22.2.11

Evoé Stanislaw

As vezes fico me perguntando se o Brasil tem jeito... Cada vez mais vislumbro no horizonte do País o texto “Nulidades”, de Rui Barbosa, aquele em que ele diz que o homem, em determinadas circunstâncias, sente vergonha de ser honesto, lembra?
Hoje, 22/2, li coisas nos jornais que me deixaram ainda mais desanimado à respeito do futuro do Brasil.
Primeiro foi sobre aquele delegado, Cláudio Ferraz. Levantaram a hipótese, completamente estapafúrdia, de não ser dele a assinatura nos documentos que mandam abrir investigações em Prefeituras do Rio e depois mandam cancelar tudo sem que nada tivesse sido investigado. Segundo o que eu soube, já existem até gravações com cabeças coroadas do poder Fluminense dando ordens para que as investigações fossem suspensas. 
Como podem, agora, depois de tudo confirmado, alegar uma bobagem dessas. Fica parecendo uma tentativa de passar liquid paper em uma enorme mancha de batom estampada em uma cueca. Chega a ser surrealista isso, tentar livrar a cara do delegado só porque ele é homem de confiança do Secretário.
A outra notícia estarrecedora eu li no Radar on line, da Veja. O superintendente da Polícia Federal do Rio, Angelo Gioia, está sendo defenestrado para Roma como forma de abafar a operação Guilhotina, aquela que pegou a cúpula da polícia do Rio com a boca na botija. 
Ao invés de prenderem os bandidos – no caso os poderosos assessores de Cabral que atuavam como chefes de quadrilha em benefício de facções criminosas ligadas ao narcotráfico – deporta-se o “mocinho”, o delegado da PF responsável pela devassa.
O mais grave é que não é a primeira vez que isso ocorre. Quando rolaram os escândalos de Brasília, Arruda à frente, a PF montou a chamada operação Caixa de Pandora 2, que tinha como objetivo descortinar as cabeludíssimas relações dos governantes do Rio com o dinheiro público. Sendo ano eleitoral, no entanto, nosso querido ex presidente Lulinha paz e amor decidiu abafar tudo. A exposição da corrupção no Rio poderia “atrapalhar” a eleição de Dona Dilma, então resolveram deixar tudo pra lá. Foi como se o Governo Federal dissesse: Podem roubar à vontade. Agora, com o possível “remanejamento" do xerife da PF do Rio, a história se repete, infelizmente, como tragédia, mais uma vez.
Essas coisas todas me dão a nítida impressão de que no Brasil, literalmente, vale tudo. Basta ser amigo dos poderosos para se ter o direito de roubar merenda de criança, pensão de velhinhos, drogas e armas de traficantes e tudo mais o que houver disponível. O Brasil, em escala macro, e o Rio, no micro, são terra de ninguém. A lei que vigora aqui é a lei do cão. Manda quem pode e obedece quem tem juízo, simples assim.
Isso tudo me faz lembrar uma velha máxima do genial Stanislaw Ponte Preta – ou Sérgio Porto – o homem que escreveu o FEBEAPÁ – Festival de Besteira que Assola o País: ou nos locupletemos todos, ou restaura-se a moralidade.

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