, a informação de que podia contar com as forças militares do sul do país. Mas, para tanto, seria necessário desencadear uma guerra civil. A solução de Getúlio foi seu suicídio. Antes entregou a João Goulart a Carta -Testamento, que passou a ser o documento essencial da história brasileira contemporânea.
Virada - O efeito do suicídio de Getúlio foi uma revirada completa. A opinião pública, antes anestesiada pela campanha da imprensa, percebeu, de abrupto, que se tratava de um golpe contra os interesses nacionais e populares, que era a direita que estava assumindo o poder e que Getúlio fora vítima de uma vasta conspiração. Os testas-de-ferro das empresas estrangeiras e o partido direitista, que esperavam apossar-se do poder, entraram em pavor e refluíram. As forças armadas redefiniram sua posição, o que ensejou condições para a eleição de Juscelino Kubitsheck.
O translado do corpo de Getúlio, do Palácio do Catete até o Aeroporto Santos Dumont foi a maior, a mais chorosa e mais dramática manifestação pública que se viu no Brasil. Pode-se avaliar bem o pasmo e a revolta do povo brasileiro ante esta série de acontecimentos trágicos, que induziram seu líder maior ao suicídio como forma extrema de reverter a seqüência política que daria fatalmente o poder à direita (Darcy Ribeiro, 1994).

Ouçamos Getúlio


Por Mauro Santayana - da Agência Carta Maior

A evocação da morte de Vargas é uma forma de ouvi-lo, retornar aos anos 50, tão marcados pelos conflitos políticos, mas, ao mesmo tempo, tão decisivos para o desenvolvimento do País. Hoje é muito fácil dizer que a ditadura militar foi modernizadora, mas os militares encontraram um país preparado para saltos ainda maiores. Encontraram grandes empresas hidrelétricas em funcionamento, uma empresa petrolífera em expansão - a Petrobrás - malha rodoviária importante, unindo todas as grandes regiões geográficas, razoável rede ferroviária que, apesar dos poucos investimentos durante o governo Juscelino, funcionava bem.
Hoje está muito claro que Vargas, com o seu suicídio, adiou o golpe militar pró-americano por dez anos. A Carta de Vargas é a mais clara denúncia contra o imperialismo (porque é disso que se trata, apesar do envelhecimento da palavra) norte-americano que conhecemos. Hoje, ninguém duvida de que todo o cerco contra Getúlio, em 1953 e em 1954, foi orquestrado e dirigido pelos serviços norte-americanos. Os dez anos ganhos - com todos os percalços - nos permitiram consolidar as grandes indústrias de base, construir Brasília, dar continuidade ao processo democrático, com a passagem tranqüila do poder a Jânio Quadros (que não soube honrá-lo) e - mesmo nos limites de uma guerra civil, e do expediente constitucional da adoção do parlamentarismo - assegurar a posse de João Goulart, em 1961.
Desde o início de nossa vida independente os interesses anglo-saxões buscaram tolher o desenvolvimento econômico do Brasil. Sabiam, ingleses e norte-americanos, que o crescimento autônomo da economia brasileira significaria a soberania política nacional. Ora, uma grande nação na América do Sul contestaria, como é natural na História, a predominância continental dos Estados Unidos. Para as grandes nações hegemônicas não basta competir com suas vantagens acumuladas: é necessário impedir que os outros cresçam. Por isso, o desenvolvimento brasileiro sempre foi dosado pelos ianques: era preciso produção suficiente para gerar recursos a fim de os gastar na importação de bens e serviços dos Estados Unidos - mas nada além disso.
Os norte-americanos precisavam de um mercado comprador, não de um mercado competidor.
Vargas nunca rejeitou a presença de capitais estrangeiros no Brasil. Ao contrário, aproveitando-se das circunstâncias da guerra, valeu-se de capital norte-americano para a construção de Volta Redonda e a criação da Vale do Rio Doce. O que Vargas não queria, e por isso foi levado ao suicídio, é que se misturassem as coisas. Em primeiro lugar, não cabe ao Estado financiar estrangeiros. Em segundo lugar, os investidores não podem, em nome de seu capital, exercer qualquer tipo de influência e poder político em nosso país. Todos os grandes países do mundo foram e são nacionalistas - e o Brasil não podia ser uma exceção, a menos que se dispusesse a retornar à condição colonial.
Empresas estrangeiras atuaram durante o governo Vargas, mediante concessões, algumas antigas, principalmente no setor de energia elétrica e telefonia - mas não é segredo que o Presidente, ao criar a Eletrobrás, queria que o país se livrasse dessa dependência. As concessionárias não reinvestiam seus lucros na geração e distribuição de mais energia, o petróleo era todo ele importado, e isso atava o nosso desenvolvimento. De qualquer forma, Getúlio e Juscelino, bem como, antes, Artur Bernardes e Epitácio, sempre mantiveram essas empresas dentro de seus limites. Não havia, nos contratos de concessão daquele tempo cláusulas que garantissem dividendos mínimos, nem liberdade tarifária - e muito menos indenizações por motivos de força maior, como os desastres climáticos. A ética do capitalismo é a do risco, não a da segurança garantida pelos compradores e consumidores.
A evocação de Vargas e do cerco a que foi submetido é importante para impedir que avance o projeto de parceria público-privada que foi enviado pelo governo federal.

