Renan Calheiros, esse monstrengo que preside o Congresso
nacional e acabou de dar uma punhalada nas costas do Rio de janeiro e do
Espírito Santo, foi eleito. Tanto pelo povo de Alagoas, que já brindou o Brasil
com uma nova eleição de Collor, quanto por seus pares no Senado que o fizeram
Presidente.
O tal do pastor Feliciano, aquele que é homofóbico, racista
e acabou de ser eleito para a CDH da Câmara, também foi eleito. Vários
partidos, inclusive, abriram mão de suas representatividades para ceder espaço
a esse sujeito na Comissão de Direitos Humanos.
Se a gente passar um pente fino no Congresso, encontraremos
muitos personagens iguais a Feliciano e alguns poucos iguais a Renan, ambos com
perfis nocivos à democracia Brasileira.
O que diferencia Renan de Feliciano não é apenas o fato de
um ser Deputado e outro Senador , mas o papel de cada um deles nesse processo.
Renan manda. É poderosíssimo. Foi empoderado pelo próprio Zé
Sarney, em pessoa, e dita as normas, determina o volume dos negócios feitos no
congresso nacional em todos os níveis. Feliciano, ao contrário, apenas obedece.
É um daqueles deputadinhos do baixo clero que passariam imperceptíveis se não
ousassem botar a cabeça pra fora. É da estirpe dos que nasceram para obedecer e
se alimentar, satisfatoriamente, com as migalhas que caem da mesa. Enquanto
obedecer pode tocar os negócios de sua igreja à vontade, extorquindo, enganando
e explorando a boa fé das pessoas. Renan, o chefe, garante suas atividades.
O que iguala Renan a Feliciano é, por incrível que pareça, a
ignorância. Não a deles, mas a da sociedade que os elege.
Nos últimos anos o Brasil desenvolveu uma tradição na
eleição de "péla sacos", de gente estúpida e incompetente, de gente incapaz,
ignóbil, beócia e desonesta, mas espertas. Essa foi a opção no Brasil: Inverter a lógica da
aristocracia e entregar o poder aos seus piores quadros.
E veja bem, isso se dá em todos os níveis – municipal,
regional e nacional – tanto no executivo quanto no legislativo. E certamente se
o Judiciário não fosse blindado contra o voto também faria parte desse contexto.
No fundo, a questão é cultural. Somos um país que não
valoriza nem a própria cultura, nem a cultura geral e por conta disso vamos
mergulhando cada vez mais na barbárie. Os próprios instrumentos públicos de
cultura – Ministério, secretarias, etc – propagam a anti cultura sem qualquer
pudor. O poder público adula a mediocrização e aí o cidadão vai perdendo sua
identidade, suas referências e seu rumo. E a cultura passa a ser instrumento de
pseudo intelectuais que promovem a massificação, transformando tudo em show da
Xuxa, em entretenimento, em desumanização ampla, geral e irrestrita.
A consequência direta da nossa falta de cultura é o
Congresso nacional, mas não apenas ele. Há os Ministérios, as assembleias
regionais, câmaras locais e secretariados espalhados por aí. Em suma: somos
governados por beócios porque escolhemos isso. Elegemos nossos próprios
algozes. Talvez até isso seja algum complexo de inferioridade que nos induz a
uma auto punição. Pode ser um troço de cunho religioso, filosófico ou até psicanalítico, sei lá.
Mas o fato é que votamos mal e por isso somos roubados e ridicularizados o
tempo todo.
É uma pena que o voto não seja facultativo. Pelo menos alguns deveriam ter o direito de não participar da farsa, né?
É uma pena que o voto não seja facultativo. Pelo menos alguns deveriam ter o direito de não participar da farsa, né?
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