4.12.08

Gás metano

Há horas em que a gente desanima

A febre queima e não arde

O sol nasce muito tarde

As horas passam mesquinhas

E a boca se cala e perde

Toda a capacidade

De distinguir os sabores

 

Um saco cheio de odores

Parece que nos invade

A alma pelas narinas

 

E nem as luzes dos carros

Iluminam a neblina

Que resiste ao fim da noite

 

Há horas em que o corte

Eterno no peito nu

Inflama, cresce e dói

Então todas as paredes

Que a alma humana constrói

Desabam assim, de repente

 

Quase que sutilmente

Desaparecem nos olhos

Aniquilados do herói

 

Há horas em que um ser

Triste, nocivo e estranho

Vira ácido e corrói

As estruturas internas

Do edifício humano


Espalham-se pelo ar

Os moles de um gás metano

Entorpecendo os sentidos


O estranho mundo dos vivos

É feito só de enganos,

Medos e paliativos

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