19.8.09

O artífice do mal

Sérgio Cabral Filho é, de longe, o pior chefe de executivo que o Estado do Rio de Janeiro já produziu. Superou, com honras, o triste legado de Marcelo Alencar.
Em 2 anos e meio de Governo não há uma só ação positiva em território Fluminense que possa ser atribuída a Sérgio Cabral, o homem que salvou Sarney.
Os idiotas da objetividade podem até reivindicar as UPAS, mas na verdade estas beneficiam apenas aqueles que a alugam por cerca de 700 mil reais mensais para o Estado, segundo denúncias que pululam na internet e em todos os ambientes não “Globais” do Rio.
Recentemente, entretanto, Cabral, através de seu cambono mor na PM, superou todos os recordes da indignidade pública. Com apenas uma canetada, o comandante, cargo temporário em sua essência, pôs em cheque toda a história de uma corporação que tem como patrono Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Do alto de sua empáfia e talvez apoiado no mais profundo desconhecimento jurídico, o comando da PM , na prática, passou a permitir uma série de condutas irregulares e até, em certos casos, criminosas, ao mesmo tempo em que transformou em delito gravíssimo o exercício da democracia.
Na verdade, a ação é completamente dirigida.
Alguns oficiais da PM, como o Tenente Melquisedeque e o Coronel Paul, entre outros, tem feito questão de honrar publicamente a farda que usam e defender seus companheiros da ação perniciosa de um Governo indigno dos votos que recebeu.
E isso, para qualquer ser com pendores ditatoriais, se assemelha à um crime.
Roubar, matar, extorquir e rapinar o patrimônio público tem sido bandeira de alguns Governos e práticas comuns no lamentável histórico governamental brasileiro, e, exatamente por isso, há sempre bravos companheiros dispostos a denunciar os crimes e enfrentar as ações covardes de poderosos de maior ou menor porte.
No caso do Rio de Janeiro, inclusive, tais ações não se restringem à PM, ocorrem em todo o Estado e contra todos os servidores públicos.
Onde quer que se vá, na estrutura estadual, é possível encontrar trabalhadores perseguidos e prejudicados profissionalmente pelo simples fato de não aceitar dizer amém para o fascismo reinante no Governo. Algo abominável.
Pessoalmente, salvo um ou outro amigo de infância, jamais convivi com a rotina das polícias do Rio de Janeiro, nem Militar, nem Civil. Creio, no entanto, por convicção, que cabe a todos nós o respeito e a defesa destas instituições que pertencem ao Estado - e, consequentemente, ao povo - não a Governantes passageiros. Principalmente quando estes agem como cacheiros viajantes e fogem de quaisquer responsabilidades, inclusive as que fazem parte das atribuições de seu cargo.
O Rio de Janeiro e suas instituições precisam de todos nós. Só a sociedade organizada e o povo unido podem dar fim aos desmandos que se amontoam no atual (Des) Governo. Ao contrário do que deseja Sérgio Cabral, precisamos absorver para todos nós a indignação do Tenente Melquisedeque e do Coronel Paul, pois é essa indignação que nos fara superar oi mal que se incrustou na máquina do poder Estadual, tendo o próprio Governador como artífice desse mal.
Brizola disse certa vez que o povo tem o direito de maldizer seus algozes. Nós somos o povo e a sociedade fluminense. Façamos isso.

