11.1.11

Água de beber... para a Baixada Fluminense

A história se repete todo ano: chega o verão e as pessoas que moram na Baixada vivem o desespero da falta d’água. Isso se dá por dois motivos básicos, aumento de consumo e estabelecimento de prioridades.
Quase todo o abastecimento da Baixada é feito pelo sistema Guandu, que atende toda a região metropolitana e, apesar de ter sua estação de tratamento na Baixada, tem como foco maior o abastecimento da capital do Rio de janeiro.
Nossa cidade, Duque de Caxias, recebe água de 3 sistemas. As represas de Xerém e Mantiquira cobrem cerca de 15% da distribuição e o sistema Guandu entra com os outros 85%. Quando chega o verão, no entanto, o sistema se torna caótico.
Historicamente o abastecimento de água da capital passa pela baixada desde o começo do século passado, mas, naquela época, não existia nenhuma demanda. A população pequena e os rios limpos garantiam o atendimento das necessidades de água com tranqüilidade, mas hoje o que prevalece é o drama de uma população imensa sem atendimento.
O problema de abastecimento de água da Baixada, no entanto, pode ser resolvido plenamente antes do próximo verão. A coisa depende apenas da nossa capacidade de exigir as obras corretas para que isso ocorra.
Existe um projeto do Engenheiro Flávio Guedes, especialista em saneamento e meio ambiente e também ex-Diretor de operações da própria Cedae, capaz de, tecnicamente, resolver o problema pelo menos para os próximos 30/40 anos.
O lago da represa de Ribeirão das Lages, em Piraí, tem volume de água disponível para que se faça uma linha exclusiva visando o atendimento da demanda de água da Baixada Fluminense. Para isso bastam apenas alguns estudos sobre a necessidade ou não da construção de uma estação de tratamento específica e o assentamento de tubulações para trazer essa água até os reservatórios locais e distribuída-la a população.
Falando assim pode parecer um projeto simples, mas é complexo, muito complexo, e tem um custo, cerca de 300 milhões de reais. Este seria o preço aproximado do fim do nosso sofrimento pelo menos no que diz respeito ao abastecimento de água tratada. Se a gente considerar que só a reforma do Maracanã vai custar  aos nossos bolsos mais de 1 bilhão de reais, não se trata, nem de longe, de uma missão impossível.
Se tecnicamente, no entanto, o projeto para matar a sede da população da Baixada é plenamente viável, politicamente a história é outra. Teríamos que superar nossas limitações e fazer com que a sociedade da região, além das lideranças políticas, comprassem o projeto. Teríamos que estabelecer uma relação entre os Prefeitos e Vereadores da região que estivesse muitos decibéis acima da mera conveniência política e partidária. Teríamos que adquirir, entre nós, uma consciência coletiva capaz de superar os inúmeros obstáculos que nos afastam e lutar por uma causa comum, a qualidade de vida e a dignidade das pessoas que moram em nossas cidades.
Considero que Duque de Caxias, por ser a cidade mais importante da região, tem todas as condições do mundo para convocar, imediatamente, formuladores, técnicos, líderes políticos e sociedade em geral para debater e defender um projeto assim, que vise atender a Baixada, dando a população água de beber, um elemento essencial à vida e a dignidade humana.

Vicente Portella  

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