30.10.09

Os talibãs da UNIBAM ou, a anti cultura da agressão

Não gosto de abordar temas muito badalados, mas o que ocorreu na UNIBAM é algo tão absurdo que não há como conter uma manifestação de repúdio.
Uma Universidade deveria ser um templo do pensamento livre, das idéias, das reflexões e, inequivocadamente, a casa do aprimoramento humano. Ao contrário, no entanto, a Universidade Bandeirantes se revelou para o mundo como um depósito de fascistas obtusos.
Não é sequer razoável que estudantes universitários adotem um comportamento tão lamentavelmente agressivo pelo fato de uma colega ir à aula usando um vestido curto. É algo incompreensível, mas que denota o nível de obscurantismo que perpassa nossa sociedade e ao mesmo tempo revela um terrível índice de frustração, pessoal e coletiva.
Ali, entre os estudantes agressores, não havia, pelo que assistimos, homens e mulheres psicologicamente saudáveis, mas sim um bando de reprimidos que, de tão reprimidos, passaram a ser repressores. Certamente um bando de infelizes insatisfeitos com a vida, com a família, com a escola e com o mundo em que vivem; daí a necessidade de extravasar, via agressão gratuita, a mesquinharia em que eles próprios transformaram suas vidas.
Pode ser que tudo tenha a ver com os conceitos da chamada vida moderna, onde algumas universidades não passam de shopings centeres, quando não casas de diversão noturnas, com a palavra educação sendo usada apenas como justificativa para lucros fáceis. Talvez seja isso.
A verdade é que nós, enquanto sociedade, apequenamos nossos conceitos, fabricando, diariamente, um exército de mal amados, e isso se reflete no comportamento do dia a dia. Na política, na segurança, na economia, na habitação, nas artes, na cultura, enfim, em todas as áreas da sociabilidade humana.
Chega a ser inacreditável que uma jovem seja hostilizada por usar um vestido curto em uma sociedade nua como a nossa. A própria publicidade, uma das indústrias mais importantes da nossa era, se alimenta basicamente da nudez, principalmente da feminina.
Foram necessários muitos anos de evolução social, é bom que se diga, para que as pessoas tivessem o direito de se vestir de acordo com sua vontade. Mas algumas pessoas do nosso tempo, ao que parece, preferem fazer uma aliança com o atraso e adotar regras dignas do Talião em pleno século 21.
Felizmente, no entanto, nem todos os nossos jovens tem sua formação intelectual e humana forjada nas UNIBANs da vida. Ainda há quem pense, mature idéias, rejeite a burca e opte pela liberdade em termos de comportamento humano.
Talvez nos falte um Raul Seixas para gritar em nossos ouvidos: faze o que tu queres pois é tudo da lei.
Cevar o povo com novelas, breganejos, pagonejos, etc... só poderia dar nisso. Infelizmente.
Aliás, fica provado que a boçalidade acadêmica faz mal a saúde mental do País. Seria bom se começássemos a formar cidadãos de verdade, ao invés de simplesmente fabricar robôs para as variadas indústrias.

Minas

A dona dizia, amém.

E Deus perguntava,

a quem?

Alguém respondia

Ninguém.


O vento batia

E rodopiava

Jogando nos olhos

Areia molhada.


A jovem bonita

Também,

Só se perguntava,

A quem?


O amor exalava

Amém.


A boca secava

Ninguém,

Nunca reparava.


A dona e a moça

Perdidas na praça


Ninguém


Nem boca molhada

Nem trem

Nem hóstia sagrada

Nem bem

Nem mal avançava.


A moça e a dona

Que ressuscitava

Na praça molhada

De chuva e ninguém.


Amém.


De onde eu estava

Nem bem

Nem mal se entranhava.


A dona sentia a voz embargada

E um trem

Nas partes molhadas


Desdém


E a mão tremulava

Nem vem


A boca entregava

Meu bem...


A moça na praça

Se ajoelhava

Amém


A boca amargava

Desdém

O peito arfava.


