30.10.09

Minas

A dona dizia, amém.

E Deus perguntava,

a quem?

Alguém respondia

Ninguém.


O vento batia

E rodopiava

Jogando nos olhos

Areia molhada.


A jovem bonita

Também,

Só se perguntava,

A quem?


O amor exalava

Amém.


A boca secava

Ninguém,

Nunca reparava.


A dona e a moça

Perdidas na praça


Ninguém


Nem boca molhada

Nem trem

Nem hóstia sagrada

Nem bem

Nem mal avançava.


A moça e a dona

Que ressuscitava

Na praça molhada

De chuva e ninguém.


Amém.


De onde eu estava

Nem bem

Nem mal se entranhava.


A dona sentia a voz embargada

E um trem

Nas partes molhadas


Desdém


E a mão tremulava

Nem vem


A boca entregava

Meu bem...


A moça na praça

Se ajoelhava

Amém


A boca amargava

Desdém

O peito arfava.


E a moça secava

As partes molhadas

A boca entoava

Murmúrios pro além.


Ninguém

Sequer reparava

E o trem

Se distanciava.


Meu bem

Nós vamos pra casa.

Amém.

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