16.8.09

A RUA DOS CATAVENTOS

Da vez primeira em que me assassinaram,

Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana

12.8.09

Lindberg desce a lenha

O Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria, escrevendo no Jornal O Dia, desceu a lenha em Sérgio Cabral e na tese do palanque único para Dilma no Rio de Janeiro. Parcialmente, Lindinho esta correto.
Se Sérgio Cabral for o único palanque de Dilma no Rio a candidata corre sério risco de naufrágio. Em dois anos e meio de Governo não há uma só ação Governamental no Estado que possa ser atribuída a Sérgio. Ou, pelo menos, nenhuma que seja positiva.
Quase todas as fitas cortadas por Cabral até o momento ou se referiam à obras realizadas por Garotinho e Rosinha, ou a obras do Governo Federal, apadrinhadas por Lula.
Se o processo eleitoral pudesse ser comparado ao jogo de palitinhos, teríamos de ante mão a certeza de que Sérgio Cabral abriria de lona.
Como se não bastasse a escassez de realizações, o filho de Sérgio Cabral tem contra ele a estapafúrdia política de segurança que, ao contrário de todas as recomendações legais, trata o cidadão pobre como criminoso até que se prove o contrário.
É tão evidente a política genocida de Cabral que a própria arquidiocese do Rio de Janeiro teme que a escolha do tema violência para a campanha da fraternidade provoque um recrudescimento da ação policial. O Arcebispo do Rio sabe que a única referencia do Desgoverno do Estado é a mídia e sabe o quanto isso pode ser perigoso.
O volúvel Prefeito de Nova Iguaçu, portanto, tem razão quando defende três palanques para Dilma, pois sabe que Cabral, sozinho, poderia provocar um desastre.
Por outro lado, no entanto, certamente não caberá à Lindberg, como o próprio dá a entender, uma candidatura de esquerda e com caráter popular. O Histórico político do Prefeito não permite esta avaliação.
Estudante profissional até bem pouco tempo, Lindberg sempre pôs seus ovos, e devidamente os chocou, no ninho da classe média alta , sobretudo jovens, da zona sul carioca. Sua repentina aparição em Nova Iguaçu, inclusive, deixou estupefato boa parte de seu eleitorado. Indiscutivelmente, no entanto, o ex- militante radical de esquerda teve a competência necessária para vencer as eleições fora de seu território natural, mesmo que para tanto tivesse que sacrificar no altar do poder todo o cabedal ideológico com que construiu sua carreira e sua fama.
Este perfil de estudante rico com discurso de guerrilheiro deixa Lindberg à quilômetros de distância de qualquer concepção popular e , mesmo evocando Brizola, como fez no artigo, o cacoete “burguês” lhe trairia o discurso.
Realmente não deve ser fácil ser Prefeito de uma cidade da Baixada Fluminense e ter que se deslocar até a zona sul cada vez que tem vontade de tomar um chope. Mais pode até ser que no trajeto entre uma região e outra, observando o colossal abismo cultural e financeiro que as separa, o Prefeito aprenda alguma coisa.
Seu guru, Vladimir Palmeira, tentou bastante. Infernizou o PT até que este finalmente cedesse e lhe permitisse uma candidatura a Governador e o resultado foi o fiasco que se viu. Mas enfim, são pessoas e momentos diferentes, por mais estreitas que sejam suas relações.
De um modo geral, no entanto, seria interessante para Dilma a candidatura de Lindberg Faria. Daria a candidata um apoio considerável tanto na Zona sul da capital, quanto nas camadas sociais mais abastadas de Nova Iguaçu e , além disso, emprestaria à Dilma um certo ar aventureiro e ideologicamente romântico.
Somando-se à isso, a campanha realmente popular de Garotinho lhe traria uma enxurrada de votos vindos do interior e de toda a região metropolitana e lhe garantiria no Estado uma votação bem próxima aquela que o próprio Lula recebeu quando apoiado por Garotinho, no segundo turno de 2002.
Isso tudo, no entanto, é o que seria bom para Dilma. Bom para o Rio de Janeiro seria ter Lindberg concorrendo ao Senado, apoiando Garotinho para Governador, e se preparando para Governar o Estado daqui a quatro ou oito anos.