E a moça secava

As partes molhadas

A boca entoava

Murmúrios pro além.


Ninguém

Sequer reparava

E o trem

Se distanciava.


Meu bem

Nós vamos pra casa.

Amém.

29.10.09

As entrelinhas das notícias

Honduras - Zelaia deve se mudar de vez para a embaixada brasileira em Honduras. Amorim estuda a idéia de fazer um puxadinho para abrigar o Presidente deposto.

EUA - Obama comemora o crescimento de 3,5 % da economia americana no último trimestre. Sérgio Cabral por intermédio Prefeito de Paris, cidade em que o Governador do Rio passa a maior parte do seu tempo, sugere que Obama tire umas férias.
- Trabalho é besteira, o negócio é sambar. Declarou Serginho a imprensa francesa.

Rio de janeiro RJ - Governador Sérgio Cabral anuncia que vai passar mais duas semanas em Paris meditando sobre a violência no Estado.

Rio de janeiro - Capital - Eduardo Paes vai acompanhar Sérgio para o caso do chefe precisar de seus serviços durante a estadia na cidade luz.

Beltrame - o biltre de madame - promete estudar um mapa do RJ até o fim de 2010 para programar um policiamento adequado para o Estado.
- Só não tomei ainda uma medida mais contundente porque não sei como chegar à sede da secretaria. Disse o gaúcho, secretário de segurança, à imprensa.

Meio ambiente - Ministro Minc pode distribuir maconha de graça para combater o stress dos bandidos do Rio de janeiro. Seria uma forma moderna de combater a violência.

Benedita mostra a cara - Depois de 3 anos de exílio voluntário na Secretária de inação social a ex-governadora bota a cabeça para fora do carro, mostrando a cara, e acena para os colegas de PT.
- É Cabral de novo, com a força do estorvo. Declarou a secretária.

Afroreggae - Depois das declarações do Diretor executivo do grupo, Secretário de segurança já pensa em processar o morto por desmoralização.

UPP - Nova Unidade de Pantomima Política pode ser inaugurada em Paris. O Próprio Governador pretende se instalar na cidade por 3 meses para acompanhar as obras.

Eduardo Paes - Prefeito é alçado em guindaste para podar arvoré e população descobre que nem isso ele sabe fazer direito.

Incrível, fantástico, extraordinário - Jaime Lerner ressuscita em Niterói.

Sobrenatural - Gerente do tráfico - que segundo o Governo não mais existe - é preso pela PM na Cidade de Deus.

28.10.09

O Estado do caos

Pelo menos até o dia 31 de dezembro de 2010 deveriam mudar o nome do Estado do Rio de Janeiro para Estado do caos. O que vivemos atualmente é isso: um Estado Caótico.
Sérgio Cabral é Governador, pelo menos em tese, mas age como se não tivesse nada com isso. Há certos momentos, inclusive, que mais parece o líder de oposição.
Nos poucos momentos que se dedica ao Ri, o o Governador usa seu tempo para agredir servidores e população. Parece coisa de maluco.
Médicos, policiais, servidores públicos em geral e até os usuários do péssimo serviços de trens urbanos , para o Governador, são vagabundos. Surrealismo puro.
Qualquer pessoa de bem que analisar o comportamento de Cabral perceberá que não há um só problema do Estado para o qual ele tenha proposto solução. No máximo, Cabralzinho propõe agressão.
Na área de segurança pública, principal drama Fluminense, além de nomear alguém com o discernimento de um dromedário para dirigir a pasta, Sérgio investiu apenas 20% do previsto no orçamento e além disso dizimou toda a estrutura de amparo social do Estado, deixando o Rio como um imenso navio à deriva. Sem rumo e sem objetivos.
Paralelamente instituiu-se no poder local uma concepção mercadológica para tudo. Até terrenos pertencentes ao Estado e à empresas públicas estão sendo oferecidos, aos borbotões, à especulação imobiliária.
Em termos de saúde o Governo Sérgio é uma lástima, à ponto de populares botarem o dedo na cara do Governador, em suas raras aparições públicas, cobrando um mínimo de dignidade na prestação dos serviços pagos por nossos impostos.
Na educação, a rede pública estadual foi transformada em escolas de Funk, com direito, inclusive à reboladinhas públicas do Governador em bailes locais.
Na verdade vivemos uma situação em que tudo, absolutamente tudo, na esfera estadual, apodrece a olhos vistos e a autoridade governamental adentra cada vez mais o terreno da galhofa.
Sérgio tem drenado, com dutos industriais, boa parte do orçamento público para a publicidade na esperança de que a mídia o salve, garantindo-lhe uma blindagem poderosa. Mas a população já percebe isso claremente.
Os jornais do Rio, por exemplo, sócios vorazes do Governo Cabral, precisam apelar para todos os santos para fazer com que seus exemplares saiam das bancas para as mãos do cidadão comum. E tome concursos, ofertas, prêmios de mentirinha, tudo é válido para escapar ao fiasco e a decadência das vendagens.
Nossa sorte é que a internet vai de vento em popa e, ao mesmo tempo em que milhares de blogueiros expõem a tragédia personificada pelo Governo Cabral, a mídia oficial vai se desconstituindoo em termos de respeito e credibilidade.
Ainda bem que falta pouco. Em janeiro de 2011, tenho certeza, Sérgio já terá sido expulso de campo pela população e poderemos novamente construir o Estado do Rio de Janeiro, revogando o Estado do caos.

