30.11.07

Arcos da Lapa - 5

5- SÉCULO XX – O ADVENTO DA MODERNIDADE

No pós-guerra, em meio à decadência da boemia, teve início o arrasamento do morro de Santo Antônio, nos anos 50, com o objetivo de abrir espaços no centro da cidade para pessoas e veículos. A Lapa, era vizinha dos canteiros de obras dos grandes edifícios que surgiam na esplanada e por isso, entrou num processo de deterioração dos velhos centros urbanos. É neste contexto que algumas casas famosas mudaram-se para endereços próximos, como o Restaurante Capela e o Cabaré Casanova. Outras casas escaparam por pouco da extinção, como a Sala Cecília Meireles, que ainda funciona ali.
Na década de 60, surge um projeto governamental para a construção de uma grande avenida que cortasse o Centro de norte a sul, repetindo o feito de Pereira Passos e desafogando a sua antiga avenida Central. No meio do caminho estava a Lapa. O plano mais tarde foi abandonado, mas a Lapa por pouco não sumiu do mapa, pois em poucos anos quarteirões inteiros foram arrasados e inúmeros prédios foram demolidos.
Tal processo de renovação durou até os anos 70. A Fundição Progresso, que havia sido fechada em 1976, chegou a sentir o impacto das marretas antes que uma mobilização de artistas, intelectuais e moradores das vizinhanças a salvasse da demolição, transformando-a em símbolo de renascimento cultural.
Depois do cataclisma dos anos 70, a noite da lapa começou a esquentar de novo. A Sala Cecília Meireles assumiu o papel de principal casa de espetáculos da cidade para música instrumental, com acústica excepcional. O Asa Branca, com pista de dança e show ao vivo, é importante espaço de música popular, repetindo o estilo das antigas casa de espetáculos do lugar. Um circuito de bares e restaurantes de todos os cardápios indica o renascimento da vida noturna do centro da cidade.
Um dos pontos altos da noite da Lapa tem sido o Circo Voador, misto de gafieira e casa de espetáculos instalada numa praça atrás dos Arcos. Voltam a conviver sob os Arcos da Carioca as muitas faces da cidade. Nas mesmas calçadas caminham boêmios e catadores de papel, apressados comerciários lutando por um lugar nos milhares de ônibus que circulam diariamente onde, há dois séculos, pastavam vacas à beira de uma lagoa.
A Lapa foi urbana, suburbana e rural. Depois de nascer de novo sob o signo dos conventos e seminários, teve uma vida das mais atribuladas, de rainha da noite da cidade. Palco da obra mais ousada de seu tempo, os Arcos da Carioca chegam ao Século XXI, cheios de vitalidade, transformando-se novamente em coração noturno do centro da cidade.


Saiba mais
Adaptação do texto original constante da publicação “Arcos da Lapa 1755 a 1991- Um passeio no tempo” – Instituto de Planejamento Municipal – 4ª edição - 1991
Revisão e adaptação: Sônia Maria Queiroz de Oliveira e Natércia Rossi
Colaboração: Edwilson da Silva e Neide Carvalho Monteiro
A publicação "Arcos da Lapa 1755 a 1991 - Um passeio no tempo" está à venda na livraria do Instituto Pereira Passos - Rua Gago Coutinho, nº 52 - Laranjeiras - Rio de Janeiro - tel 2555-8083
e-mail: livrosipp@pcrj.rj.gov.br

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