19.2.08

Pra inglês ver...e falar besteira.

Os ingleses foram os colonizadores mais perversos da história recente da humanidade e cometeram um sem número de atrocidades por onde quer que passaram nos últimos séculos. Até mesmo o processo de colonização e independencia dos EUA, hoje donos do planeta, foi marcado pela mão pesada dos ingleses.
Na época da Rio 92 chegaram a fazer uma campanha e distribuir camisetas em londres com os seguinte dizeres: Preserve a natureza, mate um brasileiro.

Fiquei abestado, por tanto, quando li nos jornais de hoje, ou ontem, sei lá, sobre o artigo publicado na segunda-feira no jornal inglês The Guardian, pelo "defensor dos Direitos Humanos" Conor Foley, excomungando o filme brasileiro "Tropa de elite". Me pareceu o poste mijando no cachorro.

O que me deixou pasmo nem foi o artigo do sujeito em si, mas a repercussão do mesmo em terras brasileiras. Cada vez estou mais convicto de que a subserviência intelectual de nossas eleites aos estrangeiros é algo assustador.

O sujeitinho inglês, assim como alguns membros de nossa gloriosa elite zona-sul, impõe ao filme de José padilha a pecha de fascista. Nada mais grotesco. Já até escrevi aqui no blog sobre isso e repito: passamos os últimos 30/40 anos recebendo doses industriais de violência na veia, violência essa estrelada por Charles Bronson, Van Dame, Shuarzeneguer - nem sei se é assim mesmo que se escreve - Stalone, e tantos outros mais, sem um mínimo de questionamente por parte de ninguém.

Todos os filmes desses elementos, empurrados por nossa goela abaixo desde a década de setenta, criaram aqui a idéia do herói matador. Do lobo solitário que cumpre sua vingança ao arrepio de todas as leis vigentes.

Nenhum deles no entanto questionou o interesse dos poderosos no processo de violência urbana importado por nós. Na verdade essa gente não ataca o filme brasileiro por conta do teor de violência exposto no filme, mas por sua abordagem responsabilizando a classe média e as elites pelo gigantesco negócio em que se tornou o tráfico de drogas. É, como diria Nelson Rodrigues, o óbvio ululante.

Vários outros filmes abordando a violência ja foram produzidos no Brasil, mas nunca com tal abordagem.

Acusar o filme de fazer apologia da violência é uma falácia. Trata-se na verdade de uma obra realista. Só isso. Pode ser até que uma parcela da sociedade, a mais bem aquinhoada, claro, nunca tenha se dado conta de como a polícia age, mas a grande maioria, moradora das favelas, dos subúrbios e da Baixada Fluminense, sabe muito bem como a coisa funciona. O filme esfrega na cara do espectador a realidade. Nada mais que isso.

Nossa polícia, desde a sua concepção, nunca teve como viés principal defender o cidadão, mas o patrimônio. Essa é uma herança recebida por nós desde o processo da colonização e só repensada, no caso do Rio de Janeiro, à cerca de 25 anos atrás, época em que o Coronel Nazaré Cerqueira, no 1º Governo Brizola, assumiu o comando da PM. Tornou-se inesquecível uma foto publicada pela imprensa da época com políciais conduzindo pessoas pobres com cordas amarradas nos pescoços, motivadora da indignação do então Governador.

Fascista na verdade é a concepção das nossas elites, por adotar a lógica de guetos segregados e repressão do Estado contra os mais pobres ( é bom lembrar que no começo do século passado a polícia prendia pobres pelo simples fato de serem sambistas. Eram considerados vagabundos).

Dizer que Tropa de Elite é fascista é o mesmo que afirmar que a condenação da extrema violência policial contra pessoas de bem significa proteger bandidos. Uma tolice.

O inglês, autor do artigo, ( provavelmente um genérico local do Gabeira ), diz que os Brasileiros deveriam ter vergonha pelo sucesso do filme. Opinião capciosa. O brasileiro tem todos os motivos para se envergonhar sim, mas de suas elites, que patrocinam drogas e depois fazem passeatas hipócritas pela paz. Assim como, aliás, a inglaterra, patria mãe de Conor Foley, deveria se envengonhar de seu histórico de atrocidades.


OBS: Já havia publicado essa foto aqui no blog, mas publico de novo e esclareço que não é cena do filme Tropa de Elite. Trata-se de uma ação real da PM do Rio de Janeiro no início dos anos 80.


Um comentário:

Anônimo disse...

Vicente

Primeiro, uma correção: Conor Foley é irlandês, não inglês.

Segundo, concordo plenamente com a sua avaliação da cumplicidade e até maior responsibilidade da elite brasileira pela violencia urbana. Mas até descordando, ia respeitar e escutar a sua opinião, desde que seja feita para alguem como eu escutar. É aí que tenho um problema com o seu modo de rebater a crítica do filme. Para você, tem algum diálogo com estrangeiros que descordam (ou até concordam) das suas opiniões? É tudo a mesma merda? Evidentemente, não sou brasileiro. Essa intolerância do olhar alheio, estrangeiro, faz parte da mentalidade da elite brasileira também. Por isso existe a frase 'pra inglês ver,' não acha? Lendo aqui, falta um internacionalismo na sua fala, que não isola as pessoas de antemão pela nacionalidade.