5.8.11

Do que é feito o Brasil?

Alguém já disse, não lembro quem, que o Brasil não é um país, é uma paisagem...E de certa forma isso é verdade. Se a gente for levar em conta o que é considerado importante para a maioria dos brasileiros, pode-se dizer que não há nada, realmente, que justifique nossa existência enquanto nação. Nossos valores são completamente distorcidos e, sinceramente, tenho a impressão que o brasileiro não se sente responsável por coisa alguma que se mova ( ou não ) sobre a face da terra.
Somos um povo que ri da própria desgraça; que considera esperto quem nos rouba; que não liga para as mazelas do dia à dia. Nenhum povo na face da terra assume para si de forma tão grotesca a máxima do "pão e circo"... Chega a ser constrangedor isso.
Se algum jornalista sair às ruas disposto a fazer uma matéria sobre a importância que o brasileiro dá às coisas, provavelmente ficará chocado com a graduação das prioridades das pessoas. Coisas como futebol, carnaval, e novela tem mais peso na vida da nossa gente do que educação, cultura ou qualquer outro valor que gere evolução. O brasileiro na verdade é estático, inerte, incapaz de reagir em sua própria defesa diante de uma possível agressão.
Mas cobra... Não dos governantes, mas de quem está ao lado, uma posição diante das vicissitudes. Adotamos de bom grado a política do "o inferno são os outros".
Sociologicamente a sociedade brasileira é inexplicável, pelo menos sob o ponto de vista do comportamento. Talvez pela influência da televisão, que em nenhum outro lugar do mundo tem tanto peso na formação da personalidade quanto aqui, desenvolvemos uma cultura de que a distância tudo é permitido. Se alguém rouba em Brasília, tudo bem... Mas se um ladrão é pego nas ruas, defende-se o linchamento ( lei de Lynch é o assassinato de um indivíduo, geralmente por uma multidão, sem procedimento judiciário legal e em detrimento dos direitos básicos de todo cidadão). Tudo parece contraditório, estranho, inconcebível... Mas é assim que funciona.
A coisa é tão estapafúrdia que até as referências culturais do país - artistas, intelectuais, etc - alguns inclusive glorificados pela resistência contra a ditadura militar, defendem, quando interessa, a corrupção. Não dá para entender o fato de grandes artistas considerarem a roubalheira governamental, por exemplo, algo natural, só porque têm seus trabalhos patrocinados por quem rouba. Se um assaltante comum dissesse em entrevista, dessas em que o bandido aparece algemado e cercado de policiais, que roubar pessoas é uma coisa normal, certamente seria execrado e tido como péssimo exemplo... Mas nossos artistas já chegaram a defender a tese de que "governar é meter a mão na merda"... Tudo por dinheiro.
Sinceramente, sou um cidadão que tem muita dificuldade de compreender seu próprio povo. Não consigo me adequar e adotar para mim este comportamento que não é nem contemplativo, nem participativo, mas apenas nulo diante da vida. Não consigo entender o porque de tantas pessoas se recusarem à construir seu próprio futuro, a serem senhores do seu destino. Tendo a considerar que se trata de formação e informação, mas pode ser que não seja nada disso. Vai ver me sinto assim só por não conseguir explicar a minha própria incompetência para mudar alguma coisa. Talvez seja isso.

Um comentário:

Ricardo Barbieri disse...

não poderia concordar mais.