Curiosamente, Lula e o PT foram, no decorrer dos anos, escandalosamente beneficiados pelos meios de comunicação no Brasil.
Quando ainda era um ilustre desconhecido - um mero grevista do ABC - a imprensa, por meio de milhares de profissionais simpatizantes do PT, se mobilizava para dar alguma notoriedade à Lula, o nordestino que falava errado e representava uma “ameaça” para a ditadura. Para garantir a sua presença no segundo turno das eleições de 1989, inclusive, a TV Globo criou até personagens para novelas, com uma abordagem romântica, é claro, impregnados pela doutrina petista.
Foi a imprensa a grande responsável pela gigantesca popularidade que Lula desfruta hoje. Mesmo diante de derrotas achapantes, a mídia sempre insistiu em outorgar-lhe uma auréola de injustiçado, de pobrezinho, de operário ingênuo que poderia ser o redentor dos pobres e miseráveis do País. Mesmo durante seu mandato a imprensa sempre foi benevolente com Lula, mesmo porque, se agisse de outra maneira, o atual presidente não resistiria a comparações com seus antecessores, por mais simples e simplórias que estas fossem.
Se Getúlio deixou a industrialização do País e as leis trabalhistas, se JK deixou Brasília e a modernização da economia; se Itamar Franco restaurou a dignidade politica e Fernando Henrique, juntamente com o próprio Itamar, nos legou a estabilidade financeira e social, Lula, por mais popular que seja, não deixou absolutamente nada como legado.
Por mais que a imprensa o adule, não há um só elemento que se possa admitir como marca do Governo Lula, exceto a corrupção escancarada e o aparelhamento do Estado. Algum petista apaixonado, e muito bem pago, pode até bater no peito e falar do PAC, mas o fato é que este, um mero conjunto de obras, não saiu do papel no Governo Lula e provavelmente não saíra também no Governo de sua empregada.
Talvez nem 20% das ambições iniciais tenham sido executadas, por mais que a imprensa se “esqueça” de abordar esse tema.
Em todas as áreas do Governo, Lula simplesmente deu continuidade ao trabalho de outros presidentes. Na economia, manteve a linha FHC; no social, seguiu Itamar; na arte de faturar cada ponto positivo, seguiu Getúlio... E assim, atravessou 8 anos sem identidade própria de governo, apesar de ter sua personalidade cada mais cultuada pela mídia.
Todo os espaço midiático negado a Brizola, Arraes e outros tantos líderes brasileiros, foram dados de mão beijada à Lula. Mesmo assim, no entanto, o Presidente não está satisfeito.
Ao que tudo indica teremos em breve uma liberdade tutelada. Sempre que alguém quiser publicar alguma coisa terá que pensar duas vezes, ponderar se o governo concorda ou não com tal matéria, artigo, ou mera expressão de opinião, para só então decidir se vale a pena publicar.
Já vivemos um período assim, entre 64 e 85 do século passado, que se convencionou chamar ditadura. Nos dias atuais, é evidente, a coisa vai ser feita de forma diferente. Com sorrisos, ao invés de cassetetes, e com aprovação dos “representantes do povo” no congresso nacional.
A grande pergunta que fica no ar é se a mídia em geral vai aderir ao conceito de “Mídia comunitária” e ficar caladinha em troca de generosos patrocínios ou se vai, de alguma forma, espernear, protestar ou até lutar contra o assassinato oficial da liberdade no Brasil.
Quem cala, consente. Já diz o velho ditado.
Vicente Portella
Um comentário:
"Lula deixa o poder oficialmente em dezembro, mas ficou bem claro, hoje, que continuara dando as cartas no próximo governo."
Quando digo que Dilma será mero fantoche não acreditam!
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