26.10.09

Alegre menina - Jorge Amado e Dori Caymmi

O que fizeste, sultão, de mim alegre menina?

Palácio real lhe dei, um trono de pedraria
Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis
Ametista para os dedos, vestidos de diamantes
Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel
E a chamei de rainha, e a chamei de rainha

O que fizeste, sultão, de minha alegre menina?

Só desejava campina, colher as flores do mato
Só desejava um espelho de vidro prá se mirar
Só desejava o sol calor para bem viver
Só desejava o luar de prata prá repousar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar

No baile real levei a tua alegre menina
Vestida de realeza, com princesas conversou
Com doutores praticou, dançou a dança faceira
Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira.


Pra Denise, do Blog Revelar-me : Ouvi essa canção e lembrei de você.

Pindorama - Um texto esperando um parceiro

É nessa terra

Que essa mulata derrama

Seu sabor na minha boca

Alma louca

É Pindorama

Essa morena

Essa loirinha

Essa cigana

A nação dos meus amores

Minha fauna

Pindorama

Da minha Lapa

Mando sinais pro planeta

Nem careta, nem esteta.

Minha praia

É Pindorama

Cá no meu templo

Tem palmeiras e poetas

Corpos nus, mentes abertas

Bugigangas, porcelana


Beijos vermelhos

Taças, goles de Campary

E a negra rastafari

Seduzindo a alma humana

É o sabor, a cor, o som

A traprobana

É a alma alucinada

Lua bela

Pindorama


OBS: Escrevi esse texto quando morava na Lapa. Pode ser que eu esteja errado, mas me parece que não há pedaço de terra mais propenso à alegria nesse planeta. Minha intenção inicial era dar para algum parceiro musicar. Teria que ser uma música feliz e balançante,.. mas acabei não mostrando o texto à ninguém, pois só agora o reencontrei.

Gosto de indios, de palmeiras, de poesia, do circo,da Lapa e de brasil. Minha alma é meio Pindorama mesmo.

25.10.09

Clara canta Chico - Basta um dia

Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se como e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

23.10.09

Soneto da devoção

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! uma cadela
Talvez... mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

22.10.09

Replantando vidas

Estive ontem, 21/10, em um belíssimo evento – Replantando vida - no Espaço Cultural Tom Jobim, no jardim Botânico, assistindo à coroação de um belíssimo projeto que meu amigo Alcione Duarte vem desenvolvendo desde 2001. Trata-se da ressocialização da comunidade carcerária, uma ação profundamente relevante do ponto de vista da segurança pública.

