10.12.09

COP 15...Quanto vale o direito de destruir o planeta?


Há algo de muito podre nessa tal de COP 15, em Copenhague. Ou é isso, ou minha TV está com defeito e redireciona as notícias para algum forúm econômico sempre que entra uma matéria sobre a conferência ambiental.
Teoricamente, o objetivo do encontro é discutir o super aquecimento do planeta e as formas mais eficazes de combate-lo, mas, na verdade, a única coisa que se discute por lá é grana.
Cada vez que vejo o Minc dando uma entrevista eu me escondo atrás do sofá. É sério. Chega a dar medo a fúria com que nosso ministro verde defende a prioridade da questão financeira sobre a ambiental.
O aquecimento global é um fato inquestionável, mas não da para resumir tudo a indenizações dos países ricos aos países pobres para cobrir o prejuízo, senão seria como se o meio ambiente fosse transformado oficialmente em uma mercadoria e a tal conferência, então, estaria só discutindo o "valor de mercado" do planeta.
Falando com toda a sinceridade, eu já estava achando estranha a avidez da imprensa em termos de COP 15 muito antes da conferência começar. Era matéria que não acaba mais sobre o evento. Inclusive, como é de praxe, explorava-se à fundo a possibilidade de os EUA assinarem ou não um daqueles acordos que nunca são cumpridos e, principalmente, cobrava-se, meses antes, que os Países ricos levassem "números" para o encontro. Pelo menos agora eu já entedi que não eram os números que a imprensa queria, eram numerários.
Como o Brasil agora é tratado como uma potência emergente no cenário internacional, a gente pode pegar nosso exemplo para ter uma idéia de como a questão ambiental tem funcionado no mundo.
Nos últimos 50 anos a industrialização cresceu de forma absurda, o que de certa forma é bom. O problema é que financiamos esse progresso com nossos rios, nossas matas e nossa qualidade de vida. Os grandes centros incharam terrivelmente e a coisa foi se agravando a cada ano que passava sem que os Governos reagissem. Hoje, graças a isso, corre por nossos rios uma mistura corrosiva de esgotos e rejeitos industriais de toda a sorte, aniquilando a possibilidade de vida.
Se a grana reivindicada no COP 15 fosse, por exemplo, para investir no esgotamento sanitário das regiões metropolitanas brasileiras, a coisa até que seria interessante. Mas a gente sabe que não é isso. Não há projeto de políticas públicas no Brasil que resista ao apelos dos mensalões palacianos. Fatalmente, se essa grana vier não será investida em saneamento, habitação, saúde ou educação ambiental. Nossa história repleta de Dirceus e Arrudas nos aponta para um desfecho mais trágico e triste.
Aliás, é bom que se diga, o Brasil tem investido muito dinheiro em pseudo obras de estrutura nos últimos anos, mas esses investimentos não tem sido nem um pouco sérios. Nossos rios mortos por falta de esgotamento sanitário estão aí para provar isso.
Como resumo da ópera podemos assegurar que não adianta colocar uma tabuleta de "vende-se" no planeta, mesmo que o preço seja altíssimo, se for para dar à quem comprar o direito de destruí-lo.
Se essa gente fosse séria estaria discutindo as possibilidades de vida ao invés de estipular o preço da morte global.

Um comentário:

Robert Sachsse disse...

Caro amigo.
Meio ambiente virou commodity há tempos, negociada em bolsa de valores do mundo todo através de crédito de carbono.
Por isso é que meio ambiente = US$.
Por isso que só se fala em dindin nessas conferências.
Foda-se o aquecimento....