12.6.10

Coisas da Copa

Confesso que, ao contrário da grande maioria, não estou muito ligado nas coisas da Copa do mundo. Na verdade nem a formação dos grupos eu vi ainda. Assoberbado com tantas outras coisas, acabei ficando meio alienado em relação ao mundial da África do sul. Com exceção do finalzinho do jogo entre os anfitriões e o México, a única notícia que eu tinha visto até então, referente a Copa, se referia à uma tabela do mundial distribuída em algum canto por aí com a foto da Dilma e de um candidato a Governador. Os inspetores "Javert's" do MP, é claro, fazendo discursos indignados por conta de uma bobagem dessas.
Na verdade acho interessante essa coisa de eleição em ano de Copa. A competição nos permite uma pausa para reflexão. Durante um mês, pelo menos, as manipulações políticas da mídia ficam parcialmente suspensas e o cidadão comum ganha um quase descanso para se dedicar à tarefa de torcedor.
Outra coisa interessante nisso tudo é o fato de, pela primeira vez, estarmos lidando com Copa, eleições e internet razoavelmente ampla ao mesmo tempo. Digo razoavelmente porque ainda não temos acesso democratizado, mesmo assim, no entanto, já da pra dizer que a internet tem um peso considerável no Brasil.E mais que isso, que a internet demistifica a velha e oligárquica imprensa brasileira.
Dizem que antigamente, quando não havia televisão, os narradores de rádio faziam horrores na transmissão dos jogos em termos de manipulação e enganação dos ouvintes. Na ausência de imagens as pessoas só podiam acreditar no que era narrado, não tinha outro jeito. Com o advento da televisão novas técnicas de manipulação foram desenvolvidas pelos barões da mídia, cada vez mais concentrada em pouquíssimas mãos. Com o surgimento da internet, entretanto, por mais paradoxal que possa parecer, voltamos aos tempos libertadores de Gutemberg, que, ao inventar a imprensa democratizou a informação, nos permitiu ler com nossos próprios olhos, pensar com nosso próprio cérebro e gerou uma verdadeira revolução de comportamento. A informação nua e crua tem esse poder sobre as pessoas.
Se não fosse a Copa do mundo, certamente eu estaria aqui falando de um TRE que, como o do RJ, se alimenta dos restos caídos da mesa de um péssimo Governador chamado Sérgio Cabral, ou, talvez, estivesse falando dos royalties do petróleo perdidos graças a  mais pura incompetência e incapacidade política deste mesmo desgovernador. Mas estamos falando de Copa, então vamos lá.
Assim como a internet vem mudando a face do poder no planeta, o futebol também vem fazendo a sua revolução. África do sul e Coreia do Sul, por exemplo, pra citar apenas dois jogos deste incipiente campeonato, me impressionaram bastante. Certamente não será tão fácil assim manter o "poder" do futebol nas mãos - ou, no caso, nos pés - daquelas seleções tradicionais por muito tempo. Os emergentes, assim como na geo política mundial, estão crescendo e se desenvolvendo.
Aliás, a alegria do povo africano é contagiante. Aquelas cornetas barulhentas são algo simbólico. Eles não param. Tocam aquele troço o jogo inteiro. É como se dissessem: estamos aqui, a casa e nossa e queremos nosso quinhão do mundo.
Ao contrário do Brasil, o povo africano não coloca o futebol como valor maior e questão de honra, tanto que conseguiram se libertar dos ingleses e retomar seu País das mãos estrangeiras. Nelsom Mandela, que na atual festa é nome de estádio, está lá, como prova viva da capacidade de luta e recuperação daquele povo. 
Tenho certeza de que será uma bela festa e que logo após o apito final do último jogo os sul africanos estarão trabalhando duro para continuar a reconstrução do seu País. Seria bom se aqui fosse assim também. No dia em que o cidadão brasileiro tomar as rédeas do seu destino, nós também construiremos uma belíssima nação.
Não tenho dúvidas.

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