
Mas enfim, como assisti hoje, no cinema, ao filme “Tropa de Elite”, resolvi fazer uma reflexãozinha.
Já tinha assistido à famosa cópia pirata do filme e as diferenças entre esta e a oficial são poucas. Fiquei intrigado, no entanto, com o vendaval de cacetadas que alguns "especialistas" reservaram para o filme nos veículos de comunicação. Teve até um blogueiro do "Globo", cujo nome não chega a me ocorrer nem de longe, que acusou o filme de ser reacionário. Curioso, muito curioso...
Na verdade trata-se de um filme de ação, tecnicamente bem feito, que aborda o tema social de uma maneira diferente daquela convencionalmente usada na arte brasileira.
O filme não é genial, mas impactante. Não é verdade que se trate de uma abordagem do ponto de vista de um policial, como defendem alguns de seus criadores, pois não creio, sinceramente, que a maioria dos policias do Rio de janeiro viva o conflito existencial experimentado pelo personagem principal, Capitão Nascimento. A mim me pareceu mais uma abordagem política e sociológica, bem ao estilo de Luiz Eduardo Soares, co autor do livro “Elite da tropa”. E com uma visão correta em vários aspectos, diga-se de passagem.
Outra coisa a me chamar a atenção foi a estratégia usada para a divulgação do longa de José Padilha, esta sim, genial. Espalhar cópias piratas "sem querer" entre os camelos da cidade certamente foi uma coisa fundamental até para garantir a chegada do filme às telas de maneira satisfatória. Seus criadores, é claro, já tinham plena consciência da capacidade polêmica do filme e agravaram isso.
Quanto às criticas publicadas contra o filme, uma coisa me intrigado: todos os anos assistimos a uma infinidade de filmes americanos apoiados em personagens bem próximos ao Capitão Nascimento. Charles Bronsom, Chuck Norris, Vam Dame, Steve Segal e tantos outros entulham nossas telas desde os anos 60/70 com personagens cujo perfil é moldado na referencia pessoal de mundo e na capacidade de infringir a lei em nome da própria justiça. Nunca vi, no entanto, alguém acusa-los de reacionários com tanta veemência. Será que a revolta é só porque o Capitão do Bope não é dublado?
Aliás, quanto ao Bope, o filme é completamente favorável à este. Chegando até mesmo à imputar ao batalhão uma referencia anti-corruptiva em meio ao caos absoluto. E à isso, realmente, não estamos muito acostumados.
Como se sabe, vivemos no País do caos e a cada trimestre precisamos de alguém transformado em Judas ou inimigo público número 1 para purgar nossas iras.
A bola da vez é o Senador Renan Calheiros, e devemos agradecer a nossa querida imprensa por esta terapia psicanalítica coletiva.
De resto é tocar a vida entre congressistas toscos, desgovernadores e desgovernantes, sempre tendo como referência o mais absoluto caos, característica maior do Brasil. Este sim, tão reacionário quanto qualquer País terceiro mundista.
Se der certo, poderemos eleger alguém decente um dia... Quem sabe?
Se der errado, a gente convoca o Capitão Nascimento pra resolver a questão.
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