19.3.10

Tempos mudernos

Torceram
o pescoço da arte
Quebraram
a coluna do tempo
Tornaram
a utopia um desastre
Sangraram
a beleza por dentro

No campo
onde havia papoulas
Plantaram
canhões barulhentos
Encheram
de barro as lavouras
Vedaram
a paixão com cimento

Pros corpos
febris dos amantes
Criaram
milhões de sentenças
Do entulho
forjaram diamantes
Do amor
fabricaram doenças

Estrangularam
os sonhos
Castraram
qualquer pensamento
Inventaram
medos bisonhos
Roubaram
a candura do vento

Torceram
o pescoço da arte
Sangraram
a beleza por dentro
Tornaram
a utopia um desastre
Trocaram
as noções do meu senso

Mas sabe-se
que o mal não vigora
Tem horas
que ao invés do lamento
Quem sofre
poe as mangas de fora
E esfola
os barões do tormento

2 comentários:

Dida disse...

Quanta informação em tão poucas palavras... As vezes eu me pergunto se todo mundo lê igual, se todo mundo vê igual... O poeta grita, mas tem "fama" de fingidor e então, quem lê não sente o que devia ter sido lido e não vê o que devia ter sido visto. Parabéns!

Vicente Portella disse...

As pessoas não lêem igual...nem sentem igual... nem percebem igual...
Deve ser por isso que o poeta é um fingidor...
Valeu Edfrance...Beijão pra tu.