30.11.07

Arcos da Lapa - 4


4- SÉCULO XX – PRIMEIRA METADE

No primeiro terço do século, a Lapa era chamada de “Montmartre carioca”, seus restaurantes e cabarés abrigavam a noite mais movimentada, as mulheres mais famosas, os malandros mais renomados. A vida noturna, ali, oferecia opções para todos os gostos, ostentando a mais absoluta diversidade. Se numa mesa de café reuniam-se políticos e empresários, ou então intelectuais como Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Mário de Andrade ou Rubem Braga, na mesa ao lado, poderia estar uma roda de samba ou a fina flor da malandragem da época.
Antes que a decadência viesse, com a repressão aos bordéis e à malandragem promovida pelo Estado Novo e a proibição dos jogos de azar no pós-guerra, e antes da ascensão de Copacabana, a Lapa vivia noites de puro brilho. O malandro autêntico tornou-se, então, figura de folclore, e o próprio Wilson Baptista rendeu-se e cantou: “O bonde São Januário / Leva mais um operário / Sou eu que vou trabalhar”.
Por trás da aura mágica da boemia e da noite, a Lapa também era zona industrial de pequenos estabelecimentos nos ramos de móveis, confecções, alimentos e bebidas. Até os anos 70, na rua dos Arcos, funcionou o símbolo dessa indústria – a Fundição Progresso, de cofres e fogões.
Pela manhã, enquanto boêmios se dirigiam aos pontos de bonde, a Lapa já ia sendo tomada por caminhoneiros, carregadores, comerciantes que começavam a montar a feira livre na praça defronte aos Arcos. Ao meio-dia, começavam a chegar os chamados “xepeiros” e logo em seguida, a Lapa começava a se preparar para mais uma noite de glória.

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