Torceram
o pescoço da arte
Quebraram
a coluna do tempo
Tornaram
a utopia um desastre
Sangraram
a beleza por dentro
No campo
onde havia papoulas
Plantaram
canhões barulhentos
Encheram
de barro as lavouras
Vedaram
a paixão com cimento
Pros corpos
febris dos amantes
Criaram
milhões de sentenças
Do entulho
forjaram diamantes
Do amor
fabricaram doenças
Estrangularam
os sonhos
os sonhos
Castraram
qualquer pensamento
Inventaram
medos bisonhos
medos bisonhos
Roubaram
a candura do vento
Torceram
o pescoço da arte
Sangraram
a beleza por dentro
Tornaram
a utopia um desastre
Trocaram
as noções do meu senso
Mas sabe-se
que o mal não vigora
Tem horas
que ao invés do lamento
Quem sofre
poe as mangas de fora
E esfola
os barões do tormento
2 comentários:
Quanta informação em tão poucas palavras... As vezes eu me pergunto se todo mundo lê igual, se todo mundo vê igual... O poeta grita, mas tem "fama" de fingidor e então, quem lê não sente o que devia ter sido lido e não vê o que devia ter sido visto. Parabéns!
As pessoas não lêem igual...nem sentem igual... nem percebem igual...
Deve ser por isso que o poeta é um fingidor...
Valeu Edfrance...Beijão pra tu.
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