11.8.09

Facismo para inglês ( e o mundo ) ver. Ou, convocando Conor Foley

Não faz muito tempo - 02/08 - escrevi aqui sobre uma matéria do jornal inglês The Guardian à respeito do filme brasileiro Tropa de Elite. O jornalista Conor Foley descrevia o Tropa como um filme fascista, visão da qual discordo plenamente. Um leitor estrangeiro chegou a postar um comentário questionando minha posição, tive então a oportunidade de explicar que, a meu ver, não o filme, mas a elite brasileira é fascista e, em consequência disso, o poder acaba sendo exercido sob a ótica do fascismo.
Passado algum tempo, volto ao tema, desta vez para pedir socorro ao The Guardian, ao jornalista Conor Foley e a toda a imprensa internacional, para o que vem ocorrendo no Rio de Janeiro.
Faço questão, inclusive, de tirar o chapéu para a tese de que é necessária uma visão internacionalizada do processo social como um todo, para que atrocidades não sejam cometidas em nome da lei e da ordem.
Recentemente o Brasil foi cobrado, e teve que se explicar na ONU, pela proposta teratológica de construir muros ao redor das favelas, oficializando guetos sociais. Tal proposta veio do Governo do Rio de janeiro, de um governante regional, que, apesar de aliado, não representa a orientação política do Presidente da República.
Lula pode até ter seus pecados, e certamente os tem, mas o fascismo, ao que se sabe, não esta entre eles.
Pois bem, este mesmo governante regional, senhor Sérgio Cabral, vem impondo uma Pax, ao estilo romano, à praticamente todas as comunidades carentes da região metropolitana do Rio de Janeiro. Em nome dessa Pax, muitos cidadãos tem sido trucidados. Jovens, crianças e adultos, indiscriminadamente, tem seus assassinatos excluídos das estatísticas oficiais enquanto o solo das favelas vem sendo adubado com sangue, muito sangue, de gente inocente.
Isso sim, é uma política de governo fascista e sanguinária. Uma concepção que determina o grau de cidadania pelo poder aquisitivo e que impõe aos mais pobres a qualificação de párias.
Na verdade a política oficial do Governo do Rio de Janeiro estabelece os limites da Zona sul como marco civilizatório e trata todo o resto da cidade, e do Estado, como áreas povoadas por personas non gratas.
Trata-se de uma postura oficial de Governo ratificada pelo próprio Secretário de segurança, Sr. Biltrame, para quem os tiros só podem ecoar fora dos limites da região mais rica da capital.
Ao invés de tiros em “Columbine”, podemos ver e ouvir tiros em todas as direções, excetuando-se a Zona sul – em tese.
Na prática, é claro, nem a Zona sul é poupada.
A internacionalização deste debate – como propôs nosso leitor em seu comentário - é na verdade a única forma de tornar público o uso de uma política condenada em todo o planeta, consensualmente, desde da segunda guerra mundial.
Isso se dá porque aqui, infelizmente, não vigora o exercício do jornalismo.
Nossas empresas de comunicação, como se sabe, tão tacanhas e atrasadas como a maioria de nossos dirigentes, são monopólios privados que atuam em sociedade com governantes “amigos”, o que inviabiliza qualquer possibilidade de uma cobertura minimamente imparcial.
Espero, sinceramente, que o The Guardian e outros órgão da imprensa internacional nos "socorram", pois atualmente somos meros reféns. Tanto de Governos como da mídia que, a troco de favores especiais, esconde as mazelas, glorifica ações de fachada e aplica uma poderosa blindagem aos péssimos Governantes.
Acredito neste “socorro” internacional porque não posso admitir que as teses de Joseph Goebbels, e porque não dizer, de Menguele, vençam a guerra por um conceito básico e profissional no exercício da comunicação, como um todo, e do jornalismo, em particular.

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