11.8.09

Facismo para inglês ( e o mundo ) ver. Ou, convocando Conor Foley

Não faz muito tempo - 02/08 - escrevi aqui sobre uma matéria do jornal inglês The Guardian à respeito do filme brasileiro Tropa de Elite. O jornalista Conor Foley descrevia o Tropa como um filme fascista, visão da qual discordo plenamente. Um leitor estrangeiro chegou a postar um comentário questionando minha posição, tive então a oportunidade de explicar que, a meu ver, não o filme, mas a elite brasileira é fascista e, em consequência disso, o poder acaba sendo exercido sob a ótica do fascismo.
Passado algum tempo, volto ao tema, desta vez para pedir socorro ao The Guardian, ao jornalista Conor Foley e a toda a imprensa internacional, para o que vem ocorrendo no Rio de Janeiro.
Faço questão, inclusive, de tirar o chapéu para a tese de que é necessária uma visão internacionalizada do processo social como um todo, para que atrocidades não sejam cometidas em nome da lei e da ordem.
Recentemente o Brasil foi cobrado, e teve que se explicar na ONU, pela proposta teratológica de construir muros ao redor das favelas, oficializando guetos sociais. Tal proposta veio do Governo do Rio de janeiro, de um governante regional, que, apesar de aliado, não representa a orientação política do Presidente da República.
Lula pode até ter seus pecados, e certamente os tem, mas o fascismo, ao que se sabe, não esta entre eles.
Pois bem, este mesmo governante regional, senhor Sérgio Cabral, vem impondo uma Pax, ao estilo romano, à praticamente todas as comunidades carentes da região metropolitana do Rio de Janeiro. Em nome dessa Pax, muitos cidadãos tem sido trucidados. Jovens, crianças e adultos, indiscriminadamente, tem seus assassinatos excluídos das estatísticas oficiais enquanto o solo das favelas vem sendo adubado com sangue, muito sangue, de gente inocente.
Isso sim, é uma política de governo fascista e sanguinária. Uma concepção que determina o grau de cidadania pelo poder aquisitivo e que impõe aos mais pobres a qualificação de párias.
Na verdade a política oficial do Governo do Rio de Janeiro estabelece os limites da Zona sul como marco civilizatório e trata todo o resto da cidade, e do Estado, como áreas povoadas por personas non gratas.
Trata-se de uma postura oficial de Governo ratificada pelo próprio Secretário de segurança, Sr. Biltrame, para quem os tiros só podem ecoar fora dos limites da região mais rica da capital.
Ao invés de tiros em “Columbine”, podemos ver e ouvir tiros em todas as direções, excetuando-se a Zona sul – em tese.
Na prática, é claro, nem a Zona sul é poupada.
A internacionalização deste debate – como propôs nosso leitor em seu comentário - é na verdade a única forma de tornar público o uso de uma política condenada em todo o planeta, consensualmente, desde da segunda guerra mundial.
Isso se dá porque aqui, infelizmente, não vigora o exercício do jornalismo.
Nossas empresas de comunicação, como se sabe, tão tacanhas e atrasadas como a maioria de nossos dirigentes, são monopólios privados que atuam em sociedade com governantes “amigos”, o que inviabiliza qualquer possibilidade de uma cobertura minimamente imparcial.
Espero, sinceramente, que o The Guardian e outros órgão da imprensa internacional nos "socorram", pois atualmente somos meros reféns. Tanto de Governos como da mídia que, a troco de favores especiais, esconde as mazelas, glorifica ações de fachada e aplica uma poderosa blindagem aos péssimos Governantes.
Acredito neste “socorro” internacional porque não posso admitir que as teses de Joseph Goebbels, e porque não dizer, de Menguele, vençam a guerra por um conceito básico e profissional no exercício da comunicação, como um todo, e do jornalismo, em particular.