No evento de ontem 40 apenados receberam o diploma de qualificação em agentes de reflorestamento outorgado pela UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, após freqüentarem o curso com mais de mil horas de carga horária.

Na pratica o projeto devolve ao convívio social com plena dignidade pessoas que cometeram erros graves no passado, deixando-se seduzir pela criminalidade.

Como já disse, essa história começa em maio de 2001, quando Alcione Duarte propôs ao então Governador Anthony Garotinho a celebração de um convênio entre a Cedae e a Fundação Santa Cabrini para a utilização da mão de obra de apenados dos regimes aberto e semi aberto. Ao mesmo tempo em que a Cedae supria parte de sua necessidade em mão de obra, propiciava a inclusão de detentos e trabalhava para impedir a reincidência criminal. Garotinho topou a parada e de lá para cá cerca de 2000 apenados foram beneficiados pelo convênio e muitos foram completamente recuperados, à ponto de, no último concurso da Cedae, vários deles que já haviam cumprido sua pena serem aprovados e tornarem-se profissionais da área de saneamento.

Alcione Duarte, grande responsável pela formulação do projeto, recebeu ontem a justa homenagem, não só dos formandos, mas também de vários companheiros da Cedae e das autoridades dos poderes executivo e judiciário presentes ao evento.

Para nós que estamos vivendo a tragédia da atual política de segurança pública, ficou a certeza de que o verdadeiro caminho para a pacificação continua sendo, mais do que nunca, o investimento em políticas sociais.

Amigo e companheiro de jornada desde meados da década de 80, apesar de nem sempre podermos estar do mesmo lado do tabuleiro político Fluminense, Alcione Duarte é um guerreiro que sem dúvidas merece esse reconhecimento público.

Todos nós sabemos que idéias nobres tem a capacidade de mudar o rumo das coisas, mas também sabemos que várias ações formuladas de boa fé são cotidianamente usurpadas por pessoas pouco éticas e utilizadas com fins destituídas de nobreza, por isso, é importantíssimo que saibamos reconhecer quem é quem nesses momentos e torcer para que esse reconhecimento público do “operário” Alcione Duarte se propague de forma devida e inequívoca.

OBS: A Charge acima é do amigo Adail, nosso homem na ABI.

20.10.09

A hipocrisia está no ar

Estava assistindo a cobertura da ação criminosa no Rio de janeiro pela GloboNews e cheguei a ficar assustado. A hipocrisia e a capacidade de manipulação dessa gente é algo sem limites.

Antes de qualquer coisa vou fazer um histórico, pois históricos não mentem:

No início da década de 80, quanto nossas capitais viviam em relativa paz, o Jornal Nacional, da Globo, dava a cotação das drogas todos os dias. Não havia ainda o “problema” do tráfico, mas era só ligar a TV às 8 da noite para ouvir Cid Moreira dizendo que haviam sido apreendidos tantos quilos de cocaína em algum lugar que ninguém sabia onde era no valor de X dólares. Bastava fazer as contas para se ter a cotação do dia.

Paralelamente fomos inundados por filmes americanos que faziam apologia da violência da forma mais grotesca possível. O herói preferido da Globo era Charles Bronson no papel de um psicopata carniceiro que promovia todo tipo de violência e agressividade possível, mas haviam muitos outros filmes propagando a carnificina urbana. Centenas deles.

Foi nessa época também que a Globo nos brindou com uma minissérie chamada “Bandidos da falange”, estabelecendo os critérios para as organizações criminosas no Rio de janeiro e, poeteriormente, no Brasil.

Depois de criar na mídia o clima propício a super violência ancorada pelo tráfico de drogas, curiosamente, a coisa começou a acontecer no mundo real.

As pessoas mais sensatas já diziam, naquele tempo, que havia algo no ar além dos aviões de carreira. Não havia no Rio grandes produções nem de drogas, nem de armas. Como poderia haver tanta violência sem uma coordenação profissional e minuciosamente trabalhada?

