Eu estava sentado diante do computador, ontem, me preparando psicilogicamente para atualizar o Blog, quando o mundo apagou. O breu absoluto me deu uma agonia danada. Fiquei pensando em como as pessoas viviam antes de Tomas Edson montar aquele esquema, em 1881, que iluminou algumas quadras de New York com 7200 lâmpadas. Ontem, 128 anos depois, não havia uma só lâmpada acesa no meu raio de visão. Incrível . Nossa dependência de energia elétrica no atual estágio civilizatório é absoluta.
O que mais me angustiou foi não conseguir nenhuma notícia. Tv, internet, rádio, tudo na minha casa funciona à energia elétrica, assim como na maioria dos lares. Viciado em informação, eu tentava saber o que estava acontecendo, e nada. A angústia só aumentava.
Uma senhora passou na minha rua falando que tinha ouvido notícias no rádio de pilha dando conta de que o apagão era em vários estados. Fudeu, pensei. O problema foi em Itaipú. Mas não era bem isso. As notícias ainda estavam meio tortas.
Passei alguns minutos explicando ao meu filho e ao meu sobrinho como funciona o sistema interligado e os dispositivos que existem para evitar que os danos se alastrem. Naquela altura do campeonato até os mosquitos - multiplos e variados - prestavam atenção na minha palestra familiar, mesmo porque não havia nada mais interessante para fazer, a não ser, no caso deles, atormentar a gente.
De repente, não mais que de repente ( Evoé Vinícius ) , lembrei de um aparelhinho de MP3 e rádio, daqueles que se ouve com fone de ouvido, que eu ganhei da revista Pró teste. Minha explanação foi imediatamente interrompida em nome do vício de informação. Várias rádios estavam fora do ar e só mesmo a velha e boa TUPI foi capaz de diminuir minha angústia.
Passei as próximas 4 horas, ou quase isso, ouvindo a rádio fundada por Assis Chathobriand à 74 anos.
No começo os jornalistas estavam mais preocupados com o jogo do Vasco do que com o apagão, mas aos poucos foram caindo na real e buscando informações para explicar o caos. Foi interessante notar a vontade dos jornalistas esportivos, geralmente cheios de limitações em outras áreas, que se esforçaram ao máximo para explicar o apagão.
No final acabou se confirmando que o problema ocorreu em uma linha de transmissão de Itaipu, o que fez com que faltasse luz até no Paraguai - Onde o Fluminense joga hoje- lembrava sempre o jornalista esportivo, fiel a sua formação mesmo diante do caos.
Aí foi só esperar o retorno da normalidade. Com informação a gente sabe que é só uma questão de tempo. Na minha casa a energia voltou às duas horas da manhã.
O fato em si faz a gente pensar na inteligência técnica do sistema interligado, mas também no efeito dominó. Se há um problema em uma linha de transmissão, o sistema é desligado automaticamente para evitar danos. Mas, em compensação, a energia de outros estados, onde não houve problema, pode ser direcionada para suprir as necessidades.
Eu sei que hoje vão pulular especialistas na mídia falando todas as bobagens possíveis. Certamente vão condenar tudo que existe e defender as mais estapafurdias alternativas para o sistema elétrico brasileiro. Mas o fato é um só: se não houve problema de geração de energia - e isso já está constatado que não houve - ficou provado que o sistema integrado é a melhor solução técnica possível, pois em poucas horas a normalidade se estabeleceu.
De resto, vale saudar a Rádio TUPI do Rio de janeiro. Graças ao investimentos em geradores e tecnologias de ponta, a rádio salvou a pátria de todos os ávidos por informação, como eu, no Brasil inteiro, entrevistando, inclusive, o Presidente de Itaipú binacional..
OBS: Só pra constar. Fui dirigente do Sind. Urbanitários, um dos maiores sindicatos no Brasil na época, que representava os trabalhadores do setor elétrico. Lá aprendi bastante, em dois mandatos, com os técnicos desse setor. Digo isso só pra não parecer que a coisa se resume à pitacos.
5 comentários:
É, companheiro, a tua angústia foi dentro de casa, ao lado de teu filho. A minha foi na Linha Vermelha, vindo do trabalho, "só, somente só". Breu geral, não via nada. Chuva, muita chuva para ajudar, ou melhor, atrapalhar. Dirigia como se fosse um morcego, no radar da intuição. Liguei o alerta e saí igualzinho um vagalume. Ligado na Band só ouvia falar que: apagou aqui, apagou ali. E o pior, amigo: ninguém sabia o que estava acontercendo. Seria uma invasão de marcianos? Com muita dificuldade consegui chegar em casa. Entendo o que você sentiu, mesmo estando em casa. É uma sensação estranha, difícil de descrever. Não gostaria de repetir este prato indigesto.
Um abraço cheio de "energia".
Valeu Rogério.
Essa da invasão alienígena me lembrou Orson Wells.
Grande abraço
É, o susto foi grande pra todos. Embora meu caso não seja tão sério quanto o do amigo acima, eu estava em casa sozinha... Escuridão, calor e mosquito, mais solidão não dá... Liguei pra Bella Taxi e fui pra casa de uma amiga.
Escuridão, calor e mosquito, mas acompanhada. rs
Tb ouvi a Tupi no MP3.
Beijos
Fez bem, Bia. Escuridão combinada com solidão é dose pra leão..rs
Foi F*!
Agora até dá prá "musicar", mas foi de lascar!
http://www.youtube.com/watch?v=aiDVgjC1i9Y
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