10.8.09

O Senado e a sociedade

Essa coisa da super exposição do Senado já esta ficando cansativa, mas há um lado bom nessa história. Por uma simples questão de poder e vaidade pessoal nossos amados representantes na Câmara alta estão mostrando o rosto à nação.
Nada ali é novo, nem a roubalheira, nem a nomeação de parentes, nem o uso de grana pública para atender aos interesses pessoais de Vossas excelências. Na verdade, nem mesmo os xingamentos são uma coisa nova.
Palavrões fazem parte da rotina do casa a muito tempo, inclusive – quem é do ramo sabe disso – o adjetivo mais badalado em plenário para se referir à adversários é “LADRÂO”.
O conhecimento de causa faz com que cada Senador perceba muito bem cada ação de seus pares, daí a certeza absoluta no emprego das palavras.
Boa parte dos Senadores brasileiros estão a muito e muito tempo no poder. O de Sarney, por exemplo, deve ser anterior a Noé. Se bobear já exercia o poder na pangeia.
Outra característica básica de nossos Senadores é a cornucópia financeira. Na verdade nenhum deles precisa dessa coisa mesquinha de ficar se beneficiando de graninhas e granonas públicas através de mutretas várias, pois todos são riquíssimos. Mas avançam sobre o dinheiro público assim mesmo. Trata-se de um vício adquirido com os muitos anos de exercício do poder.
O que deveria ser uma casa de representantes do povo se transformou em um clube de “proprietários” do povo. Uns são donos do Maranhão, outros do Piauí, outros de Alagoas, do Ceará e assim sucessivamente - o que explica o fato de esses Estados apresentarem o pior IDH do Brasil. Não há dinheiro que chegue para saciar a avidez de nossos Senadores. Alguns, inclusive, são cara de pau o suficiente para assumir em plenário a posse de jatinhos particulares caríssimos cujos voos são regiamente pagos com verbas públicas.
Salário de Senador, evidentemente, não da para comprar jatinho. Na verdade não da para comprar nem 10% do patrimônio que os membros da casa ostentam. Mas no Brasil ninguém liga para isso. Muito pelo contrário. A votação desses caras é sempre proporcional a riqueza acumulada. E aí chegamos ao ponto nevrálgico da questão: o voto.
Nenhum desses caras chegou ao Senado sem votos, o que significa que, de alguma forma, somos todos – enquanto sociedade - coniventes com a situação.
A verdade é que ao invés de rejeita-los, nossa sociedade os adula.
Se um dos nossos homens públicos notoriamente desonestos chega a um evento social, imediatamente forma-se uma rodinha para cumprimenta-lo, abraça-lo, convida-lo para outros eventos. O mesmo cidadão que no bar da esquina berra impropérios contra um político corrupto, saúda-o quando em ambiente privado. Nossa sociedade é assim, conivente. Por mais que doa, precisamos assumir isso, até para que haja alguma possível evolução.
O Senado, assim como o congresso, tem a feição exata da sociedade que o elege. E por mais que essa sentença cause náuseas à um leitor mais sensível é preciso que se diga isso em todos os cantos, até como forma de atiçar a nossa vergonha na cara coletiva.

