20.5.09

A Cesar o que é de Cesar

A cidade da música e a arte da futrica

Em terras brasileiras, mais especificamente em terras cariocas e fluminenses, qualquer investimento que exale algum aroma de cultura provoca a fúria de uma pequena, porém barulhenta e poderosa, parcela da sociedade. E isso vem de muito tempo. Os Cieps de Brizola foram exaustivamente marretados, os animadores culturais de Darcy Ribeiro, caçados – assim mesmo, com Ç – e o Guggenheim condenado ao limbo. Agora, os baluartes do atraso voltam seus canhões contra a Cidade da música.

Ao que parece há alguma lei, não escrita, proibindo o Rio de janeiro de retomar seu papel no panteon da cultura brasileira.

Como sempre, o argumento dos guerrilheiros do atraso é o preço, o custo da obra. Advogam um caráter sagrado para o dinheiro público quando a questão é investimento em cultura. Em outras áreas, não. Pode-se distribuir dinheiro público à vontade para empresas amigas e ONGs, pode-se afundar Estado e Município em aventuras privatistas danosas, inconseqüentes e, sobretudo, caríssimas, que ninguém levanta a voz para se opor. Principalmente no quesito publicidade. Mas, quanto à cultura, investir é proibido.

Graças à arte da futrica, esta mentalidade pré medieval, inspirada muito mais em interesses financeiros e políticos do que em qualquer outra coisa, o Rio de Janeiro vai submergindo cada vez mais em importância e qualidade de vida quando comparado a outras capitais brasileiras, principalmente São Paulo.

As campanhas patrocinadas aqui contra governantes que ousam governar pensando na cidade, tentam aniquilar nossas esperanças de desenvolvimento.

Além de tudo, como se não bastasse a pura e simples convicção arcaica nos impondo aspectos tribais de civilização, há ainda uma descarada desonestidade política. Na falta de argumentos minimamente sustentáveis, acusa-se. Agride-se. Tenta-se mergulhar no lamaçal nacional o nome dos poucos governantes que insistem em trabalhar de maneira qualificada.

Pode-se dizer o que quiser do Prefeito Cesar Maia, pode-se até nem ser seu eleitor preferencial, mas em 16 anos à frente da Prefeitura do Rio nunca se viu seu nome envolvido em fraudes, mutretas, escaramuças ou maracutaias, mas todas as vezes em que o governante tentou investir em cultura foi trucidado pela imprensa. Mesmo agora, fora do exercício do cargo, tentam transformar problemas comuns em qualquer obra de grande porte em provas irrefutáveis de corrupção. Fazem isso ao mesmo tempo em que impõem a segregação social e marginalizam os pobres, como faziam os líderes nazistas. Pobreza de espírito, manipulação e, acima de tudo, covardia. Em ambas as ações.

Como dizia Chateaubriand, os agentes desta campanha são índios botocudos trepados em árvores, apontando suas flechas contra o desenvolvimento. Prontos a atacar sempre que haja uma ameaça de processo civilizatório pairando no ar, pois é no caos que residem seus lucros.

A população, como um todo, não partilha de seus toscos sentimentos, daí a necessidade de estampar exaustivamente suas agressões na mídia, esperançosos de que possam, assim, convencer alguém de seus pequenérrimos propósitos.

Mas o Rio de janeiro, sabemos, é bem maior que tudo isso. Já em 2010 o povo dará uma resposta a essa gente. Ou é isso ou estaremos fadados a assistir a construção de um império do atraso diante de nossos olhos. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Se Chateaubriand tivesse dito isso hoje, seria TÃO atual quanto a época, né não?

'Fazem isso ao mesmo tempo em que impõem a segregação social e marginalizam os pobres, como faziam os líderes nazistas. Pobreza de espírito, manipulação e, acima de tudo, covardia.'

EU não teria escrito melhor. Dá uma caneta que eu assino junto!

Do texto todo!

bjooooooooo

Vicente Portella disse...

Valeu Atrê.
Beijão pra vc meu anjo