Quando soube que Luiz Fernando Veríssimo estava doente
Deus ficou preocupado. Chamou seus assessores e os anjos em geral para uma
reunião de emergência e quis saber o que estava acontecendo.
- Quem foi que soltou esse vírus contra o Veríssimo?
Quero saber agora.
São Pedro foi o primeiro a desconversar...
- Minha praia é só vigiar a porta, eu não me meto com a
decisão sobre quem chega ou deixa de chagar na antessala. Não tenho nada com
isso.
Santo Antônio também tirou o corpo fora.
- Eu só cuido de casamento. Se ele quisesse se casar com
alguma das suas personagens, por exemplo, tudo bem. Eu daria o maior apoio. Mas
esse negócio de vírus eu nem sei como funciona.
Deus olhou para Gabriel com ar de crítica, mas o
mensageiro também negou sua participação no processo.
- Alto lá... Eu só entrego as mensagens, chefe. Não as
escrevo e muito menos as dito. No caso do Veríssimo, inclusive, não faço uma
coisa nem outra. Apenas leio.
Deus já estava ficando irado, por isso, com medo da
famosa ira divina, Sarapatel, um anjo hierarquicamente inferior que, lotado na
Bahia, ouvia a conversa de abusado, resolveu se manifestar.
- Oh senhor, me perdoe. Eu sou o culpado. Fui ao Rio por
ordem do meu chefe, o Grabiel...
- Grabiel é o escambáu... Gabriel. Exijo respeito.
Esbravejou o Arcanjo.
- Pois
é... Eu fui cumprir uma ordem do chefe - continuou o anjo menor - ele me mandou capturar o vírus influenza que estava
fazendo um estrago danado no Rio de
janeiro. Foi quando eu vi o Veríssimo, ainda sentado dentro do avião, no Santos
Dumont, rabiscando anotações num bloco de papel. Me empolguei, fui tentar bisbilhotar os rabiscos e acabei
deixando o vírus fugir. Foi sem querer, Senhor, eu juro. Juro pelo Senhor. Foi coisa de fã... Eu não
queria...
- Chega! - Gritou o pai celestial aparentemente irritado
– Saiam todos. Que permaneça apenas o Sarapatel na minha sala.
Assessores, anjos, arcanjos e demais cambonos saíram
cabisbaixos da sala do chefe e, porta fechada, ficaram esperando do lado de
fora.
- Você trouxe as anotações do Veríssimo? Perguntou Deus à
Sarapatel que apenas esticou o braço entregando ao supremo um chumaço de papel.
Sentado em sua solene poltrona impregnada de eternidade o
criador sorria a cada texto lido, às vezes até gargalhava.
- Sarapatel – ordenou o supremo estampando um sorriso
magnânimo no divino rosto – manda o Gabriel arranjar uma excelente equipe
médica para cuidar do Veríssimo. Tô louco pra ver esse esboço acabado e
publicado. Vai, vai, vai logo...
Um comentário:
Obrigado por coisas boas
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