6.8.09

Brizola e Garotinho

Leonel de Moura Brizola foi o maior líder popular brasileiro da segunda metade do século passado. Mesmo se considerarmos o histórico político nacional de todos os tempos, só Getúlio Vargas - até hoje, 55 anos depois de sua morte, considerado o maior Presidente brasileiro de todos os tempos - teve dimensão superior a de Brizola como líder político .
Nascido em Carazinho, RS, Brizola foi Governador de seu Estado e obteve a maior votação de todos os tempos para Deputado Federal, ainda na década de sessenta, com mais de 1 milhão e meio de votos. Cassado pela golpe militar de 64, voltou do exílio em 1979, perdeu na justiça a sigla do PTB e criou o PDT, partido pelo qual se elegeu Governador do Rio de Janeiro.
Para se ter uma ideia da força eleitoral de Brizola, no período entre 1982 e 2006, dos seis Governadores eleitos sucessivamente, apenas um, Moreira Franco, não teve passagem pelo PDT. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, todos os Prefeitos entre 1982 e 2008 construíram suas carreiras políticas ao lado de Brizola.
Jamil Hadad, Saturnino Braga, Marcello Alencar, Cesar Maia, Luiz Paulo Conde, Garotinho e Rosinha, todos governantes municipais ou estaduais, estiveram sob a orientação de Brizola em momentos cruciais de suas carreiras. De todas as “ crias “ de Brizola, no entanto, apenas Garotinho seguiu os passos do líder histórico e é até hoje o que mais se assemelha ao velho caudilho.
Desafiando os preceitos da genética, a cada dia que passa, na medida em que amadurece, Garotinho vai ficando mais parecido com Brizola, seja no gestual, na forma de falar, no modo como tritura os adversários com palavras, na convicção política e até mesmo, e principalmente, nas perseguições sofridas pelas estruturas do poder, no carinho dedicado aos mais pobres e na capacidade de resistir à todas as agressões sofridas, ressurgindo sempre de suas próprias cinzas, como a Fênix.
Nos últimos 10 anos Garotinho foi certamente o líder político mais perseguido do País. Acusado de todas as irregularidades, falcatruas e mutretas possíveis, enfrentou todas as denúncias de peito aberto, abrindo inclusive seus sigilos bancário e telefônico, e provou sua inocência, obrigando a poderosa Rede Globo a pagar-lhe, judicialmente, várias indenizações por calúnia e difamação.
Como se não bastasse as agressões sofridas na mídia e desqualificadas na justiça, seus adversários usaram o braço politizado da Polícia Federal para invadir sua residência em Campos, desrespeitando sua família e invadindo até mesmo o quarto de seus filhos. A única coisa que conseguiram “confiscar” foi uma Bíblia e a ação truculenta apenas evidenciou o quão grave pode ser a politização de um importante instrumento de Estado como a Polícia Federal.
Agora, apenas dois anos e meio depois deixar o Governo - e alguns meses depois de Rosinha se eleger Prefeita de Campos e sua filha Clarissa ser a Vereadora mais votada do PMDB carioca - trabalhadores, líderes comunitários, estudantes, profissionais liberais, pequenos e médios empresários, comerciantes, intelectuais, enfim, pessoas de todos os níveis e classes sociais, líderes em suas atividades, tem procurado Garotinho para manifestar o desejo de vê-lo novamente Governando o Estado do Rio de Janeiro, pois nesse curto período Sérgio Cabral conseguiu aniquilar todos os avanços conquistados nos Governos Garotinho e Rosinha.
Com restaurantes e farmácias populares fechados ou atendendo mal e com todos os projetos sociais e econômicos extintos, o Desgoverno, a desesperança, a mentira e a covardia são as únicas coisas implantadas pelo atual Governador, que a população mais pobre já chama de Sérgio “DuMal”.
Comunidades carentes são chamadas de “Fábricas de marginais” e tratadas a bala pela polícia, chacinas viraram rotina, há perseguições à trabalhadores, ambulantes, pequenos comerciantes, funcionários públicos e até mesmo aos artistas populares que trabalham nas ruas do Rio de Janeiro.
Vivemos sob a égide de um governo verdadeiramente fascistas.
O mesmo governo que distribui milhões de reais para os ricos, acua, agride, ameça e assassina pobres todos os dias. E ainda quer erguer muros em torno das favelas, criando guetos, como aqueles que foram usados para confinar judeus na Alemanha nazista.
Por tudo isso - pelo que foram os Governo Garotinho e Rosinha, e pela tragédia que é o desgoverno Cabral - é que o povo grita nas ruas: Volta Garotinho.
O Ex Governador é para o povo do Rio a esperança e o único líder político confiável em meio a uma infinidade de vendilhões da pátria e do povo brasileiro. Poucos políticos tem esse privilégio: ser o homem de confiança da população.
Brizola, do infinito, provavelmente tomando um chimarrão com Getúlio Vargas, deve estar orgulhoso pela atuação de seu mais legítimo herdeiro.