O enfoque da mídia, no entanto, preferia regionalizar a discussão e procurar culpados nos Governos que não lhe eram subservientes, fazendo de Leonel Brizola, por exemplo, uma de suas principais vítimas.

O fato é que em cerca de 20 e poucos anos nossas capitais foram transformadas em verdadeiro território livre para a milionária indústria do tráfico de drogas e a imprensa, minimizando a questão, apontava sempre um ou outro gerente de boca rastaquera como o “inimigo nº 1” da sociedade, ignorando a lógica de que as fortunas geradas pelo tráfico se edificam muito longe da favela. De escadinha a Fernandinho Beira mar, muitos demônios foram inventados nesse período sem que a indústria da droga fosse sequer abalada. Todas as pessoas sensatas de então afirmavam categoricamente que só seria possível combater o tráfico policiando as fronteiras, porta de entrada de armas e drogas. Mas a imprensa, liderada pela Globo, sempre fez questão de ignorar essa lógica irrefutável.

Quando, já em 2000 e pouco, a Secretária de segurança pública, então comandada por Garotinho, resolveu fazer uma espécie de operação abafa na entrada dos pontos de droga, como forma de inibir as vendas e causar prejuízos financeiros ao tráfico, a Globo, como sempre, foi contra e demonizou o ex Governador.

Na verdade, durante todos esses anos a Globo insistia em cobrar das polícias estaduais o combate a um crime que é constitucionalmente federal, o tráfico de drogas.

Agora, no entanto, tendo um aliado seu sentado no Palácio Guanabara – Uma imagem de retórica, pois o Governador se dedica muito mais a Paris do que a seu assento no Palácio – a cobertura da Globo resolveu, deliberadamente, apagar toda a responsabilidade do Governador sobre os conflitos. Hipocrisia pura.

De repente o crime passou a ser atribuição Federal e os Governantes locais se tornaram “vítimas” do processo. Na concepção da Globo a cidade e o Estado vivem as mil maravilhas e o tráfico de drogas é apenas um “fato isolado” como disse hoje na GloboNews um jornalista cozinheiro cujo o nome me escapa.

O tráfico de drogas é , inequivocadamente, o grande mal da sociedade moderna e assola todas as grandes cidades do Brasil, apesar de ter feito muitos milionária nos últimos anos, e para combate-lo é preciso seriedade. Certamente não é com a política de segurança marqueteira do nosso (des)Governador viajante que o problema será minimizado.

A globo, antes de mais nada, deveria fazer uma auto crítica. Quem implanta e propaga um negócio extremamente rendoso, embora nocivo, perde qualquer moral para combate-lo, mesmo que este combate seja só de fachada. O que vemos na verdade é a hipocrisia e a má fé sendo propagada em cadeia nacional com o intuito de manipular as pessoas de bem. Antes de qualquer coisa, isso é uma covardia.

Silvio rodriguez - Por quien merece amor

18.10.09

Um poema para Ana

Ana

Nua

Amua

Franze o cenho

E sua

Languidez

Ardor

Vontade


Arde

O lábio

A flor

A pétala

A base

da última vértebra

A língua

A boca

O corpo

Arde


Largo o afazer e venho

Dar-te

O amor

O beijo


Estabelecer em ti

a central do meu desejo

Explorando dobras

Furnas

Escaninhos...


Dou-te mil carinhos

Meu luxurioso enlevo

Abro-te inteira

e bebo

Em teu cálice sagrado

O sumo da vida eterna


Recôndito portal

Caverna

Por onde passeio impune


A fúria

A febre

O êxtase


Um deus gozador nos une

A imensidão nos integra

Vicente Portella

Beltrame: desinteligência ou ideia de jerico?

