
Há horas em que a gente desanima
A febre queima e não arde
O sol nasce muito tarde
As horas passam mesquinhas
E a boca se cala e perde
Toda a capacidade
De distinguir os sabores
Um saco cheio de odores
Parece que nos invade
A alma pelas narinas
E nem as luzes dos carros
Iluminam a neblina
Que resiste ao fim da noite
Há horas em que o corte
Eterno no peito nu
Inflama, cresce e dói
Então todas as paredes
Que a alma humana constrói
Desabam assim, de repente
Quase que sutilmente
Desaparecem nos olhos
Aniquilados do herói
Há horas em que um ser
Triste, nocivo e estranho
Vira ácido e corrói
As estruturas internas
Do edifício humano
Espalham-se pelo ar
Os moles de um gás metano
Entorpecendo os sentidos
O estranho mundo dos vivos
É feito só de enganos,
Medos e paliativos
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