Um dia desses, eu era feliz como quem nunca se afastou do porto
Matava a fome num ou noutro corpo e idolatrava as luzes do País
Quando cantava, era sem esforço. Me vejo ainda escalando um fosso
Pra sussurras canções pra alguma atriz
Por muitas vezes cruzei a estrada que dá em nada,
A da canção do Gil
Só pra colher papoulas destroçadas, amontoadas num distante abril
O curioso é que, quando voltava, eu gargalhava ao som do vinil
Casa no campo, violão com lua, namorada nua, beijo de uma estranha
Cauda de pavão cheia de mistério, Chico, o planisfério, Rita, Gal, Bethânia
Lembrando agora vejo que não fiz nem a metade do que tinha em mente
Enquanto expunha o corpo ao sol quente e rabiscava textos na alma com giz
Percebo agora que a estrada em frente, aquela mesma que vai dar em nada
É a morada do que eu sempre quis
Por isso sigo firme, passo á passo. Há algo belo, eu sei, em algum lugar.
Para encontrar na borda do oceano a flor que valha à pena cultivar
É necessário estar disposto a tudo. Solto no mundo, quero caminhar
Quero explorar os buracos da rua e revirar as cestas nos portões
Assoviar pra voz que continua a misturar a vida com as canções
6 comentários:
"Percebo agora que a estrada em frente, aquela mesma que vai dar em nada É a morada do que eu sempre quis"
Dizem que o caminho é sempre mais interessante do que a chegada...
Pena que normalmente nos preocupamos TANTO com a chegada que não percebemos o quanto aprendemos durante a viagem...
bjo
Valeu Atre...
O espírito da coisa é exatamente esse.
beijão
putaquiupariu! mais um texto de chorar!!
parabéns novamente.
abraço, cara!!!!
heraldo hb /.
Valeu HB,
Grande abraço, parceiro.
Véio...! Que texto! Posso tentar musicá-lo? Mais uma vez, arrebentas-te.
Paz e Bem!
Um Beijo, um Queijo e um Beliscão de Caranguejo!
Beto Gaspari
Fala BG,
Claro, parceiro...pode ficar à vontade...rsrs
Grande abraço
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