12.5.09

Não aconteceu? virou manchete...

A imprensa brasileira evoluiu muito nos últimos anos. Antigamente ela se limitava a reportar os fatos, mas hoje, em tempos de globalização, sistemas corporativos, essa coisa toda, a imprensa não apenas reporta, mas acima de tudo, cria os fatos.

Tem lógica, esse processo. Pra que ficar esperando as coisas acontecerem, não é mesmo? É muito mais fácil gerar o problema para depois explorá-lo, como fazem as fábricas modernas, produzindo desde a matéria prima até o produto final.

Gripe suína, bovina, aviária, mesmo sem a coisa acontecer, a imprensa já esta noticiando e estabelecendo o padrão de comportamento a ser adotados pelos Governos para enfrentar as crises. E ai do Governo que não se pautar pela mídia... Vai para o inferno da opinião pública na hora.

Aliás, por falar em opinião pública, é preciso que se diga, mesmo com pesar, que ela já não mais existe.

Na falta de tempo para ficar perguntando ao povo o que ele acha a imprensa criou a opinião publicada, sucessora sem votos da opinião pública. Até porque facilita as coisas. Não é mais necessário auferir o sentimento coletivo sobre um determinado tema. Basta enervar um cidadão de classe média, coisa super fácil, principalmente se for um daqueles que vivem frustrados e aporrinhados por contas, filhos, casamentos nos quais a esposa sempre cobra algum artigo melhor do que o do vizinho etc. que são a grande maioria, para se estabelecer um consenso, mesmo que seja um consenso “por amostragem”. Coisa do tipo: se esse infeliz pensa assim, os outros pensam igual.

No futebol da pra se reparar perfeitamente esta nova faceta da imprensa. Na primeira rodada de um campeonato nacional, com 38 rodadas ao todo, os gênios da imprensa já apontam o campeão.

Vários “comentaristas”, que pela capacidade profissional devem ganhar algo em torno de CR$1,99, alguns, e caldo de cana com pastel, outros, a título de honorários – A maioria, inclusive a gente ainda fica se perguntando como conseguiu aquele emprego - “comentam” de forma entusiasmada as futuras vitórias do time escolhido e passam o resto do campeonato torcendo pelo seu clube, desqualificando os adversários e melando, na medida do possível, qualquer ação que não seja condizente com os seus propósitos. Evocando até, sempre que necessário, o braço do judiciário inventado para esse fim, o STJD LTDA.

Todos eles, é bom que se registre, são defensores da mesma “tática” de jogar pelas pontas e dizem isso sempre em tom profético.

Enfim, a evolução da imprensa brasileira é realmente espantosa. Difícil é acreditar que em 4 anos de um curso caríssimo a maioria tenha aprendido apenas a reproduzir informes enviados pelos gabinetes de governantes. Ipsi literis.

Tem gente que lê no jornal, assiste na TV e ouve no rádio, mas só pra trocar de tédio. Acreditar, é claro, ninguém acredita, pois todos sabemos que a imprensa “muderna” se baseia na ficção.  

3 comentários:

Anônimo disse...

Verdade que eu não li TUDO que vc já escreveu por aqui até porque bato cartão aqui faz pouco tempo....MAS eu me arrisco a dizer que esse deve ser um dos seus melhores textos...
Fácil da gente ler e entender cada ponto que vc toca...E sem aquele 'a mais' que as vezes tu coloca (aqueeeeeles que aí eu fico querendo te puxar as orelhas...rs)
Gostei TANTO que até vou 'pegar emprestado' pro Conversa Atrevida, ou seja, o famoso ‘surupiar’, ‘afanar’, me apossar...’roubar’ (então melhor tu autorizar pra que eu não cometa um delito....).

Bjo, Bjo, Bjo, Bjo, Bjo!!!

Atrê

Vicente Portella disse...

Oi Atrê,

Você esta sempre autorizada, meu anjo. Pode usar e abusar. Faz de conta que o Blog é seu...rs

Beijos pra vc.

Beatriz Oliveira disse...

Por isso eu não leio jornal, nem vejo TV. E nem é preciso. Fico sabendo de tudo pela boca dos escandalizados. rs