17.1.08

Pobre Rio de janeiro...

A Cidade Rio de Janeiro tem sido vítima de um processo degenerativo. Algo até então inusitado: o apequenamento.

Dizem que antigamente, nas cidades do interior, oposição e situação nutriam entre si um ódio patológico e se o Prefeito, por exemplo, fosse quem fosse, plantasse mudas de palmeiras para embelezar a Cidade a oposição soltava cabras à noite pra comer tudo. Só pra aporrinhar o Prefeito.

O Rio, apesar de ser capital e históricamente caixa de ressonância cultural para o Páis inteiro, tem sido tratado mais ou menos assim. Na pratica estão apequenando o Rio de Janeiro.

Esse processo se evidenciou recentemente com essa patuscada do boicote ao IPTU. Qualquer criança percebe que trata-se de uma ação orquestrada, que inclusive chega mesmo a ser meio ridícula.

Curiosamente, a classe média que deveria ser formadora de opinião age como uma mera correia de transmissão dos interesses da mídia e reproduz de bom grado o discurso capicioso encrustrado nos edioriais e matérias dos veículos ligados ao sistema Globo. Os jornalistas da casa provavelmente cobram muito caro para prestar este desseviço, mas a classe média o faz de graça dando um tiro no próprio pé.

Na verdade trata-se de uma inversão de valores e de certa forma demonstra como a capacidade intelectual da classe média foi corroída nos últimos anos. Ou seja, aqueles que deveriam determinar a direção do processo social transformaram-se em mera massa de manobra. Em bonecos. Em marionetes manipulados pelo poderoso esquema da indústria da comunicação.

Praticamente todos os problemas enfrentados pelo cidadão carioca, seja quem for o governante, tem sua origem nos desgovernos da União e do Estado. O primeiro - União -por privilegiar banqueiros e impossibilitar que a evolução econômica do País chegue ao bolso do cidadão comum em forma de empregos e oportunidades e o segundo- Estado- pela incapaciade de administrar suas própias responsabilidades, tais como segurança, educação, saúde, lazer, cultura, etc.

A incapacidade de uma parcela importante da classe média de enxergar essa realidade faz com que todo o processo social fique reduzido à um imenso caldeirão de picuinhas. E quem perde com isso é a Cidade como um todo.

Na verdade, a sede pelo exercício do poder faz com que a mídia se defronte de maneira completamente desleal com o poder público estabelecido pelo voto, pois sem responsabilidade alguma definida cabe à ela apenas produzir o caos de acordo com seu interesse particular - O interesse do sistema e consequentemente da mídia.

Brizola enfrentou este mesmo ação estapafúdia aplicada contra o Estado em seus dois Governos. E o fez literalmente. Naquele tempo, entretanto, havia alguma reação e vira e mexe o povo estava na rua, cercando carros de reportagem, aos gritos de " O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Quem tem mais idade lembra bem disso.

Seria infinitamente mais justo que a Rede Globo fundasse seu próprio partido e disputasse o poder. Até porque assim poderiamos saber se há realmente em seus representantes alguma capacidade e/ou interesse real em resolver os problemas da população. Apesar de seus indicados para o poder, como os muitos e muitos Ministros das telecomunicações nas últimas décadas terem contrubuído em muito para o atraso do País nesta área, creio que os eleitores até lhe dariam chances eventuais de provar suas teses.

Infelizmente, no entanto, a rede Globo insiste em permanecer apenas como manipuladora oficial de processos políticos, os mesmos que ja nos brindaram com figuras como Fernando Collor de Melo, pra citar apenas um. E o Rio de janeiro perde muito com isso.

Ainda existe, no entanto, alguma esperança no ar, pois a medida que sangra e apequena nossa cidade, seus veículos de comunicação também se tornam provincianos e desqualificados profissionalmente aos olhos do Brasil. Seus leitores vão rareando cada vez mais entre aqueles que dispoe de uma capacidade pessoal de formulação e acabarão ficando restritos aqueles que se sujeitam a ser vaca de presépio.

Na prática o Rio de Janeiro sobrevicerá a todas estas picuinhas, mas o Jornal O Globo e seus congêneres, espero, não terão o mesmo destino.

De qualquer forma é bom reagir desde já, antes que a Rede Globo nos imponha novamente algum de seus lacaios no poder. O Rio de Janeiro, tanto a cidade quanto o Estado, assim como o próprio Brasil, não merece ser refém dos interesses dessa gente pequena e obtusa.

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