Essa coisa da super exposição do Senado já esta ficando cansativa, mas há um lado bom nessa história. Por uma simples questão de poder e vaidade pessoal nossos amados representantes na Câmara alta estão mostrando o rosto à nação.
Nada ali é novo, nem a roubalheira, nem a nomeação de parentes, nem o uso de grana pública para atender aos interesses pessoais de Vossas excelências. Na verdade, nem mesmo os xingamentos são uma coisa nova.
Palavrões fazem parte da rotina do casa a muito tempo, inclusive – quem é do ramo sabe disso – o adjetivo mais badalado em plenário para se referir à adversários é “LADRÂO”.
O conhecimento de causa faz com que cada Senador perceba muito bem cada ação de seus pares, daí a certeza absoluta no emprego das palavras.
Boa parte dos Senadores brasileiros estão a muito e muito tempo no poder. O de Sarney, por exemplo, deve ser anterior a Noé. Se bobear já exercia o poder na pangeia.
Outra característica básica de nossos Senadores é a cornucópia financeira. Na verdade nenhum deles precisa dessa coisa mesquinha de ficar se beneficiando de graninhas e granonas públicas através de mutretas várias, pois todos são riquíssimos. Mas avançam sobre o dinheiro público assim mesmo. Trata-se de um vício adquirido com os muitos anos de exercício do poder.
O que deveria ser uma casa de representantes do povo se transformou em um clube de “proprietários” do povo. Uns são donos do Maranhão, outros do Piauí, outros de Alagoas, do Ceará e assim sucessivamente - o que explica o fato de esses Estados apresentarem o pior IDH do Brasil. Não há dinheiro que chegue para saciar a avidez de nossos Senadores. Alguns, inclusive, são cara de pau o suficiente para assumir em plenário a posse de jatinhos particulares caríssimos cujos voos são regiamente pagos com verbas públicas.
Salário de Senador, evidentemente, não da para comprar jatinho. Na verdade não da para comprar nem 10% do patrimônio que os membros da casa ostentam. Mas no Brasil ninguém liga para isso. Muito pelo contrário. A votação desses caras é sempre proporcional a riqueza acumulada. E aí chegamos ao ponto nevrálgico da questão: o voto.
Nenhum desses caras chegou ao Senado sem votos, o que significa que, de alguma forma, somos todos – enquanto sociedade - coniventes com a situação.
A verdade é que ao invés de rejeita-los, nossa sociedade os adula.
Se um dos nossos homens públicos notoriamente desonestos chega a um evento social, imediatamente forma-se uma rodinha para cumprimenta-lo, abraça-lo, convida-lo para outros eventos. O mesmo cidadão que no bar da esquina berra impropérios contra um político corrupto, saúda-o quando em ambiente privado. Nossa sociedade é assim, conivente. Por mais que doa, precisamos assumir isso, até para que haja alguma possível evolução.
O Senado, assim como o congresso, tem a feição exata da sociedade que o elege. E por mais que essa sentença cause náuseas à um leitor mais sensível é preciso que se diga isso em todos os cantos, até como forma de atiçar a nossa vergonha na cara coletiva.
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