5.8.09

O povo e a cachorrada do Senado

Definitivamente o Senado anda na moda. A sociedade brasileira anda angustiada com o festival de hipocrisia que assola a Câmara alta. De um lado o povo do Governo, do outro o da oposição, os embates chegam a lembrar os épicos enfrentamentos entre gladiadores nas arenas romanas. Há torcida e tudo. O povo, no entanto, passa ao largo das discussões.
Certamente há muita gente boa por aí espraguejando a inércia do povo brasileiro e berrando frases de efeito.
“Se fosse na França haveria revolução.”
“Nos EUA isso não aconteceria.”
“Na Europa o povo reagiria...”

Tudo bobagem. O povo brasileiro é mais esperto do que se imagina.
A brigalhada a que estamos assistindo é na verdade apenas uma guerra pelo poder e todos ali, no Senado, são rigorosamente da mesma “famiglia”.
Para quem não se lembra, Pedro Simom, atualmente grande baluarte da moralidade, foi Ministro de Sarnei e se elegeu Governador do Rio Grande do Sul graças a providencial ajuda do homem cuja cabeça ele hoje pede aos brados.
Cristovan Buarque fez carreira pelo PT e foi Ministro de Lula, a quem hoje faz acirrada oposição, mais por mágoa acumulada – por ter sido demitido pelo telefone – do que qualquer outra coisa.
Arthur Virgílio quando detinha em suas mãos o poder, na era Fernando Henrique, não defendia nenhuma das posições pseudo éticas que defende hoje. Muito pelo contrário. Emudecia enquanto seu chefe exercitava a função de camelô do alheio, passando o País nos cobres.
Quanto a Agripino, Heráclito e cia é bom que nem se fale de suas biografia, até por uma questão de salubridade.
Renan Calheiros, todos conhecem. Está onde sempre esteve. Defendendo os interesses de Renan Calheiros, que neste momento se misturam aos de Sarnei.
Collor, dispensa comentários. Vinte anos depois continua o mesmo, só que pior, como diria Fausto Wolff.
Abaixo deste, que pode ser considerado o primeiro time da casa, há um exército de suplentes dispostos a fazer o que os titulares do mandato determinarem sob pena de, caso se neguem, voltar para casa mais cedo. Inclui-se aí Paulo Duque, o Senador sem votos a serviço de Sérgio Cabral.
Considerando todos esses elementos, pergunta-se: pra que o povo vai entrar numa briga dessas? Pra ficar do lado de quem?
Já disse antes e repito: não há inocentes no senado. O mais bobo ali é capaz de dar nó em pingo de éter com luvas de box e no escuro. Trata-se, portanto, de uma briga de cachorros grandes.
A classe média, coitada, no afã de se achar importante para alguma coisa fica tomando partido nas esquinas e botequins da cidade. O povo, no entanto, que é mais malandro, não se estressa. Dá uma de mineiro e espera caladinho para, na hora do voto, dar o troco nessa cachorrada.

