25.6.11

A lenda de Beowulf


O Rei estava aos prantos. Diz a lenda que, quando jovem, incorporou Beowulf  (Leia o livro, veja o filme ou chafurde na internet...) e se deixou seduzir pela mãe de Gandalf em troca de poder e riquezas, mas ao invés dos monstros originais do poema épico dinamarquês, seu reino foi infestado por mosquitos gigantes.
O povo convocou o rei, seu grande herói, para enfrentar a pestilência, mas este se viu impedido de executar a tarefa.
- São meus filhos. O que posso eu fazer contra meus filhos? Berrava o rei pelas ruas do reino, entulhadas de lixo.
Já fazia tempo que o povo desconfiava da relação de afeto entre o rei e os insetos. No começo de tudo, quando os mosquitos começaram a se proliferar, ao invés de inseticida o império trouxe um produto estranho, de um reino distante, para combatê-los. Descobriu-se mais tarde que se tratava de fortificante e os bichos ficaram enormes, cada um pesando mais que um fusca. Houve protestos, é claro, mas o rei manteve-se irredutível. E os mosquitos foram crescendo cada vez mais.
Durante um pequeno lapso de poder, uma breve ausência do rei, imaginou-se que o príncipe Vaishitão, governante temporário, combatesse a praga com rigor. Ledo engano. A coisa apenas se agravou mais e mais. Em seu retorno, entretanto, o rei jurou vingança contra o príncipe assim mesmo, e a guerra se intensificou. Estava fundada a oposição, mesmo que sem fundamentos básicos.
No decorrer dos anos, cada vez mais enfraquecido pela idade e pela má vontade da mãe de Gandalf, o Rei viu crescer o poderio de seus inimigos, que insuflavam o povo contra sua liderança. Desgostoso, abandonou seus afazeres e decidiu utilizar todos os recursos do reino em causa própria, financiando os projetos pessoais da princesa, conhecida pelo povo como Sinhazinha, e da nova rainha, que, uma vez entronizada, covardemente abandonou-o em seus delírios senis.
O reino estava praticamente abandonado. O lixo se espalhava pelas ruas, os esgotos corriam à céu aberto, até mesmo o abastecimento de água do reino, controlado por inimigos do rei, era suspenso regularmente, mergulhando a população na sujeira, na doença e na imundice.
Foi então que o povo se levantou e renegou seu rei, ameaçando bani-lo para terras longínquas, para além das fronteiras de Nova Iguaçu.
Com a mãe de Gandalf fora de circuito, já não havia como o rei negociar novos poderes mágicos e até mesmo o dom da ilusão coletiva lhe havia sido tomado. O rei agonizava pelas ruas
– Meu reino por um caminhão de lixo ... Oferecia, o coitado.
Mas seu fim estava próximo. Os Deuses o haviam abandonado. Restava ao rei assistir passivamente a ascensão de seus inimigos e a aquisição de sua rainha por outros reis menores. O Reino estava degradado…
Em seu último dia ainda pode ouvir, no momento derradeiro, o povo, que entoava pelas ruas emporcalhadas uma antiga canção de esperança:
“O rei morreu... Salve o rei que vai chegar. Não sei sofrer, não sei chorar, só sei me conformar.”

OBS: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com eventos recentes ocorrido em Duque de Caxias-RJ é mero deboche.

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