30.11.07

Arcos da Lapa - 2

2 – SÉCULO XIX

Em meados do século XIX, o Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, era um cidade majoritariamente negra: dos 130 mil habitantes estimados em 1838, pelo menos dois terços eram escravos. Mantinha também muitos de seus aspectos de atrasada cidade colonial: a limpeza pública era escassa, a iluminação se fazia por raras lâmpadas de azeite de peixe, os esgotos corriam por calhas no meio das ruas e os meios de locomoção limitavam-se a poucos carros, muitos cavalos e os primeiros ônibus de tração animal, as chamadas gôndolas.
Os arrabaldes da cidade iam sendo progressivamente ocupados, especialmente após o desembarque da Família Real portuguesa em 1808, fugindo da guerra na Europa e trazendo consigo inúmeros cortesãos e extensa burocracia governamental.
Nas antigas chácaras e quintas da Lapa, foram surgindo novos e aristocráticos sobrados. O caminho do sul que levava do Largo da Lapa até os bairros do Catete e Flamengo, disputava a preferência das elites com as ruas dos Inválidos, Lavradio e Resende, recém-abertas sobre o aterro do brejo de Pedro Dias, por trás dos Arcos.
A área, que se urbanizava rapidamente, havia triplicado no período entre 1838 e 1888 e, a esta altura, a antiga lagoa do Boqueirão, bolsão de mar que entrava pela várzea e que já permitira navegação para pequenas atracações, tinha-se transformado num pântano, razão pela qual em 1790, o então vice-rei Luis de Vasconcellos fez aterrar o que restava da lagoa, onde construiu o primeiro parque da cidade, o Passeio Público.
O largo da Lapa foi, desde que os padres carmelitas se mudaram para ali em 1810, um dos cenários principais da festa do Divino Espírito Santo, a mais importante da cidade no seu tempo. Durante cinco semanas, o povo se divertia nas barraquinhas armadas no Largo, iluminadas à noite pelo espetáculo dos fogos de artifício.

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