15.10.07

Chegou a "Tropa de elite"

Como os amigos devem ter percebido, não ando com muita vontade de escrever. Por isso tenho postado textos alheios como forma de homenagear outros autores e ocultar minha preguiça intelectual. Confesso à vocês no entanto que minha preguiça advém do fato de as coisas estarem muito ruins no Brasil.
Mas enfim, como assisti hoje, no cinema, ao filme “Tropa de Elite”, resolvi fazer uma reflexãozinha.
Já tinha assistido à famosa cópia pirata do filme e as diferenças entre esta e a oficial são poucas. Fiquei intrigado, no entanto, com o vendaval de cacetadas que alguns "especialistas" reservaram para o filme nos veículos de comunicação. Teve até um blogueiro do "Globo", cujo nome não chega a me ocorrer nem de longe, que acusou o filme de ser reacionário. Curioso, muito curioso...
Na verdade trata-se de um filme de ação, tecnicamente bem feito, que aborda o tema social de uma maneira diferente daquela convencionalmente usada na arte brasileira.
O filme não é genial, mas impactante. Não é verdade que se trate de uma abordagem do ponto de vista de um policial, como defendem alguns de seus criadores, pois não creio, sinceramente, que a maioria dos policias do Rio de janeiro viva o conflito existencial experimentado pelo personagem principal, Capitão Nascimento. A mim me pareceu mais uma abordagem política e sociológica, bem ao estilo de Luiz Eduardo Soares, co autor do livro “Elite da tropa”. E com uma visão correta em vários aspectos, diga-se de passagem.
Outra coisa a me chamar a atenção foi a estratégia usada para a divulgação do longa de José Padilha, esta sim, genial. Espalhar cópias piratas "sem querer" entre os camelos da cidade certamente foi uma coisa fundamental até para garantir a chegada do filme às telas de maneira satisfatória. Seus criadores, é claro, já tinham plena consciência da capacidade polêmica do filme e agravaram isso.
Quanto às criticas publicadas contra o filme, uma coisa me intrigado: todos os anos assistimos a uma infinidade de filmes americanos apoiados em personagens bem próximos ao Capitão Nascimento. Charles Bronsom, Chuck Norris, Vam Dame, Steve Segal e tantos outros entulham nossas telas desde os anos 60/70 com personagens cujo perfil é moldado na referencia pessoal de mundo e na capacidade de infringir a lei em nome da própria justiça. Nunca vi, no entanto, alguém acusa-los de reacionários com tanta veemência. Será que a revolta é só porque o Capitão do Bope não é dublado?
Aliás, quanto ao Bope, o filme é completamente favorável à este. Chegando até mesmo à imputar ao batalhão uma referencia anti-corruptiva em meio ao caos absoluto. E à isso, realmente, não estamos muito acostumados.
Como se sabe, vivemos no País do caos e a cada trimestre precisamos de alguém transformado em Judas ou inimigo público número 1 para purgar nossas iras.
A bola da vez é o Senador Renan Calheiros, e devemos agradecer a nossa querida imprensa por esta terapia psicanalítica coletiva.
De resto é tocar a vida entre congressistas toscos, desgovernadores e desgovernantes, sempre tendo como referência o mais absoluto caos, característica maior do Brasil. Este sim, tão reacionário quanto qualquer País terceiro mundista.
Se der certo, poderemos eleger alguém decente um dia... Quem sabe?
Se der errado, a gente convoca o Capitão Nascimento pra resolver a questão.

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