13.10.11

Um governo de punguistas

A reação às marchas contra a corrupção que vem ocorrendo a cada feriado, sempre mais encorpadas - embora ainda incipientes - revelou uma face escamoteada do Governo Brasileiro, a de punguista.
Como os antigos “trombadinhas”, que roubavam a carteira das vítimas e saiam gritando “pega ladrão”, para confundir as pessoas ao redor da cena do crime, os partidos alugados ao Governo espalharam pelas redes sociais centenas de empregados com a tarefa de desqualificar a reação popular. Chegam a comparar a indignação atual com as marchas da família com Deus pela propriedade, ocorridas nos anos 60 e que serviram de embrião para o Golpe de 64, que colocou a turma do Sarney no poder... Essa turma se mantém até hoje.
Nada pode ser mais desonesto do que tentar confundir a população para perpetuar a roubalheira. Nada.
O governo tenta na verdade criar uma cortina de fumaça, desqualificando qualquer ação que não venha para abonar a desfaçatez com que essa gente trata a coisa pública. Até mesmo o velho discurso direita/ esquerda foi ressuscitado pelos oficie boys do poder na internet, como se Sarney, Collor, Renan e demais aliados do PT fossem de “esquerda”. Agem como se fossem sérios e honestos, mas não são. Na verdade são apenas claques pagas com dinheiro público para defender sua boquinha a qualquer preço.
Diante de uma situação em que as instituições – sindicatos, associações, UNE, ABI, OAB etc – renderam-se as benesses patrocinadas pelas algibeiras governamentais e a população carente, coitada, passou a ser controladas com assistencialismos oficiais, a sociedade como um todo se sente completamente órfã, desamparada, carente de representatividade, e assim não restou outra alternativa à classe média que não fosse reagir nas ruas, gritar sua indignação e denunciar a roubalheira.
A coisa pode até ser mal organizada, despolitizada e feita na base da combustão espontânea, mas é legítima. Qualquer cidadão tem o direito de se recusar a ser roubado. E se o movimento é liderado pela classe média, isso se dá pelo fato de esta ser a única camada da sociedade que ainda não foi comprada pelo poder estabelecido. Na verdade, aliais, trata-se da parcela da população que mais vem sendo pisoteada, pois tem recebido, na prática, a tarefa inglória de pagar as contas da corrupção.
Em suma, o País vem sendo assaltado diariamente e o povo não tem condições de reagir. Os líderes de ontem, que resistiram à ditadura, não cumprem mais este papel, uma vez que a aproximação com o poder dissipou-lhes a dignidade intelectual e anulou em seus corações a capacidade de indignação. Todos são atualmente muito bem pagos e numa conta de chegada, pesando custos e benefícios, coisa que anda tão em voga na política brasileira, optam pela mudez absoluta mesmo diante do caos.
Isso quando não aderem a desfaçatez e advogam publicamente a roubalheira.

Você pode

Você pode construir o seu próprio destino, andar com suas próprias pernas e pensar com sua própria cabeça. 
Você pode se negar a aceitar a corrupção e a ganância dos governantes. 
Você pode atuar para que os seus filhos, os filhos dos seus vizinhos, dos seus amigos e até mesmo os filhos daquelas pessoas que você nem conhece, tenham um futuro digno, com educação em tempo integral, saúde, saneamento, habitação e direito a felicidade. 
Você pode de agir pelo bem estar social da sua comunidade, do seu bairro, da sua cidade, do seu Estado e do seu País. 
Você pode lutar contra as injustiças e contra os interesses mesquinhos dos donos do poder. 
Você pode usar o seu voto como uma arma em sua própria defesa. 
Você pode escolher o melhor candidato; aquele que tem histórico de lutas, qualificação pessoal e política e, acima de tudo, compromisso com você enquanto cidadão, ou cidadã, e enquanto povo. 
Você pode. Você é senhor da sua vontade. Você tem o poder de mudar o mundo. 

Então, mude...


OBS: Escrevi este texto para a campanha de um amigo em 2010. Achei ele hoje no meu arquivo e resolvi publicar aqui, até porque continuo acreditando em cada palavra.