Todo mundo já ouviu falar em " ideia de jerico". Poucos sabem, no entanto, que o jerico da história é secretário de segurança no Estado do Rio de Janeiro.
Aliás, o Rio ontem, estava em chamas, e o secretário de (in) segurança, José Mariano Beltrame, em entrevista a GloboNews arrotava caviar depois de comer carne de cavalo.
Nota-se, à longa distância, que o Secretário gaúcho não tem a menor noção do que seja o Rio de Janeiro. Não fosse a presença do Coronel PM Mario Sérgio e do delegado Alan Turnovsk, a coisa descambaria para o surrealismo. Na verdade Beltrame apenas atrapalhou os profissionais de carreira na explicação dos lamentáveis fatos ocorridos no morro dos Macacos.
A palavra inteligência foi a mais usada por Beltrame, talvez até para tentar justificar a ausência de tal qualidade na Secretaria comandada por ele próprio. Deve ser insegurança, sei lá. Um psiquiatra explicaria isso.
O fato é que o Secretário tinha pleno conhecimento da invasão do Macacos por traficantes de outros morros e não fez o seu trabalho. A falta de inteligência do Secretário custou a vida de dois policiais.
Na verdade, a política de segurança pública implementada no Rio atualmente pode ter relação com tudo, menos com a inteligência. Talvez o Secretário tenha até confundido as palavras. Certamente ele se referia a truculência.
O próprio discurso do (des) governador Cabral, enquanto passeava em Mangaratiba ( à julgar pelas imagens de TV, numa espécie de carnaval antecipado com o Ministro Carlos Minc ) , desmonta qualquer possibilidade de inteligência nas ações policiais perpetradas pelo Governo do Estado. Mesmo porque, Cabral, como se sabe, não está nem aí para a hora do Brasil, e Beltrame nem é do ramo nem prima muito por inteligência.
Nesse caso específico em que se vive um vácuo opcional de poder, já que o Governante prefere posar de lider da oposição ao invés de trabalhar, o mais correto seria permitir que os profissionais de cada polícia comandassem a operação. Certamente seria algo menos danoso e nos livraríamos das patéticas explicações de Beltrame.
De qualquer forma é bom que se faça algo rápido, do contrário não sobrarão policiais vivos nem para dar segurança à Cabral e Minc em suas festinhas particulares.

OBS: Não há neste artigo qualquer intenção de ofensa aos jericos. Nós respeitamos os animais.

14.10.09

Uma inconfidência: Heraldo HB vai soltar o verbo...

Coisas boas estão à caminho. Bati um papo essa semana com Heraldo HB, que além de cantor, compositor, cineasta, radialista e outras cositas más, ainda se dá ao luxo de ser engenheiro de aviõezinhos, e descobri que há um livro no prelo.
Heraldo é dono de uma pena sensível e reflexiva, sendo um dos melhores textos que eu conheço.
Ganhei de presente uma leitura prévia de alguns textos que farão parte de seu livro - Engenharia de aviõezinhos - e confesso que não fiquei nem um pouco surpreso, pois os poemas são tão belos e bem cnstruídos como tem sido a vasta produção cultural de HB.
Sendo um dos páis do Cineclube Mate com angú, um dos criadores da Rádio Kuarup e com sua impressão digital presente em praticamente todos os eventos culturais da cidade, HB é na verdade um agitador cultural em tempo integral, e seu livro certamente será festejado nas rodas de bambas.
Não quero me adiantar, pois na verdade esse post já é de certa forma uma inconfidência, ainda que não mineira, mas o "Engenharia de aviõezinhos" será um belo livro.
Não sei se esse é o título definitivo, mas se eu souber de alguma mudança neste sentido aviso à galera.
O fato é que já estou aguardando ansioso. Nunca fui engenheiro mas gosto muito de aviões, embora raramente tenha algum sucesso com eles.
Então tá combinado. Já sabemos tratar-se de poesia belíssima e de de altíssimo nível, basta à nós, portanto, mortais comuns, aguardar o lançamento. Agurademos.
Evoé Heraldo HB

8.10.09

Mercedes Sosa

"Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da música popular latino-americana, nos deixou", afirmou sua família em uma nota.
Clique em play e ouça Joan Baez e Mercedes Sosa em "Gracias a la vida". Nossa homenagem.
( Texto publicado no Blog do Lúcio Neto no dia em Mercedes Sosa se foi, 04 de outubro de 2009 )

