22.6.11

O grande desafio

O maior desafio para um cronista da atualidade é encontrar uma boa idéia... um assunto que valha à pena, que chame a atenção do leitor e que, se possível, faça-o refletir, ou pelo menos rir de alguma coisa.
A coisa parece simples, mas no Brasil de hoje consubstancia-se em árdua tarefa. Não dá mais para tratar qualquer tema com lirismo, a realidade não permite. O imediatismo e o excesso de praticidade é tão idolatrado na sociedade moderna que qualquer elucubraçãozinha rastaquera fica parecendo um crime. Pior, um crime premeditado.
Estamos falando de um País onde bombeiros são presos e tratados como bandidos e bandidos são soltos e tratados como heróis. Simples assim.
Aliás, só em escrever isso eu já fico preocupado... O Ministério pútrido do meu Estado pode interpretar esta frase como apologia ao crime só pelo fato de exaltar os soldados do fogo. Mas, bolas, se ocorrer um incêndio ou uma nova catástrofe qualquer na cidade ou no Estado quem é que vai ajudar a gente, nos socorrer? Os procuradores do MP? Claro que não, é óbvio.
Por outro lado, se eu usar este espaço para idolatrar Cesare Batistti, o bandido italiano, corro o risco de ter meu Blog rotulado como progressista e até ganhar medalha do governo, ou do Senado, quem sabe, oferecida por aquele Senador debilóide de São Paulo, o Suplicy.
Mas enfim, cronistas atualmente sofrem no Brasil. Não há idéia séria pairando no ar e caso opte-se pelo humor a coisa passa a ser considerada concorrência desleal com o poder executivo. Quem pode concorrer com a nomeação de Ideli Salvati para o Ministério da articulação política? Nenhum humorista que se preze correria este risco. No Ministério da pesca, tudo bem, era ridículo mas só desmoralizava os peixes. Mas articulação política? Pelo amor de Deus... Até o Luiz Sérgio, que antes de ser Ministro exercia o ofício de peso de papel em Angra dos Reis ficou chocado com isso:
- Meu Deus, conseguiram arranjar alguém pior que eu - Teria dito o petista em uma roda de correligionários...
Enfim, eu me recuso. Não quero acordar amanhã com a pecha de "Blogueiro progressista" e correr o risco de ser sequestrado por algum celerado que intente tomar dinheiro dos patrocinadores públicos às minhas custas. Logo eu, que nunca paguei uma conta em dia? Seria um escárnio. Além do mais, se o bandido exigisse algum bem pessoal meu, ao saber da minha lesa, lisa e louca realidade financeira, eu ficaria indignado. Seria cruel abrir mão dos meus bens, tanto da caneta quanto dos óculos. Uma perda inestimável. Cruz credo...

2 comentários:

Beatriz Oliveira disse...

Realmente, parceiro: "qual é a palavra que nunca foi dita?"
Nosso país vai de mal a pior!
E a sua literatura cada vez melhor! =*

Vicente Portella disse...

Valeu Bia... Beijo pra tu.