19.7.07

O caos nosso de cada dia

No comecinho da década de 80 ler era um vício para nós, na época, adolescentes. Havia uma coleção chamada " Para gostar de ler", responsável por nos apresentar aos mais variados autores de crônicas e poesia do País. Lia-mos Rubem Braga, Lourenço Diaféria, Vinícius de Moraes, Carlos Drumond de Andrade, Rubem Fonseca, Luiz Fernando veríssimo e muitos outros autores. Devorava-mos de tudo, ávidamente. Um autor dessa época, Carlos Eduardo Novaes, escreveu, ainda nos anos 70, entre outros, um livro de grande sucesso chamado "O caos nosso de cada dia", uma abordagem do cotidiano brasileiro extremamente bem escrita e maravilhosamente bem humorada. Nesse livro havia uma crônica chamada "Congonhas: uma, duas, várias vergonhas". Já naquela época considerava-se um absurdo a construção de um aeroporto em uma área densamente habitada ( como se vê na foto ).
O que era humor, transformou-se em tragédia. E não apenas em uma, mas em várias tragédias no decorrer dos anos. E pior, o aeroporto de Congonhas continua lá, encravado entre prédios. E a vida de quem pousa ou decola, assim como a vida de quem mora, trabalha ou traféga no entorno do aeroporto, continua sendo um mero detalhe dentro do "Caos nosso de cada dia"

Vicente Portella

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