4.8.09

Os sete pecados do Senado

Assisti esses dias a um documentário no History Channel sobre os sete pecados capitais. Como a exposição do Senado na mídia tem sido algo além da capacidade humana de assimilar informações, a correlação foi direta.
Segundo o documentário a igreja católica desde o papa Gregório, o grande, o mesmo que instituiu o celibato dos padres, adotou os sete pecados capitais e estabeleceu um demônio para cada um deles.
O demônio da Luxúria, por exemplo, meu pecado favorito, é Asmodeu. Os outro eu não me lembro o nome, mas este ficou gravado na minha memória, que, por sua vez, fez também uma correlação imediata com o Senado nas figuras de Renan Calheiros e Fernando Henrique. Ambos, como se sabe, não resistiram ao pecado da carne e traçaram jornalistas da Globo – cada um traçou uma, é claro – engravidando as moças.
Asmodeu Henrique escapou incólume, já Asmodeu Calheiros amargou uma dor de cabeça terrível e o ato lhe custou a presidência da casa, o que prova de maneira irrefutável que no Brasil nem mesmo o pecado é punido de forma igualitária.
O demônio da gula, cujo nome me fugiu, no Senado deve ser representado por Heráclito Fortes. Considerando o tamanho e a circunferência do Senador piauiense é improvável que haja no Senado alguém mais guloso.
A ira certamente tem Arthur Virgílio como seu patrono na casa. Desde o ocaso de FHC não há quem tenha visto o Senador amazonense esboçar um sorriso. Pelo contrário. Sempre usa o microfone demonstrando uma feroz ira, que de santa não tem nada, e cospe seus marimbondo lá no fundo do plenário.
Já a inveja, não tem jeito, por incrível que pareça, pertence a Pedro Simon. O gaúcho não consegue esconder o mal que o sucesso alheio lhe provoca. Detona todos os que exercem poder e adula, de maneira subserviente, aqueles que, sem chance alguma de se destacar, chutam o pau da barraca e fazem do mandato um monumento a agressão.
Chegou a dizer que gostaria de ser pai da Heloísa Helena, coitado, tamanha é sua frustração pessoal.
A cobiça pertence a Agripino Maia. Seu partido, o antigo pefelê, atual dêmo, nasceu e foi criado sob as asas de um imenso poder estabelecido. Cargos, para os companheiros de partido de Agripino eram algo que se dava aos filhos e parentes como presente nos rituais de passagem: maioridade, casamento, etc... Desde a ascensão de Lula, no entanto, o partido do dêmo vive à mingua. Sem um carguinho sequer para fazer remédio. Daí a cobiça. O desejo insano de se apropriar dos cargos atualmente tão distantes de seu alcance.
Cristovan Buarque, meu candidato a Presidente nas eleições passadas, certamente representa a preguiça. Apesar de ser pernambucano, aquele jeito de falar, aquela voz mansa e modulada, a economia de gestos, tudo faz com que Cristovan pareça Baiano. Daquele tipo que só tem pânico no dia seguinte. Gente boa, o Cristovan, mas carrega consigo aquele jeitão de quem pode ser surpreendido por uma tartaruga à qualquer momento.
Sobra então a avareza e o agraciado é..............José Sarneyyyyyyyyyyyyyyyyy.
O cara é ex presidente da República, foi Senador e presidente da casa uma 400 vezes, nomeou filho, filha, neto, namorado de neta, mordomo de filha, enfim, pendurou todas as suas despesas pessoais na conta do Senado.
Vai ser avarento assim na caixa prego.
E agora, no olho do furacão de um escândalo terrível, acusado publicamente de fazer todas aquelas mutretas que os outros Senadores e presidentes do Senado só fazem escondidinhos, Sarney se recusa a largar o osso.
Chega até a ser maldade com o Arthur e o Agripino, que babam de ódio cobiçando o cargo, coitados.

OBS: Eu esqueci da Soberba. Mas foi bom, pois os fatos mais recentes mostram que ninguém é mais soberbo que o "coronel de merda" Tasso Jereissati. Quem deixou isso claro foi o cangaceiro Renan.