19.11.07

Amores

Não quero mais te falar de amores
As dores e as cores das flores
Se adentram
Se fundem
Se encontram em um mesmo tom
Leia, amor, os príncipes
De Maquiavel e Exupéry
Um anjo é mau o outro é bom
Dê seus ouvidos aos loucos
Todas as flores do mundo são poetas mortos
Poetas são meros amontoados de amores vãos
Leia, amor, os cânticos
As odes
E os nobres poemas de um autor qualquer
Leia, amor, os Clássicos
Mas não vá se perder, por favor, na paixão dos românticos
Meu mal (eu não sei) me parece de amor
Pode ser vaidade
E vai a idade chegando e a coisa se agrava
(Perdão, eu roubei para mim este verso do Afonso)
- Um poema escrito pra ti com um verso roubado -
Eu sou mesmo um sonso
Mas você
Não será nunca a moça
Que está no portão
Assim como eu não serei
Jamais um menestrel
Nem Milton
Eu sou um qualquer indivíduo da plebe
Que ama, que chora, faz sexo, tem febre
E paga aluguel
Perdoe amor, sou fraco
Em geografia da fome Josué de Castro
Expõe menos dores que aquelas que trago no meu coração
Eu nunca mais te componho em poema ou canção
Não faço
Mais nenhum verso pra ti
Quando os amores acabam
Desabam
E não deixam rastros
Os padres (eu acho)
E os bispos de um modo geral
Não padecem de forma alguma deste estranho mal
Perdoe, amor sou prático
Meu lado lunático não mais me permite compor poesias pra ti
Adeus, amor, um abraço
Agora eu já disse à você quase tudo
Não tudo, mas quase
Meus versos me aprazem
Já posso partir



Vicente Portella

Um comentário:

Cristiano Nadai disse...

gde vicente...
q beleza de versos, harmonia...
o seu blog é mesmo um oasis nesse nosso deserto...e ainda por cima é feito com consciencia !
parabens... voltarei sempre *** Abraços!