28.5.10

Uma tentativa de golpe institucional: de Vargas à Garotinho


"Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes."


O trecho acima, primeiro parágrafo da histórica carta testamento do Presidente Getúlio Vargas, é a mais fidedigna representação do que ocorre hoje no Rio de Janeiro. Não são apenas pessoas, mas, instituições, coordenando-se e articulando-se contra a possibilidade de que Garotinho dispute o Governo do Estado.
Querem simplesmente proibir que o ex Governador ofereça seu nome ao povo como alternativa.
Nada disso é novo. Getúlio, como a própria carta testamento deixa evidente, enfrentou estas mesmas forças à seu tempo, e as venceu.
Na verdade, sabem muito bem os formuladores deste golpe, o povo do Rio de Janeiro sempre foi solidamente consciente das manipulações, artimanhas e escaramuças de seus inimigos, e, talvez por isso, resida aqui, em contra partida, a elite mais desonesta e perversa de todo o cenário político nacional.
Somos governados hoje por gente que despreza o Estado, o povo e as instituições; gente capaz de qualquer vilania para se perpetuar no poder. E pior. Gente cujos tentáculos envolvem as instituições à partir de ligações pessoais e danosas, comprometendo o próprio conceito de democracia e tornando perigosa a prerrogativa da cidadania.
A decisão do TRE pela cassação do mandato que o povo de Campos deu à Prefeita Rosinha e pela inegibilidade do ex Governador Anthony Garotinho não encontra respaldo nem do ponto de vista jurídico, nem do ponto de vista racional e muito menos do ponto de vista democrático, até porque a democracia é justamente o regime que impede que a vontade das castas dirigentes prevaleçam sobre a vontade dos cidadãos comuns.
Na prática é uma decisão que coloca em risco a própria confiança depositada pelo cidadão comum no poder judiciário, pois acaba por misturar e confundir vontades que emanam exclusivamente do chefe de um dos poderes, o executivo.
Certamente o TSE vai reparar este terrível dano que ameaça a soberania do povo fluminense e restabelecer o equilíbrio institucional, mas, independente disso, não podemos ficar calados, pois a situação nos indica que estes elementos, tendo a frente Cabral, são, literalmente, capazes de qualquer coisa para impedir a manifestação da vontade do povo.
Nossos poderes constituídos precisam se basear, como estabelece a constituição, nos sólidos pilares da democracia e não nos desejos ou nos lucros pessoais de quem quer que seja.
Assim como foi feito com Getúlio e Brizola, nós, trabalhadores e pessoas de bem, precisamos outorgar à Garotinho a tarefa de combater estas elites em nosso próprio nome.
E assim será feito, nas urnas, nas próximas eleições.

Um comentário:

PEDRO CUNHA disse...

ESTE POST ESTÁ NO RECEM-CRIADO BLOG DO PEDRO CUNHA

http://www.brasilianas.org/blogs/pedro-cunha
.................... A PERSEGUIÇÃO AO GAROTINHO (1)

Com mais de 40 anos de jornalismo nunca assisti a uma perseguição como esta que fazem contra o ex-governador Garotinho. Talvez apenas a de Carlos Lacerda contra o presidente Vargas nos anos 50.

A Dilma, o Serra e a Marina fazem entrevistas exclusivas a toda hora nas rádios e TVs do Brasil inteiro e não têm suas candidaturas impugnadas, cassadas, só o Garotinho, por uma simples entrevista que fez numa rádio da cidade de Campos dos Goytacazes em 2008, como fazem os candidatos citados acima nos dias de hoje.

O presidente do TRE-RJ quando deu o seu voto de minerva desempatando os votos dos juízes que seguiam o voto do relator do processo (4x3) nem se lembrou do conceito que rege todos os atos do Judiciário desde os tempos imemoriais da Roma antiga: "in dúbio pro reo". Em dúvida, leva-se em conta a presunção que o réu é inocente. E coincidentemente, como publicou o Diário Oficial do RJ, o "probo" governador Cabral liberou R$ 200 milhões de verba suplementar ao mesmo TRE-RJ que havia cassado o maior opositor do atual governador, Cabral.

A gigantesca verba de propaganda enganosa do governo do estado do RJ, R$ 495 milhões, é gerenciada, distribuída ao bel prazer do irmão do gov.Cabral, Maurício, que nem funcionário do Estado é. E o resultado disto é que toda a grande mídia do RJ só elogia o gov.Cabral, como este fosse a melhor pessoa do mundo e o melhor governante brasileiro e persegue o seu desafeto, o ex-governador Garotinho. E como este meio bilhão de reais em propaganda faz falta ao Estado, nada de aumento para todo o funcionalismo público do estado do Rio de Janeiro. As filas dos hospitais públicos do estado amarguram a todos aqueles que os procuram; muitas das escolas públicas não têm professores de matemática, química, física e geografia; o MetroRio, os trens da Supervia que sempre vinham funcionando bem nos governos anteriores, hoje são um verdadeiro caos e até trem sem maquinista circula pelas linhas do subúrbio do Rio. As barcas Rio - Niterói tem os seus percursos de forma errática e imprevisível assim como os seus horários; e o cúmulo dos cúmulos: a mulher do gov.Cabral é sócia (69%) do escritório de advocacia lobista que assessora as concessionárias do Metro, da Supervia e do maior fornecedor do Estado, o Grupo Facility, do grande amigo cabralino, Arthur Soares, detentor de contratos com o Estado que superam R$ 1.200 bilhão . O contrato de manutenção, só de manutenção, das viaturas da secretaria de Segurança Pública é de R$ 4 mil mensais/cada (cada viatura custa 34 mil em média) e o da secretaria de Saúde e Defesa Civil é muito mais oneroso ao Estado, o que, desta vez, provocou o maior escândalo que nem a grande mídia do RJ teve como encobrir.

E o que faz o Ministério Público do RJ ? N A D A !!! Também pudera: o "probo" gov.Cabral liberou recentemente a contratação de mais 300 cargos comissionados (sem concurso) para aquele Ministério. Tipo Farra do Boi.

O gov.Cabral faz comício quase todos os dias no interior do estado com os seus candidatos aliados, com faixas, cartazes e carro de som e a fiscalização do TRE-RJ até hoje não fez nenhuma atuação contra o "probo" governador: contra Garotinho, todos os dias.

Haveria muito mais para escrever sobre a Democracia do Estado Cabralino, mas relembrar como foi o Estado Nazista de Adolf Hitler seria matéria para outro comentário meu. E como disse o grande Bertolt Brecht na Alemanha dos anos 30: "simplesmente olhemos o usual como se não fosse a regra, pois nada é impossível de se mudar."

Pedro Cunha

jornalista - RJ