Sérgio espanca o povo

A imagem aí em cima mostra bem a forma como o Estado do Rio de Janeiro usa a PM. Sérgio Cabral já mandou a PM bater em trabalhadores em geral, especialmente professores, e cada vez a coisa se agrava mais. Não satisfeito com as práticas nazistas aplicadas às instituições sindicais, Cabral esta ampliando sua concepção violenta e agora já está mandando a PM bater no povo, indiscriminadamente. As manifestações de passageiros de trem indignados com o descaso da Supervia são para o Governador um motivo a mais para a truculência.
Ontem - 07/10/2009 - trabalhadores se indignaram com a incompetência e péssimo gerenciamento da Supervia e resolveram reagir, fazendo manifestações em alguma estações da Baixada Fluminense. Sérgio chamou o batalhão de choque e acabou transformando uma manifestação de indignação pacífica em tumulto generalizado.
Hoje foi na Central do Brasil. Mais uma vez a Supervia faltou com respeito aos milhares de trabalhadores que dependem dos trens para trabalhar, chegando ao cúmulo de mandar que todos embarcassem na estação de São Cristovão, alguns quilômetros distante da Central do Brasil. Ao invés de intervir em favor da população, que paga seus salários, Cabral mais uma vez colocou-se ao lado da Supervia e mandou o batalhão de choque dar tiro de borracha e jogar bombas de efeito moral no povo. O comandante do Batalhão de choque, Robson Rodriguês, chegou a dizer que a população "passou dos limites" ao exigir que o sistema de transporte mais popular do Rio de janeiro fosse restabelecido. Chega a ser um escárnio.
Na verdade, o transporte ferroviário é uma concessão pública e deveria atuar no interesse da população, mas não é assim que funciona. No Governo Marcelo Alencar- Sérgio Cabral era seu aliado e presidia a ALERJ- , privatizaram as roletas. Ou seja: Comprar vagões novos e ampliar ou contruir novas plataformas é obrigação do Estado, mas receber o dinheiro das passagens é atribuição da Supervia.
Antes da privatização uma passagem de trem custava pouco mais do que a metade da tarifa do ônibus mais barato. Hoje é 50% mais cara do que a passagem de ônibus. Mesmo assim, a concessionária não assume qualquer compromisso com a população que paga essa passagem, principalmente nos ramais da Baixada Fluminense. Apesar do preço extorsivo os trens são um lixo e não obedecem a nenhum critério de regularidade, além de haver uma "polícia" da Supervia sempre disposta a espancar aqueles que reclamam de qualquer coisa.
Na prática os trens urbanos do Rio de janeiro são verdadeiros campos de concentração, onde as pessoas pagam a passagem, não tem qualquer direito e ainda apanham de vez em quando.
Isso por si só já seria uma tragédia, mas Sérgio Cabral insiste em piorar as coisas oferecendo a PMRJ - Instituição que deveria ser respeitada pelo Governante - como extensão e braço armado da Supervia.
Vivemos, podemos dizer isso sem susto, um período de exceção no Rio de janeiro. Um exercício nazista de poder, ainda pior do que o de Adolf Hitler, pois é um nazismo exercido pela iniciativa privada com o amparo do poder público, do Estado.
O povo está certo em reagir. Se a coisa continuar assim daqui a pouco não teremos mais direitos sobre coisíssima nenhuma.
O princípio básico do capitalismo é o que impõe a quem recebe alguma obrigação em termos de prestação de serviços à quem paga, mas no Rio nem isso é verdade. O sujeito paga uma passagem cara e ainda apanha daqueles que deveriam disponibilizar o transporte para leva-lo para casa. Uma coisa grotesca que apenas indica que não há Governo. Mas, parafraseando Chico Buarque, e ao mesmo tempo contrariando a lógica do verso, podemos dizer: Não tem Governo, mas em breve terá.

OBS: Sérgio Cabral chamou de vagabundos os trabalhadores que ficaram sem trens na Baixada. Quem vive passeando em Paris com dinheiro do povo é o que?