9.10.08

Os reféns do Deus Mercado

Eu não queria tocar no assunto, mas é humanamente impossível. Para todos os lados que se olha, vê-se alguma informação sobre a crise americana ou seu efeitos. Nesse caso, sucumbo a mesmice.
Desde o final da década de 80, nossos bravos especialístas econômicos, quase todos ícones da mídia, defendem a tese de que o estado é inútil e que uma divindade denominada Mercado é a única capaz de trazer a paz e o bem comum a todos os povos. Na verdade, todos estes especialistas foram, e são até hoje, muito bem pagos para defender esta tese à exaustão.
No brasil, inclusive, seguindo esta tendencia mundial de idolatria ao Deus mercado, o Estado foi demolido na era FHC. Tirando a Petrobrás, a Caixa e o Banco do Brasil, não sobrou pedra sobre pedra. Há quem defenda a tese de que FHC na verdade nunca foi Presidente da República, mas apenas um camelô do alheio.
Pois bem... A Roma moderna, a matriz de todos os objetivos financeiros imagináveis, está agonizando aos olhos do mundo exatamente pela falta de capacidade do Mercado de resover seus próprios problemas. 
O Estado, quem diria, está sendo usado de forma escândalosa para restabelecer a paz financeira mundial. Foi de 700 bi, da bolsa da viúva, o montante total aplicado pelo Estado americano para a salvação da economia mundial.
A coisa parece terrível, mas olhando de perto é ainda pior. Qualquer ser sensato poderia prever essa hecatombe. Isso nos faz refletir sobre os reais motivos da tragédia.
Em primeiro lugar, as crises do sistema financeiro costumam ser cíclicas, o que faz com que as medidas necessárias para aliviar seus efeitos sobre o mercado sejam altamente previsíveis. Nesse caso, porque isso não aconteceu? Achar que o mundo financeiro foi pego de surpresa é no mínimo ingenuidade. Em Wall Street, o mais bobo é capaz de dar nó em pingo de éter com luva de box e no escuro.
Em segundo lugar, desde a Unificação Européia e do advento do Euro, o dolár e o poder de fogo americano vem se reduzindo bastante. Não bastasse isso, a América Latina começa a dar sinais de independência econômica, ou, pelo menos, de uma vontade política em obtê-la. O que poderia ser ainda mais danoso para a concepção imperial da America do norte.
Pois é... não posso afirmar que nada tenha sido planejado nem proposital, nem mesmo 11 de setembro. Mas o fato é que já ouvi falar de muita gente boa que pôs fogo na própria casa para receber o dinheiro do seguro. 
Gente sem escrúpulos, claro. Mas que ocupava a casa incendiada. Em alguns casos o contratato de aluguel estava bem no finzinho e não havia mais a mínima esperança de renovação.  

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