14.2.11

Duque de Caxias: Uma cidade refém do medo

Agora já se sabe, oficialmente, que a tal operação policial do Alemão e da Vila Cruzeiro foi uma grande patuscada. A Polícia Federal provou que tudo não passou de um baita jogo de cena e que os policiais do Rio subiram o morro simplesmente para praticar pilhagem e vender o espólio de guerra à outros bandidos. O que não se sabe, ou pouco se sabe, é o inferno que a tal operação causou em outras áreas, outros Bairros e outras cidades.
Aqui em Duque de Caxias a favela da Mangueirinha, no Centenário, virou uma filial do Morro do alemão. Os bandidos que antes aterrorizavam lá vieram para cá, provavelmente escoltados pelos policiais que fazem sua segurança, e transformaram a vida do cidadão comum em um caos generalizado.
O Bairro Olavo Bilac, que até bem pouco tempo era um local tranqüilo e familiar, vem sofrendo diretamente as conseqüências dessa migração patrocinada pela cúpula da polícia do Rio.
Nos últimos meses a simples atividade de andar nas ruas do Olavo Bilac se tornou uma aventura perigosa, pois os bandidos agem com total liberdade e com requintes de arrogância. As pessoas estão sendo assaltadas na porta de casa e, sob mira de armas pesadas, tem seus pertences roubados. Até seqüestros já ocorreram nos últimos dias, com marginais roubando o carro da vítima e as obrigando à passar em caixas eletrônicos para sacar dinheiro.
Na verdade, a grosso modo, Duque de Caxias, em particular o Bairro de Olavo Bilac, está pagando a conta da corrupção generalizada da polícia do Rio.
Não vivemos mais aquela era “romântica” em que o policial da esquina exigia uma propina de quem tivesse alguma irregularidade no seu carro. Hoje os acertos são feitos diretamente na cúpula da polícia e no atacado, com policiais sento destacados por poderosos para fazer a segurança de traficantes. O fato é que aquele policial corrupto que vivia de expedientes à 15/20 anos atrás, hoje é subsecretário, superintendente ou coisa parecida,  sendo poderoso o suficiente para liberar ataques a população em troca de dinheiro, favores e vantagens pessoais.
O fato é que somos reféns de um medo patrocinado pela Secretaria de segurança pública. Não se trata de um bando de bandidinhos roubando galinhas, mas de uma quadrilha organizada e liderada por quem deveria proteger a sociedade.
O mais terrível de tudo é que, assim como os policiais corruptos da cúpula da Secretaria de segurança, nossa imprensa também se mantém muda por dinheiro. Deve ter algo a ver com aquela canção do Caetano: “A força da grana que ergue e destrói coisas belas”.
Na prática, a imprensa que se omite é tão corrupta quanto o dirigente policial que rouba armas e drogas de um bandido para vender à outro.
O fato é que somos reféns tanto do poder público quanto da mídia, ambos corruptos. 

3 comentários:

Ritha Torres disse...

Triste isso, outro dia conversando com uma moradora ela comentou sobre isso. Morei em Caxias durante muitos anos me sentia segura aí, e lamentei profundamente o que vem acontecendo. A pacificação não prende só muda os marginais de lugar, lamentável.

Ritha Torres

Ronaldo Rangel disse...

Mais um belissímo, triste e corajoso desabafo Vicente, eu fico muito triste, afinal passei parte de minha infância no Olavo Bilac, e não definiria de outra forma, "tranquilo e familiar"... Horrível ficar sabendo disso.

Vicente Portella disse...

Pois é Rita e Ronaldo. Triste isso. Mas ainda acredito que a gente pode, de alguma forma, reverter isso tudo.
Valeu